Agência da Caixa, em São Paulo: a expansão foi liderada pela carteira comercial, que subiu 52,6 por cento ante setembro de 2011, para 109,1 bilhões de reais (Lia Lubambo/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 19h12.
São Paulo - A Caixa Econômica Federal expandiu sua carteira de crédito no quádruplo do ritmo dos maiores competidores privados até setembro, em meio à ofensiva do governo federal de ampliar a oferta de crédito para tentar acelerar a atividade econômica.
O maior concessor de financiamento imobiliário do país informou nesta segunda-feira que seus financiamentos cresceram 43 por cento no período de 12 meses até setembro, para 324,5 bilhões de reais. Na média, os maiores bancos comerciais do país tiveram crescimento em torno de 10 por cento no período.
"Nossa estratégia deu certo, preenchemos uma lacuna do mercado", disse o vice-presidente de Controle e Risco da Caixa, Rafael Rezende Neto, à Reuters.
A expansão foi liderada pela carteira comercial, que subiu 52,6 por cento ante setembro de 2011, para 109,1 bilhões de reais. As operações para pessoas físicas cresceram 46 por cento, enquanto os financiamentos para empresas subiram 58,7 por cento.
Desde abril, por instrução do governo federal, que quer uma queda generalizada dos spreads bancários, os bancos estatais reduziram fortemente suas taxas de juros em várias linhas de empréstimos. Desde então, Caixa e Banco do Brasil vem crescendo em ritmo superior aos concorrentes privados.
O BB apurou um incremento de 20,5 por cento de sua carteira de crédito em 12 meses até setembro. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander tiveram expansão em torno de 10 por cento no mesmo período.
A carteira imobiliária, a mais importante da Caixa, atingiu 190,6 bilhões de reais, um avanço anual de 34,9 por cento.
Para o vice-presidente de Finanças e Mercado de Capitais da companhia, Marcio Percival, o ritmo de expansão do crédito deve no mínimo ser mantido em 2013, ano para o qual o mercado prevê alta de cerca de 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Neste ano, a expansão deve ser de aproximadamente 1,5 por cento.
"O desempenho de 2012 é o patamar mínimo para 2013", disse Percival.
Mesmo com o crescimento acelerado, a Caixa conseguiu manter os calotes sob controle. De julho a setembro, o índice de inadimplência, medido pelas operações vencidas com mais de 90 dias, foi de 2,06 por cento, ante 2 por cento um ano antes.
As despesas da Caixa com provisões para perdas com calotes no período somaram 1,9 bilhão de reais, no mesmo patamar de um ano antes.
Com isso, o lucro da instituição no terceiro trimestre atingiu 1,35 bilhão de reais, montante 4,6 por cento maior na comparação anual, embora tenha sido 19,7 por cento menor do que no trimestre imediatamente anterior.
No final do terceiro trimestre, os ativos próprios da Caixa somavam 673,4 bilhões de reais, evolução de 33 por cento na comparação anual.
Com o rápido crescimento da carteira, o Índice de Basileia do banco caiu a 12,6 por cento, o menor em pelo menos sete trimestres e pouco acima do piso de 11 por cento estabelecido pelo Banco Central.
Novas captações - A Caixa deve voltar ao mercado internacional para fazer uma captação de pelo menos um bilhão de dólares até maio de 2013, afirmou Percival.
"Percebemos que há demanda do mercado", disse Percival.
Em outubro, a Caixa fez sua primeira emissão externa, com uma tranche de 1 bilhão de dólares em bônus de cinco anos e outra de 500 milhões de dólares com vencimento em dez anos. Segundo a Caixa, a demanda foi de quase dez vezes a oferta.