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Coronavírus no frango do Brasil? China diz que tem, produtores investigam

O vírus causador da infecção covid-19 foi encontrado em embalagens de frango congelado exportado pela Aurora, segundo o governo chinês

Criação de frangos: frigoríficos redobraram medidas de higiene e controle em meio à pandemia do novo coronavírus (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Criação de frangos: frigoríficos redobraram medidas de higiene e controle em meio à pandemia do novo coronavírus (Rodolfo Buhrer/Reuters)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 13h10.

Última atualização em 13 de agosto de 2020 às 17h14.

Os frigoríficos brasileiros estão investigando a informação do governo da China de que traços do novo coronavírus, causador da infecção covid-19, foram encontrados nas embalagens de uma carga de frango importada do Brasil na cidade de Shenzen. De acordo com as autoridades chinesas, o lote foi produzido pela Aurora no estado de Santa Catarina.

Em nota, a Aurora diz que aguarda manifestação das autoridades competentes para esclarecer os fatos. Diz ainda que toma todas as medidas estabelecidas pelas autoridades públicas para o combate a pandemia, tem rigoroso protocolo individual de cuidados com seus colaboradores e cumpre as normas sanitárias.

"Não está claro em qual estágio da exportação a possível contaminação da embalagem ocorreu, e se foi durante o processo de transporte", disse a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne os produtores, em comunicado à imprensa. "O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento está em contato com a agência sanitária chinesa, que vai fazer a análise final da situação."

Segundo Rafael Rodrigues de Oliveira, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da empresa de biotecnologia Neoprospecta, existe a possibilidade de um funcionário contaminado que tenha tido contato com o frango no frigorífico no Brasil passar o coronavírus para a superfície do produto. No entanto, o vírus teria poucas chances de chegar à China ainda ativo. “Os testes feitos por laboratórios em geral detectam a presença do vírus, mas não se ele está ativo”, afirma. “Acredito ser muito difícil que, se encontrado, estivesse viável.”

A Neoprospecta tem realizado testes para detecção do novo coronavírus em amostras de frigoríficos brasileiros e diz não ter encontrado até agora traços da doença.

A ABPA destacou, ainda, que não há evidências de que o novo coronavírus possa ser transmitido por alimentos ou embalagens.

O ministério disse, em comunicado, que ainda não foi notificado pelas autoridades chinesas sobre o caso. "Os estabelecimentos fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) obedecem protocolos rígidos para proteger a saúde pública", afirmou.

Medidas preventivas

Os frigoríficos brasileiros vêm reiterando que redobraram os cuidados sanitários desde o início da pandemia.

Durante uma teleconferência nesta quinta-feira, 13, com jornalistas sobre seus resultados do segundo trimestre do ano, divulgados pela manhã, executivos da BRF (dona da Sadia e da Perdigão) comentaram a notícia do frango exportado para a China.

“Não temos pessoas trabalhando com coronavírus nas nossas plantas. Temos medidas de controle de acesso, distanciamento social, além do uso de equipamentos de proteção individual [EPIs] e intensificação da higienização das plantas e da limpeza de containers que são exportados”, disse Carlos Alberto Bezerra de Moura, diretor financeiro e de relações com investidores da BRF.

A empresa diz que não testa os alimentos ao saírem do Brasil, mas que os produtos têm garantia de qualidade e que são seguros para o consumidor. "Os testes que são feitos em relação aos nossos produtos são realizados na China. Temos centenas de amostras testadas na China sem nenhum tipo de contaminação”, disse Lourival Luz, presidente da BRF.

*atualizado às 17h paa incluir o posicionamento da Aurora

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