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Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 13h49.
São Paulo - A CPFL Energia vê um cenário aquecido para vendas de ativos de geração e distribuição de energia no Brasil nos próximos anos, o que envolverá privatizações e negócios feitos por empresas em dificuldade ou em busca de caixa para novos investimentos.
O processo deverá atrair investidores estrangeiros e ser mais intenso ainda no segmento de distribuição, no qual pode haver uma redução de até 50 por cento no número de empresas que controlam concessionárias, disse o presidente da CPFL, Wilson Ferreira Jr, em evento com acionistas nesta quinta-feira.
Segundo ele, a CPFL pode aproveitar para ampliar sua fatia no mercado brasileiro de distribuição, hoje em 13 por cento.
"Em um cenário ideal de consolidação, a gente dobraria de tamanho", disse Ferreira, estimando que isso poderia acontecer "ao longo dos próximos cinco anos", conforme a situação de concessionárias se deteriore, forçando vendas.
"A crise está aí". Ferreira afirmou que, do lado da geração, empresas com problemas financeiros ou envolvidas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, devem inundar o mercado com ativos.
"Tem vários agentes privados que se envolveram em usinas ao longo do tempo e estão em situação difícil ou querendo diversificar seus negócios. Em geração não víamos até pouco tempo antes espaço para trabalhar (com fusões e aquisiçõs)... hoje vemos muito", disse.
Competição com estrangeiros
Esse cenário de venda de ativos deverá atrair forte interesse de empresas estrangeiras, segundo avaliação da CPFL, que vê essas companhias como favorecidas por acesso a capital mais barato no exterior.
"Mas nenhum desses estrangeiros é um operador distinto pela eficiência como nós somos. Temos vantagens a aportar que eles não têm... acredito que a gente tenha como competir de uma forma bastante eficiente", disse Ferreira.
Ele destacou que principalmente o segmento de distribuição oferece oportunidades de ganho de escala para empresas já com uma forte estrutura local.
O presidente da CPFL também afirmou que a empresa poderia viabilizar eventuais aquisições com emissão de dívida ou com emissão de ações. Nesse segundo caso, seria preciso mostrar aos acionistas que a transação vale a pena.
"A perspectiva de criação de valor tem que ser maior que a perda de valor que seria causada pela diluição (das ações)", explicou.
Renovação de concessões acelera oportunidades
O vice-presidente de Operações Reguladas da CPFL, Luis Henrique Ferreira Pinto, acredita que mais empresas devem ser vendidas nos próximos anos devido às pesadas exigências feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para renovar neste ano contratos de concessão de distribuidoras que venceriam entre 2015 e 2017.
"Se uma empresa renovou (a concessão) e não está performando bem, ali pode ser uma oportunidade... a janela vem no desespero daquela empresa que não está performando", disse Pinto.
Ele avalia que, se uma distribuidora não atender as exigências e perder a concessão, haverá uma licitação por esses ativos. "Aí é um leilão, vai ter outros players e pode até empurrar o preço (para cima)".
O executivo reafirmou que a CPFL avalia as distribuidoras que a estatal federal Eletrobras pretende vender até o final de 2016 --que atendem Acre, Alagoas, Amazonas, Goiás, Piauí, Rondônia e Roraima.
A Celg-D, de Goiás, que será a primeira a ser levada a leilão de privatização na BM&FBovespa, é também a que mais interessa à CPFL devido à sinergia com as demais empresas do grupo.
O preço de 1,43 bilhão de reais fixado pelo Conselho Nacional de Desestatização para a fatia da Eletrobras na empresa foi visto como adequado pelo executivo.
Acordo para perdas com hidrelétricas a CPFL
espera um efeito positivo de até 158 milhões de reais no seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 2015 com a compensação oferecida pelo governo federal para perdas das hidrelétricas do país com a seca neste ano.
O cálculo, feito pelo presidente Wilson Ferreira Jr., considera a aceitação pela CPFL do apoio oferecido a usinas que venderam energia no mercado regulado, para as distribuidoras. O assunto já foi aprovado no conselho da holding, segundo Ferreira.
O mecanismo foi viabilizado pela Medida Provisória 688, que foi aprovada no Congresso Nacional em novembro e aguarda agora sanção presidencial.
Ainda não há uma decisão, no entanto, sobre eventual adesão ao acordo em relação à parcela de energia que as hidrelétricas venderam no mercado livre, uma vez que essa proposta ainda será detalhada pela Aneel, após a sanção da MP pelo Poder Executivo.