Correios: a expectativa é que 15% dos 117,4 trabalhadores possam aderir ao plano, o que traria uma economia de R$ 850 milhões a R$ 1 bilhão por ano (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de novembro de 2016 às 12h48.
Brasília - O presidente dos Correios, Guilherme Campos, confirmou nesta quinta-feira, 10, que a empresa deve ter seu quarto prejuízo anual seguido em 2016, com um déficit de quase R$ 2 bilhões.
A estatal chegou a pedir um aporte de capital de R$ 840 milhões ao Tesouro Nacional, sem sucesso, e agora espera a aprovação de um empréstimo de R$ 750 milhões com o Banco do Brasil para dar início a um plano de demissão voluntária (PDV) de funcionários da empresa.
"Não é novidade para ninguém a situação bem grave pela qual a empresa passa, por seus números e resultados. O serviço postal vem sofrendo transformações no Brasil e no mundo e a empresa precisa passar por mudanças", afirmou Campos.
"O caixa vai apertar no ano que vem. O caixa que temos está com data de validade", acrescentou.
Em 2015, os Correios tiveram um faturamento de R$ 18 bilhões, com R$ 2,1 bilhões de prejuízo. Para este ano, a expectativa da presidência da estatal é que o faturamento suba para R$ 20 bilhões, com um prejuízo abaixo de R$ 2 bilhões.
Com isso, os Correios apresentaram nesta quinta oficialmente o PDV para funcionários com mais de 55 anos, aposentados com tempo de serviço para requerer a aposentadoria.
A expectativa da estatal é que 15% dos 117,4 trabalhadores possam aderir ao plano, o que traria uma economia de R$ 850 milhões a R$ 1 bilhão por ano à empresa.
As informações sobre o PDV dos Correios já haviam sido adiantadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" na última terça-feira, 8.
O público-alvo são os 13 mil funcionários e a empresa aceitará a adesão de 6 mil a 8 mil deles. A ideia ainda é que os Correios ofereçam uma espécie de "salário-demissão".
Os funcionários que aderirem ao programa vão receber por dez anos um valor que será calculado considerando a média do salário recebido nos últimos cinco anos e o tempo de serviço na empresa.
"Ainda não temos a finalização dessa metodologia. Estamos terminando as contas junto ao Ministério do Planejamento", afirmou Campos.
"O plano é bom. E se não funcionar, medidas mais duras terão que ser tomadas", completou o presidente.
De acordo com Campos, a saída de 8 mil funcionários terá impacto no Postalis, o fundo de previdência dos funcionários dos Correios, mas o presidente não soube dizer como esse efeito será absorvido.
Desde junho deste ano, os funcionários e aposentados dos Correios começaram a pagar contribuição extra sobre os benefícios para o equacionamento do déficit de R$ 5,6 bilhões do fundo em 2014.
"O Postalis terá que dar uma 'reboladinha', mas sobre isso eu não posso afirmar", declarou.
Os Correios pretendem compensar o desligamento dessa quantidade de empregados nos serviços prestados com a realocação de funcionários e com a melhoria de processos e a implantação de inovações tecnológicas.
Somente após essa ações será estudada a contratação de novos trabalhadores, mas, a princípio, não há previsão de realização de novos concursos públicos.
A empresa também busca uma nova formatação para o plano de saúde dos funcionários, mas isso está em discussão em uma comissão com a participação dos sindicatos da categoria.
Depois da folha de pessoal, esse é um dos maiores custos que pesam hoje nas contas dos Correios. "Se eu tivesse essa fórmula hoje, seria uma homem feliz", comentou Campos.
O presidente voltou a cobrar do governo a recomposição das tarifas do serviço postal. Segundo ele, o aumento das taxas em 2015 foi insuficiente para cobrir os custos das operações da empresa.
Por outro lado, ponderou, um aumento das tarifas poderia reduzir ainda mais a demanda por envio de correspondências, monopólio da estatal.
A estatal assinou nesta quinta um contrato de R$ 29 milhões com a consultoria Accenture, que já reformulou os serviços postais em outros países como Suíça, Polônia, Canadá, Índia, Austrália e Estado Unidos.
"Os Correios ainda são líderes no transporte de encomendas, mas perdemos participação de mercado nos últimos anos. Precisamos voltar a crescer nesse segmento", concluiu.