Negócios

Crises, fusões e escândalos: 11 empresas que trocaram o presidente em 2019

Outras empresas viram seus presidentes deixarem o cargo por razões pessoais e enfrentam o desafio de substituí-los à altura

A saída do fundador Adam Neumann do cargo de CEO foi o clímax da crise da WeWork (Michael Kovac/Getty Images)

A saída do fundador Adam Neumann do cargo de CEO foi o clímax da crise da WeWork (Michael Kovac/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 7 de dezembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 7 de dezembro de 2019 às 09h00.

O ano de 2019 foi bastante agitado para diversas empresas nacionais e internacionais. Entre crises, operações de fusões e aquisições e escândalos, muitas companhias tiveram que mudar sua liderança durante o ano. Outras empresas viram seus presidentes deixarem o cargo por razões pessoais e agora enfrentam o desafio de substituí-los à altura.

Confira abaixo 11 empresas que trocaram de presidente durante o ano de 2019.

Vale

Após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, MG, que deixou centenas de mortos e desaparecidos, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, e três diretores da mineradora solicitaram em março o afastamento temporário do comando da companhia.

Desde abril, a mineradora é liderada por Eduardo Bartolomeo. Na ocasião, Bartolomeo escreveu, em carta, que a empresa passa pelo seu momento mais desafiador. "Vamos trabalhar incansavelmente para garantir a segurança das pessoas e das operações da empresa. Jamais esqueceremos Brumadinho e não mediremos esforços para atenuar o sofrimento e reparar as perdas das comunidades impactadas", afirmou o novo diretor-presidente, em nota.

Quando Fabio Schvartsman assumiu o comando da Vale em 2017, ele afirmou que seu lema seria “Mariana nunca mais”.

Renner

Após 26 à frente do negócio, José Galló passou o bastão para o então diretor de produto, Fábio Faccio, em abril. Quando Galló assumiu a Renner, em 1992, a varejista gaúcha tinha oito lojas e 800 funcionários. Hoje, tem mais de 500 lojas, 19.000 funcionários e vale mais de 31 bilhões de reais na bolsa

Enquanto Galló tem novos planos, como a startup de delivery Delivery Center Holding, a Renner investirá 600 milhões de reais em um novo centro de distribuição para acelerar a logística.

Embraer

Com 50 anos completados em agosto, a Embraer está de mudança. A empresa de aviação mudou de sede, depois de decidir vender sua divisão mais lucrativa e líder mundial no segmento — a de jatos comerciais de até 150 lugares — à americana Boeing, em meio a um acirramento da concorrência que poderia tirá-la do jogo.

Paulo Cesar de Souza e Silva, então presidente e CEO da companhia, deixou o cargo e foi substituído por Francisco Gomes Neto, então presidente da Marcopolo. Se era inevitável, o negócio com a Boeing exigiu uma costura difícil entre executivos e o governo brasileiro. Agora é mostrar que, apesar de ter perdido 50% da receita, a Embraer que fica é a empresa certa, na hora certa.

Correios

Por se mostrar contrário à privatização dos Correios, o general Juarez Cunha foi demitido do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro. Em seu lugar, entrou Floriano Peixoto em junho.  Durante uma audiência pública no Congresso, Juarez se posicionou contra a privatização e posou para foto com parlamentares da oposição. Para Bolsonaro, foi uma “atitude de sindicalista”. 

Os Correios devem liderar os esforços do programa de privatização do governo. Entre as justificativas para privatizar os Correios, estão ineficiência, brechas para corrupção e greves constantes. No entanto, não será um processo fácil ou rápido, já que depende do aval do congresso e é um assunto controverso. 

Kraft Heinz

Depois de resultados abaixo do esperado, a fabricante de alimentos Kraft Heinz mudou seu comando mundial. O executivo brasileiro Bernardo Hees deixou o posto e o português Miguel Patrício assumiu a nova função no dia 1º de julho. A gigante encerrou 2018 com receita global de US$ 26,2 bilhões, praticamente estável em relação a 2017, e prejuízo de U$ 10,3 bilhões no ano. 

Patricio tem um enorme desafio nas mãos: reerguer a companhia que ficou parada no século 20. A mudança é que a empresa precisa inovar, buscar o mercado premium e ouvir o consumidor, afirmou ele em um post no LinkedIn. Inovação e proximidade com o cliente não são estratégias originais, mas podem ser exatamente o que a companhia precisa. 

