Correios (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2015 às 10h03.
Brasília – O novo presidente dos Correios, Giovanni Queiroz, estima um rombo de mais de R$ 900 milhões nas contas em 2015. Será a primeira vez em 20 anos que a empresa fechará o balanço no vermelho.
Dois dias após assumir o cargo, Queiroz disse ao Estado que os Correios estão na UTI. "A situação é de emergência. Não adianta jogar para debaixo da mesa", afirmou. "Já operei em condições precaríssimas e salvei algumas vidas com o seguinte ensinamento: o paciente chegou em coma, você não tem que pensar em anestesia. Abre a barriga dele, grampeia o polo de sangramento, e depois você cuida do resto, senão ele morre", disse Queiroz, que é médico.
Ele não evitou críticas ao governo, responsável por represar por dois anos o preço das tarifas. Em 2014, houve reajuste de 7%, que não compensou a inflação. "Precisamos emergencialmente aumentar essas tarifas. Você não pode ficar tanto tempo defasado. É a mesma estratégia que o governo usou com a Petrobrás, com a energia. Hoje, estamos pagando a conta do passado."
Em 2014, para o balanço fechar azul, os Correios reverteram uma parte da provisão feita há seis anos, no valor de R$ 1,086 bilhão, reserva para cobrir déficits do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários da estatal. Assim, a empresa terminou 2014 com lucro de R$ 9,9 milhões, o menor da história.
Ele reconheceu que os Correios estão com serviços e produtos defasados e com ritmo de aumento de despesas superior ao das receitas. "Ainda não houve diminuição no número de postagens de cartas, mas a tendência é que a internet substitua a correspondência impressa, da conta de luz à carta de amor", disse.
Ele criticou o prazo de dez dias para a entrega de um Sedex, que representa um terço de tudo o que a empresa fatura com serviços. Citou como exemplo o prazo de dez dias para entregar um Sedex de Brasília para Redenção, no Pará, enquanto a empresa privada concorrente entrega no dia seguinte. Também cobrou melhor atendimento nas agências. "Os Correios podem gastar até R$ 300 milhões em propaganda e o cidadão demora três horas na fila para despachar uma mercadoria. Está errado."
A primeira medida de Queiroz foi sugerir ao governo o corte do próprio salário e dos vices. Na semana passada, o conselho de administração aprovou a redução do salário do presidente, de R$ 46 mil para R$ 27,8 mil, e dos vices, de R$ 40 mil para R$ 24 mil. "Aqui não é cargo para ficar rico. Se quer ficar rico, vai para a iniciativa privada."
Ele foi prefeito, deputado estadual e deputado federal por três vezes pelo PDT. Perdeu as eleições de 2014 e foi indicado para o cargo de secretário no Ministério do Trabalho. Para restabelecer a base no Congresso, a presidente refez a distribuição dos ministérios e deu ao PDT o Ministério das Comunicações. "Os Correios precisam se recuperar. É o nome do partido que está em jogo", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.