Usuária intensiva de logística para movimentar sua produção, a Cosan acertou a aquisição de quase 39 milhões de ações da ALL (Arquivo/Arquivo Abril)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2012 às 18h45.
São Paulo - A Cosan deu mais um passo de diversificação da receita para além das commodities e seus preços cíclicos, ao fechar acordo para comprar quase 6 por cento da empresa de logística ALL.
A maior produtora de açúcar e etanol do Brasil se dispôs a pagar mais que o dobro do valor da ação da ALL negociada na Bovespa, o que motivava queda expressiva dos papéis da sucroalcooleira na bolsa paulista.
Usuária intensiva de logística para movimentar sua produção, a Cosan acertou a aquisição de quase 39 milhões de ações da ALL por um total de 896,5 milhões de reais, ajustado pelo IPCA.
Com base nesses dados, é possível se chegar a um valor de 23 reais atribuído a cada ação da ALL na operação, um prêmio de quase 110 por cento sobre o preço do papel da companhia na bolsa no fechamento da sexta-feira passada, último pregão antes do Carnaval e que antecedeu o anúncio do negócio na noite de terça-feira.
A ação da ALL reagia em alta, com valorização de 2,36 por cento às 16h07, a 11,29 reais. Na máxima, chegou a subir 6,1 por cento. Já a da Cosan recuava 5,06 por cento, para 29,43 reais, tendo cedido 5,6 por cento na mínima. O Ibovespa tinha variação negativa de 0,36 por cento.
Segundo o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, a Cosan pagou mais caro pelas ações da ALL porque quer entrar no bloco de controle da companhia de logística.
"Entrou no bloco de controle, vai pagar mais caro. O mercado quer saber: por que pagou mais caro? É que ela quer estar dentro de logística... O mercado interpretou errado, sempre bloco de controle é mais caro", observou Galdi.
Segundo ele, por ser uma grande cliente da ALL, o objetivo da Cosan é ter um vínculo maior com a companhia.
A Cosan vê muito mais valor na empresa de logística do que o percebido pelo mercado, o que explica o expressivo prêmio pago por uma participação, disse o presidente-executivo da empresa, Marcos Lutz, em teleconferência com jornalistas.
Segundo Lutz, a Cosan não comprou ações da ALL no mercado e, por isso, não fazia sentido ter a cotação na Bovespa como referência.
O executivo disse ainda que a Cosan pode usar caixa próprio para comprar a participação na ALL.
O negócio
Em fato relevante no final da terça-feira, a Cosan informou que se comprometeu a comprar ações da ALL de Riccardo Arduini, Julia Dora Koranyi Arduini e Global Market Investments (GMI).
Trinta e quatro milhões do total de 38,98 milhões da ALL envolvidas no negócio estão vinculadas ao acordo de acionistas da empresa de logística, segundo a Cosan.
O casal Arduini continuará com participação de 3,20 por cento na ALL após a operação de venda de parcela da fatia na empresa para a Cosan.
A entrada da Cosan no capital da ALL depende de autorizações regulatórias e do aval dos demais integrantes do acordo de acionistas da empresa de logística, permitindo, inclusive, a entrada da sucroalcooleira no grupo de controle da ALL.
Rumo Logística
A Cosan já possui um braço de transportes, a Rumo Logística. A empresa, criada há cerca de três anos com foco na movimentação de açúcar, opera em acordo com a ALL e tem frota própria de locomotivas e vagões.
O presidente-executivo da Cosan afirmou que vê possíveis colaborações entre Rumo e ALL, mas não entrou em detalhes.
Em outra frente, a Cosan criou no ano passado a Raízen, joint venture com a Shell que inclui a distribuição de combustível.