WeWork

A saída do fundador Adam Neumann do cargo de CEO da empresa de aluguel de escritórios vfoi o clímax de uma crise que levou a empresa a perder bilhões em valor de mercado. Em setembro, Neumann deixou o cargo pressionado pelo maior acionista da empresa, o conglomerado japonês Softbank, levando em troca um pagamento de 1,7 bilhão de dólares

Depois da fracassada tentativa de fazer uma oferta inicial de ações (IPO, em inglês), que deveria ter acontecido em setembro, a empresa corre o risco de ficar sem caixa. De mercado de 47 bilhões de dólares, o valuation caiu para 8 bilhões de dólares. A WeWork anunciou que vai demitir cerca de 2.400 funcionários no mundo, em estratégia de redução de custos para estabilizar sua operação de escritórios compartilhados.

Under Armour

Em meio a uma reestruturação, a companhia de roupas esportivas Under Armour mudou sua liderança. A empresa anunciou em outubro que o CEO e fundador Kevin Plank deixa o cargo e será substituído a partir de janeiro pelo diretor de operações, Patrik Frisk.

A companhia enfrenta dificuldades em seu principal mercado, os Estados Unidos, por manter o foco em produtos de alta performance esportiva, enquanto competidores apostam em linhas casuais de tênis para seguir a tendência de moda de rua. Kevin Plank, com 47 anos, fundou a Under Armour no porão da casa de sua avó em 1996. Ao longo dos anos, a então pequena fabricante de roupas se tornou uma marca global com vendas de 5 bilhões de dólares anuais. 

McDonald's

Enquanto batalha para manter a relevância para os consumidores em meio a intensas mudanças no mercado de fast food, o McDonald’s sofreu um novo revés em novembro. A rede de restaurantes anunciou a demissão de seu CEO global, Steve Easterbrook, por violar as políticas internas da empresa ao manter um relacionamento com uma funcionária.

Em e-mail aos funcionários, Easterbrook afirmou que cometeu um erro. “De acordo com os valores da companhia, eu concordo com o conselho que é o momento para seguir em frente”, escreveu ele. O impacto imediato para o McDonald’s foi bilionário: em apenas um dia a companhia perdeu 3 bilhões de dólares em valor de mercado. Desde então, no entanto, a empresa se recuperou na bolsa e voltou a um valor de 147 bilhões de dólares. 

Ambev

Em novembro, a Ambev anunciou que o presidente-executivo da companhia, Bernardo Paiva, decidiu deixar a maior cervejaria da América Latina para buscar projetos pessoais. O posto passou a ser ocupado pelo então diretor de vendas e marketing, Jean Jereissati Neto, que acumulará a função a partir de 1° de janeiro de 2020.

A passagem de bastão caseira é uma tradição nos últimos 30 anos da cervejaria. O desafio de Jereissati vai ser mostrar que a cultura de gestão Ambev ainda é capaz de dar respostas a novos desafios, puxados por mudanças de hábitos no consumo, de um lado, e por novas demandas para recrutar e promover funcionários, de outro.

Braskem

A petroquímica Braskem anunciou que seu presidente, Fernando Musa, deixou a liderança da companhia em dezembro deste ano. O executivo foi substituído pelo presidente do conselho de administração da Braskem, Roberto Simões, que está na empresa desde 1994. Musa, que estava na presidência desde 2016, havia recebido críticas da Petrobras, segunda maior acionista da Braskem atrás da controladora Odebrecht, e que teria pedido à empresa a saída do executivo.

As insatisfações da Petrobras diziam respeito à crise com uma mina de sal-gema, matéria-prima usada na produção de plástico, em Alagoas. O complexo está no centro de um debate sobre as possíveis causas de rachaduras em casas do bairro de Pinheiro, na capital alagoana, onde centenas famílias foram removidas pela Defesa Civil. A Braskem anunciou o fechamento da mina em junho deste ano, conforme antecipado por EXAME, por entender que não há “mais licença social para operar” no local.

Alphabet

A troca mais recente na liderança representa o fim de uma era para as empresas de tecnologia. O Google e sua empresa mãe, a Alphabet, entrarão em uma nova fase. Larry Page e Sergey Brin, que começaram a empresa em um dormitório na Universidade de Stanford em 1998, estão deixando o papel de CEO e presidente 21 anos depois. Em seu lugar, ficará Sundar Pichai, atualmente CEO do Google, que assumirá esse papel também na Alphabet. 

No Google, Pichai passou por produtos de sucesso como o navegador Chrome, o pacote Drive, o Gmail e o navegador Android. São produtos tidos por investidores como os esteios de uma companhia que, impulsionada por seus fundadores, passou a apostar em negócios de risco (e caros), como drones, carros autônomos, balões para levar internet a áreas remotas e lentes inteligentes.

Sob sua direção, investidores esperam uma Alphabet com mais cara de Google.

 

Acompanhe tudo sobre:AlphabetAmbevBraskemCorreiosEmbraerExecutivosKraft HeinzMcDonald'sPresidentes de empresaRennerUnder ArmourValeWeWork

Mais de Negócios

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU