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De imigrante a CEO: a francesa que quer revolucionar o ensino de idiomas

Alexandrine Brami trocou a França pelo Brasil e criou a Lingopass, startup que ensina idiomas para empresas. Agora, com IA e personalização, quer escalar o negócio e transformar o aprendizado corporativo

Alexandrine Brami, fundadora da Lingopass: "Nosso maior desafio não é ensinar gramática, é garantir que as pessoas continuem estudando" (Jerôme Sainte Rose/Divulgação)

Alexandrine Brami, fundadora da Lingopass: "Nosso maior desafio não é ensinar gramática, é garantir que as pessoas continuem estudando" (Jerôme Sainte Rose/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 1 de março de 2025 às 08h15.

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O mercado de educação corporativa em idiomas tem crescido no Brasil, impulsionado pela necessidade de empresas capacitarem funcionários para operar globalmente. A Lingopass, plataforma especializada no ensino de idiomas para empresas, vem ganhando espaço nesse setor.

A startup de tecnologia, fundada por Alexandrine Brami, aposta na personalização e no uso de inteligência artificial para otimizar o aprendizado e manter o engajamento dos alunos. Com um crescimento de 343% em receita líquida operacional entre 2022 e 2023, a empresa ficou na 6ª posição no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024, na categoria de empresas com receita entre 2 e 5 milhões de reais.

Mas como a Lingopass chegou até aqui?

"Eu não imaginava ser empreendedora", diz Brami.

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Da França para o Brasil e do ensino à tecnologia

Nascida na França, Alexandrine Brami veio de uma família sem formação acadêmica. "Meus pais não têm diploma, mas a educação sempre foi prioridade. O governo francês subsidiava 100% do ensino, e isso me abriu portas", conta.

Ela se formou em Economia e Sociologia e fez mestrado em Ciências Políticas na École Normale Supérieure, instituição que prepara professores universitários e pesquisadores. O plano era seguir na carreira acadêmica e conquistar um posto no Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) até os 30 anos.

Mas em 2001, Brami recebeu um convite para vir ao Brasil fortalecer parcerias entre universidades francesas e instituições como PUC, USP e FGV. Ela aceitou e se mudou para São Paulo.

No Brasil, começou a preparar estudantes para ingressar em universidades francesas, mas encontrou um obstáculo imediato: ela não falava português, e seus alunos não falavam francês. "Eu só sabia duas palavras: saudade e cafuné", brinca.

A necessidade a fez criar uma metodologia acelerada de aprendizado. Foi o embrião do que mais tarde se tornaria a Lingopass.

O empreendedorismo surgiu quando, em 2005, Brami assistiu a uma palestra de Benjamin Steinbruch, da CSN, sobre sua trajetória no setor siderúrgico. "Eu me perguntei: por que não tentar construir algo também?"

Em 2007, ela largou a carreira acadêmica e fundou sua primeira empresa de educação.

A virada na pandemia: do B2C para o B2B

Até 2020, a Lingopass operava no mercado B2C, oferecendo cursos diretos para estudantes. A pandemia acelerou a digitalização e abriu uma nova oportunidade: atender empresas.

"Em seis meses, o mercado mudou. Os concorrentes no B2C aumentaram investimentos em digitalização e publicidade. Sabíamos que precisaríamos pivotar", diz Brami.

O primeiro contrato no modelo B2B, com vendas para outras empresas, veio em 2021, com uma multinacional do setor de petróleo. A partir daí, a empresa expandiu seu portfólio para outras grandes corporações e também para o setor público. Hoje, 85% dos alunos estudam inglês, seguidos por espanhol, francês e português para estrangeiros.

O crescimento foi rápido. Em 2021, a Lingopass faturava pouco mais de 1 milhão de reais. Dois anos depois, em 2023, a empresa fechou com 4,8 milhões de reais em receita líquida operacional, um aumento de 343%.

Diferencial: IA, personalização e gestão de desempenho

No ensino de idiomas corporativo, um dos principais desafios é manter o engajamento dos funcionários. Para resolver esse problema, a Lingopass investiu em inteligência artificial e personalização.

"Nosso maior desafio não é ensinar gramática, é garantir que as pessoas continuem estudando", diz Brami.

A empresa criou um sistema que ajusta trilhas de aprendizado com base em dados de comportamento dos alunos. O principal diferencial é o Teachbot, um assistente virtual que adapta a comunicação ao perfil de cada estudante.

"Percebemos que o engajamento não depende de idade, escolaridade ou nacionalidade, mas sim do perfil de personalidade e da motivação do aluno", explica.

Além disso, a Lingopass oferece um dashboard interativo para gestores, que permite acompanhar a evolução dos funcionários, analisar indicadores de desempenho e definir metas personalizadas.

"Quem aprende um novo idioma rapidamente demonstra uma capacidade maior de adquirir qualquer outra habilidade. O dashboard ajuda a identificar esses talentos", afirma Brami.

Expansão e planos para 2025

A Lingopass projeta um crescimento ainda maior para 2025. Entre as prioridades do ano estão:

  • Lançamento do mandarim como nova língua disponível na plataforma.
  • Expansão do Teachbot para setores como turismo e saúde.
  • Abertura de uma nova rodada de investimentos (Series A).
  • Crescimento da equipe, que hoje tem 55 funcionários fixos e 50 professores e tutores.

Desde 2022, a startup conta com o apoio da Domo Invest, um dos principais fundos de investimento em startups B2B no Brasil. Além disso, a Lingopass passou por programas de aceleração da Endeavor, EY, AWS e Fundo Vale, fortalecendo sua estrutura para escalar ainda mais.

A empresa também mantém iniciativas sociais. Pelo programa Empowering Talents, para cada quatro licenças vendidas, a Lingopass doa uma bolsa para jovens de baixa renda, refugiados e pessoas privadas de liberdade.

"O Brasil me deu a chance de construir algo que impacta vidas. Quero devolver isso, ajudando dois milhões de talentos que hoje estão excluídos ou mal inseridos no mercado de trabalho", diz Brami.

O que é o ranking EXAME Negócios em Expansão

O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.

Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.

A edição 2025 já está com inscrições abertas. A participação é 100% gratuita. As inscrições vão até 5 de maio, mas quem concluir o cadastro antes de 31 de março ganhará o acesso a uma trilha de conteúdos online dedicados a empreendedores dentro da plataforma LIT, da escola de negócios Saint Paul, que faz parte do ecossistema da EXAME.

Entre os conteúdos estão inteligência artificial, sustentabilidade corporativa, gestão de times de alta performance, capital de giro e gestão do fluxo de caixa, marketing digital e cenário econômico.

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