Exame de coronavírus: novas tecnologias eliminam fase de extração, que enfreta falta de insumos (Jasni Ulak / EyeEm/Getty Images)
Mariana Desidério
Publicado em 17 de junho de 2020 às 10h42.
A empresa de medicina diagnóstica Dasa lança na semana que vem um exame para detecção do novo coronavírus que permite multiplicar a capacidade de testagem da empresa. Uma segunda tecnologia está em fase final de avaliação pela empresa. Hoje a Dasa realiza 35 mil testes de covid-19 por dia; com as novas tecnologias, a expectativa é chegar a 120 mil testes diários.
Os exames detectam a presença do vírus no organismo, ou seja, identificam se a pessoa está com a doença. A grande vantagem desses novos exames é que eles eliminam a necessidade da extração do material genético da amostra coletada.
“A escassez de material para a fase extração é hoje um grande limitador para a expansão da capacidade de testagem para a covid-19 em todo o mundo. Nosso foco foi trazer tecnologias que não precisassem dessa etapa”, afirma Gustavo Campana, diretor-médico da Dasa.
A primeira tecnologia foi desenvolvida pela startup de biotecnologia sediada na Califórnia (Estados Unidos) Billion to One. O teste usa um método de sequenciamento chamado Sanger e vai adicionar mais 3 mil diagnósticos por equipamento na capacidade diária de processamento da empresa, já a partir da próxima semana. A tecnologia com o método Sanger já foi testada pela Dasa.
A empresa testa agora uma segunda tecnologia, desenvolvida pela CASPR Biotech, uma startup argentina sediada nos Estados Unidos. O método usa a CRISPR, uma inovadora técnica de edição genética que é capaz de detectar o vírus em até uma hora, o que também ajudará a multiplicar a capacidade de testagem da companhia.
A coleta de material para análise dos dos novos testes é a igual à já realizada no teste RT-PCR, a partir de secreção do nariz e da garganta. O resultado também é igual, com três possíveis desfechos: detectado, não-detectado e indeterminado, sendo que o último exige a realização de um novo exame.
A Dasa trabalha atualmente com dois tipos de exame: o RT-PCR, que detecta a presença do vírus no corpo, e o exame sorológico, com coleta de sangue, que identifica se a pessoa foi exposta de alguma forma ao vírus e tem anticorpos contra a doença. A empresa não trabalha com testes rápidos. “Avaliamos que o teste rápido, tem menor desempenho e está mais sujeito a erro. Por isso optamos por não fazer”, afirma Campanha.
Até agora, a companhia realizou 500 mil testes de coronavírus no país. Com as novas tecnologias, a expectativa é que esse número cresça de forma acelerada. A falta de testes é um grande entrave para a avaliação da real situação da pandemia no Brasil e para o planejamento da reabertura da economia.
A Dasa tem uma parceria com o Ministério da Saúde, pela qual se comprometeu a fazer 3 milhões de exames de covid-19 no prazo de seis meses. Para isso, ergueu um laboratório emergencial em Barueri (SP), que atualmente tem capacidade para realizar 3.000 testes diários. A meta é chegar a 30.000 testes por dia. As novas tecnologias disponíveis para a empresa agora serão apresentadas ao Ministério da Saúde para avaliação sobre sua utilização neste laboratório.