Repórter de Negócios
Publicado em 7 de agosto de 2024 às 10h19.
O número de franquias brasileiras no exterior cresceu e encolheu em 2023. O número de operações subiu 26,3%, chegando a 2.175 unidades, de acordo com pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). Porém, o mesmo estudo mostra que o número de marcas brasileiras no exterior registrou queda no último ano, passando de 213 para 205 marcas.
O levantamento considera todos os modelos de operação internacional: unidades próprias, franqueadas, master franchising, desenvolvedor de área, exportação e joint ventures.
O número de unidades e marcas diminui nos Estados Unidos, que segue como principal destino das franquias brasileiras. O grande destaque positivo foi Portugal, que cresceu em número de marcas e unidades.
Os segmentos de Saúde, beleza e bem-estar e Moda, que lideram a presença internacional, também tiveram pequena retração no último ano. (Veja os quadros abaixo).
A ABF afirma que o número de operações avançou em meio ao crescimento da digitalização do setor e amadurecimento das empresas com a pandemia, o que permitiu a gestão de negócios a distância.
“De forma geral, o plano de expansão internacional das franquias brasileiras está mais cuidadoso. Há busca por consultoria e entendimento de que se trata de um processo de mais médio e longo prazos. Essa postura, ainda mais depois dos anos difíceis da pandemia, trouxe frutos importantes na expansão, especialmente na América Latina”, diz o presidente da ABF, Tom Moreira Leite.
Por outro lado, a associação afirma que a queda no número de marcas brasileiras no exterior reflete mudanças pontuais na estratégia de expansão de algumas franquias e cita o próprio aquecimento do mercado interno como fator a ser considerado.
Mesmo com um 2023 desafiador para o varejo, as franquias crescem 14,3% e faturam R$ 240 bilhões. No primeiro trimestre de 2024, mais um crescimento de dois dígitos: 19,1%, e receita de R$ 60,5 bilhões. "Algumas redes decidiram focar seus esforços no mercado nacional", diz o estudo.
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A internacionalização é recomendada para um modelo de franquia que esteja consolido e testado em diferentes regiões do país.
“É necessário também uma maior maturidade de gestão, afinal gerir um negócio em outro país é mais complexo, e também capacidade financeira, visto que se trata de um processo mais oneroso e demorado”, diz Natan Baril, diretor Internacional da ABF.
O diretor destaca a entrada em novos mercados, o ganho de escala e faturamento em moeda forte como pontos positivos do processo de internacionalização. Entretanto, o bom resultado no exterior depende da tomada de risco e altos investimentos.
“Gerenciar um parceiro a distância também é um desafio, mas agora contamos com uma digitalização maior no setor, o que certamente ajuda”, diz Baril.
Quem vê o sucesso da Chilli Beans, marca brasileira de óculos, relógios e acessórios, com as suas mais de 1.400 lojas, não imagina os perrengues que a rede sofreu no primeiro movimento de ir para fora. "Não é difícil abrir lojas fora do Brasil, o desafio é ter uma operação sólida e rentável", diz o fundador Caito Maia.
Em 2005, a rede de franquias decidiu abrir a primeira loja em Lisboa, Portugal, passo que é visto hoje como prematuro pelo fundador da marca. Com mais anos de estrada, Maia acredita que o empreendedor deve extrair todas as oportunidades do mercado local antes de se aventurar em novas regiões.
"A operação internacional drena muito dinheiro e pode tirar o foco." Neste processo, a Chilli Beans fechou algumas lojas e deixou a internacionalização em banho-maria por alguns anos.
De 2020 para cá, com maior maturidade e conhecimento, a coisa mudou e a rede inaugurou 40 lojas, contabilizando 50 unidades em 12 países. Quem toca as lojas são empreendedores nativos, com experiência em varejo e no setor de franquias, de acordo com Maia.
A meta é ter 100 franquias internacionais no médio prazo, aumentando a participação externa para 10% na receita total — no ano passado, a divisão representou 5% do faturamento de 1,2 bilhão de reais.
Países da América Latina e Oriente Médio se destacam no crescimento do número de unidades. Confira os 20 países com mais franquias brasileiras:
Países | 2022 | 2023 | VAR (%) |
Portugal | 266 | 272 | 2% |
México | 122 | 249 | 104% |
Argentina | 161 | 204 | 27% |
Estados Unidos | 190 | 143 | -25% |
Colômbia | 146 | 130 | -11% |
Paraguai | 130 | 113 | -13% |
Espanha | 88 | 110 | 25% |
Austrália | 50 | 84 | 68% |
Chile | 42 | 55 | 31% |
Bolívia | 39 | 48 | 23% |
Equador | 34 | 46 | 35% |
Peru | 30 | 43 | 43% |
Emirados Árabes Unidos | 23 | 42 | 83% |
Arábia Saudita | 18 | 41 | 128% |
Panamá | 46 | 40 | -13% |
Guatemala | 33 | 33 | 0% |
Uruguai | 27 | 33 | 22% |
França | 11 | 32 | 191% |
Angola | 28 | 31 | 11% |
Canadá | 17 | 23 | 35% |
Estados Unidos teve uma leve queda, enquanto Portugal registrou um aumento significativo do número de marcas brasileiras. Conheça os 10 países com mais marcas brasileiras:
Países | 2022 | 2023 |
Estados Unidos | 78 | 76 |
Portugal | 56 | 71 |
Paraguai | 46 | 54 |
Bolívia | 27 | 28 |
Chile | 23 | 25 |
Colômbia | 23 | 24 |
Uruguai | 22 | 24 |
México | 21 | 24 |
Argentina | 20 | 19 |
Espanha | 19 | 19 |
Saúde, beleza e bem-estar e Moda seguem na liderança de segmentos com maior presença internacional, apesar da queda em 2023. Ambos com uma pequena redução de 40 para 39 redes.
Em seguida aparece o segmento de Alimentação, com uma expansão de 32 para 36 marcas, e Educação, com 22 marcas, ante 26 do levantamento anterior. Veja o ranking completo:
Segmento | 2022 | 2023 |
Saúde, beleza e bem-estar | 40 | 39 |
Moda | 40 | 39 |
Serviços de alimentação | 32 | 36 |
Serviços educacionais | 22 | 26 |
Serviços e outros negócios | 21 | 19 |
Casa e Edifício | 20 | 23 |
Comunicação, Informática e Eletrônica | 7 | 9 |
Hotelaria e Turismo | 8 | 6 |
Serviços Automotivos | 5 | 3 |
Limpeza e Conservação | 5 | 6 |
Entretenimento e Recreação | 4 | 5 |