Três países viram os pedidos mais que dobrarem: México, Colômbia e Chile, no período de 24 de fevereiro a 3 de maio (Mercado Livre/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 13 de maio de 2020 às 11h35.
Última atualização em 13 de maio de 2020 às 12h37.
O Mercado Livre, maior portal de comércio eletrônico da América Latina, ganhou milhões de novos clientes, viu o número de itens vendidos crescer de forma acelerada e registrou recorde de 1,4 milhão de pedidos entregues em apenas um dia.
A empresa é um dos destaques no crescimento do comércio eletrônico, que até então tinha uma participação baixa no total de vendas mas, com a quarentena e as medidas de distanciamento social, se torna parte essencial da jornada de compras. Um novo levantamento feito pela empresa dá mais detalhes sobre a operação da plataforma nesse período de pandemia do novo coronavírus na América Latina.
Como consequência, desde o início do ano, o valor das ações subiu mais de 80%, para 449 reais. Com um valor de mercado superior a 38,3 bilhões de reais, a empresa de marketplace superou o valor do Itaú, maior banco privado do país.
A valorização do Mercado Livre é reflexo do que acontece com todo o mercado de varejo. Antes da pandemia, a participação do comércio eletrônico no total de vendas no Brasil era de 5,6%. Entre os países nos quais o Mercado Livre atua, a Colômbia é o mais digitalizado, com quase 10% de participação do e-commerce. No outro extremo, o México era o país com a menor taxa, de 3,7%.
Essa taxa foi crescendo substancialmente desde o início do período de isolamento. Dos dias 16 a 23 de março, a primeira semana de quarentena, a participação do comércio eletrônico aumentou 100%. Já na quarta semana, entre 9 e 16 de abril, o aumento foi de 387% em toda a América Latina, de acordo com pesquisa da empresa de inteligência de mercado Kantar.
A plataforma ganhou 5 milhões de novos consumidores, aumento de 45% em relação ao ano anterior. O maior número de novos compradores veio do Brasil, com 2,6 milhões de clientes novos, alta de 28%. Na Colômbia, no entanto, o aumento foi proporcionalmente maior. Com 366 mil novos clientes, a alta foi de 113%.
Além disso, os clientes estão voltando mais vezes ao marketplace. Os clientes mais frequentes da plataforma, que já compravam a cada 17 dias, agora estão fazendo pedidos a cada 12 dias. Já os compradores frequentes, com um pedido a cada 79 dias, diminuíram o intervalo para 24 dias. Os clientes esporádicos, que faziam pouco mais de uma compra ao ano, a cada 268 dias, agora voltam a cada 29 dias.
No Mercado Livre, esse comportamento se reflete no aumento do uso da plataforma. O tempo médio de sessão aumentou 17% e, de buscas, 39% desde o início da quarentena na América Latina.
O número de pedidos também cresceu. O Brasil foi o país no qual os pedidos no Mercado Livre menos cresceram, cerca de 39% no período da pandemia. Três países viram os pedidos mais que dobrarem: México, com alta de 112%, Colômbia, 119%, e Chile, com 125% mais pedidos no período de 24 de fevereiro a 3 de maio em relação ao mesmo período do ano passado.
As compras de itens de saúde e equipamento médico cresceram 300%, de bens e alimentos 164% e da categoria de casa, móveis e jardim, 84%. As categorias de entretenimento e fitness e de computação também cresceram 61% e 55%, respectivamente.
O Mercado Envios, braço de logística da empresa, registrou recorde, com 1,4 milhão de entregas em um mesmo dia.
Em abril, a taxa de crescimento de itens vendidos saltou 75,8% e o de volume transacionado, 72,6% em relação mesmo período do ano passado, sem considerar os efeitos cambiais, segundo o resultado da companhia divulgado na semana passada.
O resultado financeiro no Brasil, que representa 60,9% do total da receita líquida da companhia, teve expansão de 54,8% em reais e de 31,4% em dólares.
Mais do que comprar produtos, os usuários também estão usando mais os serviços financeiros do Mercado Pago, braço de pagamentos da empresa.
O pagamento de contas pela plataforma cresceu 71%, as transferências foram 66% maiores e a recarga de celular, 21% no período.
A digitalização financeira deve se manter na plataforma - 7 em cada 10 declararam que irão continuar usando meios eletrônicos de pagamento.