Negócios

De carro voador a satélite: os 7 novos negócios da cinquentenária Embraer

Depois de decidir vender sua divisão de jatos comerciais de até 150 lugares à americana Boeing, a companhia brasileira corre para se reinventar

Fábrica da Embraer: a nova empresa deve investir em negócios ligados a cidades inteligentes e internet das coisas (Germano Lühders/Exame)

Fábrica da Embraer: a nova empresa deve investir em negócios ligados a cidades inteligentes e internet das coisas (Germano Lühders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2019 às 09h49.

Última atualização em 19 de agosto de 2019 às 16h04.

A fabricante brasileira de aviões Embraer completa 50 anos nesta segunda-feira, 19 de agosto, em meio a uma grande transformação. Depois de decidir vender sua divisão mais lucrativa e líder mundial no segmento — a de jatos comerciais de até 150 lugares — à americana Boeing, em meio a um acirramento da concorrência que poderia tirá-la do jogo, a Embraer corre para se reinventar.

Nas últimas semanas, EXAME entrevistou duas dezenas de executivos, funcionários, investidores e especialistas e visitou as três fábricas paulistas e algumas das subsidiárias que permanecerão com a Embraer para contar como será o futuro da companhia. Os detalhes desta transformação estão numa reportagem especial publicada na atual edição de EXAME.

A companhia foi criada pelo Ministério da Aeronáutica, em 1969, para transformar o projeto do avião turboélice Bandeirante em realidade. Durante a forte recessão que o país sofreu no início da década de 90, a Embraer quase quebrou e acabou sendo privatizada, em 1994, e usou os recursos para embarcar num novo projeto, o bimotor a jato ERJ-145.

No início dos anos 2000, com um novo programa de jatos comerciais de médio porte, os E-Jets, e o lançamento de três famílias de aviões executivos (Legacy, Phenom e Lineage), a Embraer tornou-se a terceira maior fabricante do mundo, atrás apenas da Boeing e da francesa Airbus — no ano passado, entregou 181 jatos.

Na transação com a Boeing, a divisão de jatos comerciais — englobando o complexo da Faria Lima, o centro logístico de Taubaté, a subsidiária de equipamentos Eleb e a fábrica de peças em Évora, Portugal — vai ser transferida para uma sociedade chamada Boeing Brasil-Commercial, na qual a americana terá 80% de participação e a Embraer 20%.

Outra sociedade será estabelecida para a comercialização do cargueiro militar KC-390, lançado neste ano, com participação de 51% da brasileira e 49% da Boeing. A Embraer que fica de fora da negociação também cuidará da fabricação de jatos executivos, e de uma infinidade de novos negõcios.

A nova empresa ainda aguarda a aprovação de órgãos de defesa da concorrência no Brasil e nos EUA. Mas se prepara para nascer com lançamentos nas divisões de aeronaves executiva e militar. São projetos que nos últimos anos consumiram investimentos, contribuindo para o declínio das margens de lucro, mas agora tendem a engordar o faturamento.

O esperado aumento das vendas e o envelhecimento dos aviões em operação devem acelerar a expansão da área de assistência técnica, um negócio que respondeu por 20% da receita no ano passado. Com 80 centros de serviços próprios ou autorizados no mundo, a Embraer oferece reparos de aviões de qualquer tipo e marca.

Na aviação executiva, a grande novidade é o jato Praetor, lançado no fim do ano passado em duas versões. A maior comporta até 12 passageiros e tem alcance intercontinental de 7 223 quilômetros, o suficiente para ligar Nova York a Londres. Custa 21 milhões de dólares.

A Embraer espera ampliar o mercado a partir de agora com a influência da Boeing nas nações aliadas dos Estados Unidos. Portugal já anunciou que comprará cinco KC-390 por 3,4 bilhões de reais. Um trunfo da Embraer tende a ser uma venda combinada com seu sistema de radares e monitoramento de fronteiras, a exemplo do Sisfron, implementado por sua subsidiária Savis no Brasil.

Para além da segurança, a nova Embraer deve investir pesadamente em negócios ligados a cidades inteligentes e internet das coisas. A companhia anunciou em maio um acordo com a fabricante de motores WEG para desenvolver uma versão do Ipanema, avião agrícola com propulsão elétrica.

O primeiro protótipo deverá decolar em 2020. Em junho, a subsidiária de mobilidade urbana EmbraerX apresentou, junto com a empresa de transporte compartilhado americana Uber, o eVTOL (veículo de decolagem e aterrissagem vertical, na sigla em inglês), que pode ganhar os ares das cidades em cinco anos como uma espécie de carro voador.

Muitos dos programas criados com objetivo militar estão sendo adaptados para uso civil, abrindo novas frentes de negócio para a empresa. Os que monitoram e conectam veículos podem servir às empresas que gerem frotas. Ou para fazer os aparelhos eletrônicos de uma casa se comunicar. É a chamada internet das coisas. As tecnologias de monitoramento podem ter uso na segurança pública.

A subsidiária Visiona, uma parceria com a Telebras que já desenvolveu um satélite de defesa e comunicações brasileiro lançado em 2017, agora trabalha para colocar em órbita no início do ano que vem o primeiro de pelo menos nove nanossatélites. Com câmeras voltadas para o Brasil, eles vão coletar dados para agricultura e monitoramento de barragens. É a senha para embarcar no promissor mercado espacial, que reúne empresas como a Space-X, do americano Elon Musk, dono da montadora Tesla.

Abaixo, um resumo dos sete novos — e ambiciosos — negócios da companhia que ficou de for do negócio com a Boeing. São eles que devem definir os rumos da empresa em sua vida aos 50.

Veja a reportagem completa sobre a nova Embraer na EXAME desta quinzena, disponível nas bancas, no aplicativo (iPhone e Android) e no site EXAME (acesso exclusivo para assinantes)
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