Apesar da maior dificuldade para encontrar profissionais, executivos estão confiantes no crescimento dos negócios (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2010 às 14h41.
São Paulo – O apagão de talentos, tão falado ultimamente por gestores de recursos humanos, está maior na área financeira das empresas. Esta é a conclusão é de um levantamento feito pela consultoria Robert Half, com mais de 6.300 líderes de 19 países, incluindo o Brasil. A demanda por profissionais de finanças subiu de 56%, em 2009, para 59% em 2010. Esta é a primeira vez, desde 2006, que a procura cresceu.
Segundo Mário Custódio, especialista em recrutamento da divisão de Mercado Financeiro da Robert Half, esse aumento de demanda ocorreu em todos os níveis de hierarquia e a tendência é de continuar crescendo. “O mercado, no Brasil, mostrou que não houve impacto da crise de forma significativa. A maioria das empresas multinacionais voltou a contratar e essa necessidade é por novas pessoas, não é para substituir vagas existentes”, afirma.
Custódio explica que a dificuldade para preencher as posições no setor existe devido à falta de pessoas qualificadas para os cargos, somada ao crescimento das exigências dos recrutadores, como a fluência no inglês e cursos de especialização. Diante desse problema, os gestores têm investido em treinamentos e no desenvolvimento dos funcionários atuais e nos que estão entrando no mercado, também uma forma de reter a mão-de-obra e qualificá-la ainda mais.
“A solução é essa: investir em profissionais em início de carreira para que possam crescer e ganhar responsabilidades dentro da empresa. Se as companhias não fizerem isso, elas não terão mais bons funcionários”, diz Custódio. Ele considera, ainda, que essa política é a melhor forma de reter os trabalhadores na empresa e evitar que eles escapem para a concorrência.
No Brasil, a preocupação para reter os profissionais é maior do que nos outros países, segundo a pesquisa. Enquanto 76% dos executivos brasileiros responderam que estão empenhados para cumprir esse objetivo, nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 28% pensam da mesma forma. A média dessa preocupação entre os países participantes da pesquisa foi de 45% neste ano, enquanto, em 2009, o índice foi de 53%.
Apesar da dificuldade com a retenção e o aumento da demanda de profissionais, o levantamento revelou também que os executivos estão confiantes em relação ao crescimento dos negócios. O Brasil é o campeão em otimismo, com 98% das respostas. A média de confiança entre os países ainda é alta, de 83%. O especialista Márcio Custódio avalia que o dado mostra um sentimento coletivo de que o pior já passou. Em relação ao Brasil, a sensação é de que o país tem uma economia forte e não há o que temer. “A confiança se dá pelo empirismo. Se num período onde houve uma crise lá fora, a economia continuou rodando bem e, olhando para frente, você vê setores com grande volume de investimentos, a confiança só aumenta”.