Oi: área técnica da CVM apresentou relatório com críticas ao acordo fechado entre Oi e Portugal Telecom (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 19h58.
Rio - Após diversos questionamentos à Oi, a área técnica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apresentou relatório com críticas ao acordo fechado entre a companhia e a Portugal Telecom (PT), em julho, para solucionar o problema entre as empresas após calote de 897 milhões de euros tomado tele portuguesa.
No documento, a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) foi contrária a alguns pontos da negociação, que precisa do aval da CVM para ter validade.
O relatório da área técnica está agora nas mãos do Colegiado, instância máxima da CVM, que é quem dará a palavra final.
Ainda não há data para o julgamento, mas a Oi tem pressa para que ocorra, uma vez que o acordo tem validade até 31 de março.
Caso não seja aprovado até a data, a solução apresentada pelas duas companhias pode voltar à estaca zero.
Apesar das críticas, a avaliação na Oi sobre o posicionamento da SEP é positiva, disse ao jornal "O Estado de S. Paulo" uma fonte próxima à companhia.
Isso porque o processo avançou e a empresa recebeu posicionamento favorável a pontos considerados importantes.
A visão é de que, no caso do que foi criticado, a tele tem "bons argumentos" a apresentar o Colegiado.
Aval da CVM
Em meio ao processo de fusão com a Oi, a PT comprou papéis comerciais da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo (GES), num total de 897 milhões de euros, valor que não foi pago.
Para manter a fusão após o calote dado na PT, as empresas acertaram que a empresa portuguesa entregaria ações da Oi à brasileira e receberia os títulos podres.
Com isso, a fatia da PT na companhia caiu de 37,3% para 25,6%. A portuguesa recebeu a opção de recomprar essas ações em seis anos.
Um dos motivos da necessidade de aval da CVM é que, no momento da troca, a Oi terá em tesouraria quantidade de papéis superior ao limite de 10% de seu capital. Esse ponto, um dos mais importantes na visão da Oi, foi aprovado pela área técnica.
Mas a tele brasileira quer ter a opção de poder se desfazer das ações, sem a necessidade de mantê-las em tesouraria durante os seis anos que a PT tem para recomprá-las. A área técnica vê riscos financeiros à companhia.
A SEP destacou que o objetivo da norma "é a proteção das finanças da companhia, bem como evitar que se possa especular com derivativos sem a devida cobertura", diz o documento, obtido pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Outro ponto em discussão é se a PT SGPS, dona de 25,6% da Oi, é controladora da companhia.
A tele brasileira argumenta que não, a área técnica entende que sim. Diante disso, a Oi pede que seja permitida a compra de ações do acionista controlador, o que é vedado pela legislação. Para a Oi, o que está sendo entregue à PT são títulos podres, enquanto a empresa receberá ações. O que aponta que não haveria prejuízos aos acionistas.
A área técnica vê vantagens no acordo para a suposta controladora, a PT.
"Apesar das veementes negativas, parece bastante evidente que há vários elementos que beneficiam a PT SGPS."
Um dos exemplos citados de benefício é a possibilidade de recompor a base acionária perdida em até seis anos, preservando as condições de preço.
Foi feita a recomendação de que, caso o colegiado dê sinal verde para os pedidos da Oi, que os temas levantados sejam levados à deliberação em assembleia da companhia brasileira.
O único empecilho que a Oi vê nesse pedido é o prazo curto que tem para aprovar o negócio.