Luciano Coutinho, presidente do BNDES: o empréstimo-ponte da OSX com o BNDES já foi prorrogado, mas vence no fim de novembro (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2013 às 13h06.
Rio - O estaleiro OSX, do empresário Eike Batista, tem muitos ativos, que superam o valor de sua dívida, e uma solução para a empresa ainda pode ser encontrada. Por isso, na avaliação do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, dar mais prazo para o empréstimo-ponte de R$ 418 milhões da empresa com o banco de fomento é "sensato".
"A OSX é uma empresa que tem muitos ativos valiosos", disse o presidente do BNDES na manhã desta quinta-feira, 31, ao deixar uma reunião da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), no Rio. "Nesse sentido, dar tempo para que as soluções possam acontecer é uma estratégia sensata", completou.
O empréstimo-ponte da OSX com o BNDES já foi prorrogado, mas vence no fim de novembro. A OSX foi criada para ser a principal fornecedora de plataformas e embarcações para a petroleira OGX, que pediu recuperação judicial nesta quarta-feira, 31.
EBX
Segundo Coutinho, não há "exposição de crédito não garantido do banco" às empresas do Grupo EBX. Todos os empréstimos, como o empréstimo-ponte do estaleiro OSX e o financiamento às obras de revitalização do Hotel Glória, um dos mais tradicionais do Rio, têm garantia bancária.
No caso das obras do hotel, que pertence à REX, empresa de empreendimentos imobiliários de Eike (de capital fechado), a exposição é inferior a R$ 50 milhões. O empréstimo total contratado é de R$ 190 milhões.
"Foi desembolsada uma fração muito pequena (para o hotel) e tem fiança bancária. Esperamos equacionar isso. Também não representa risco de perda para o banco", afirmou Coutinho, ao deixar reunião com empresários do setor têxtil, no Rio.
O BNDES tem empréstimos bilionários contratados junto às empresas do Grupo EBX, mas, à medida que cada companhia foi tendo o controle passado para outros grupos (caso da elétrica MPX, da mineradora MMX e da LLX, responsável pelo projeto do Superporto do Açu), os novos donos assumem o risco do financiamento.
Captações
A recuperação judicial da petroleira OGX não afetará captações externas de companhias brasileiras, na avaliação do presidente do BNDES. Segundo ele, Coutinho, a recuperação judicial é um "evento esperado" e os investidores estrangeiros sabem diferenciar o risco da OGX das demais companhias nacionais.
"Isso não é um processo que surpreenda", afirmou Coutinho, ao deixar uma reunião da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), no Rio. Para ele, o caso não atrapalha as captações porque a janela de liquidez e as operações no exterior continuaram, a despeito do processo de negociação da OGX com credores. "A janela de liquidez e as captações brasileiras continuaram. Quando as janelas de liquidez são favoráveis, as empresas têm captado, com custos razoavelmente favoráveis", completou.
Além disso, segundo Coutinho, recuperações como a da OGX fazem "parte do sistema". "(O investidor estrangeiro) já diferenciou (a OGX das demais companhias brasileiras) porque muitas empresas captaram nos últimos meses", disse.