Star Wars: A Ascensão Skywalker: Desde o início do ano, as ações da Disney caíram 30%, de 148 dólares para 103,40 dólares. Já as ações da rival Netflix subiram 32% desde o início do ano (Disney/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 6 de maio de 2020 às 12h45.
Última atualização em 6 de maio de 2020 às 12h45.
A Disney sentiu um impacto bilionário nos seus resultados por causa da pandemia do novo coronavírus. A empresa estima que, no trimestre que fechou, sentiu um impacto de cerca de 1,4 bilhão de dólares no lucro de operações continuadas antes de impostos.
O maior impacto, de cerca de 1 bilhão de dólares em perdas no faturamento, foi sentido na divisão de Parques, Experiências e Produtos, já que parques e lojas estão fechadas, cruzeiros estão suspensos e eventos foram afetados. O faturamento dessa divisão caiu 10%, e o lucro, 58% no trimestre.
As perdas do trimestre reforçam a força da Netflix, que com um serviço de streaming ganhou número recorde de novos assinantes e ultrapassou a empresa do Mickey em valor de mercado.
A Disney já é, há muito tempo, maior do que suas animações clássicas. Gerencia franquias como Marvel, Star Wars e Pixar, opera as redes de televisão ABC e ESPN, tem diversos parques em todo o mundo e uma estratégia forte no segmento de streaming, com o serviço Disney +.
O portfólio diversificado a fortaleceu até então, tornando a quase centenária uma das maiores companhias em entretenimento do mundo. A pandemia do novo coronavírus, no entanto, afetou vários de seus negócios, dos parques à perda de publicidade por causa da paralisação de jogos esportivos.
O faturamento da companhia foi de 18 bilhões de dólares no segundo trimestre fiscal do ano, que terminou dia 28 de março. O valor representa um aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Embora o faturamento tenha aumentado, as outras métricas encolheram. O lucro das operações continuadas encolheu 91%, para 475 milhões de dólares, e a geração de caixa livre caiu 30%, para 1,9 bilhão de dólares. O lucro por ação caiu 93%, para 26 centavos de dólar, ante 3,53 dólares no mesmo período do ano anterior.
O coronavírus já fez a empresa demitir mais de 100.000 funcionários, sobretudo nos parques — recebendo críticas da herdeira Abigail Disney, que disse que os bônus pagos a altos executivos poderiam cobrir os salários.
A grande aposta da companhia de entretenimento é seu serviço de streaming, Disney+, lançado em novembro do ano passado - ainda não disponível no Brasil.
A divisão de vendas diretamente ao consumidor, que inclui seus serviços de streaming nos Estados Unidos e internacionalmente, viu o faturamento crescer quase quatro vezes, de 1,1 bilhão de dólares para 4,1 bilhões de dólares. Os custos também aumentaram, de 385 milhões de dólares para 812 milhões de dólares, por conta do lançamento do serviço de streaming e da consolidação da plataforma adquirida Hulu.
Em março, data do fechamento dos resultados trimestrais, a Disney tinha 33,5 milhões de assinantes no serviço Disney+, 7,9 na ESPN e 32,1 milhões com a Hulu. Em abril, no entanto, o número de assinantes da Disney+ já havia ultrapassado 50 milhões.
O número ainda é pequeno perto da rival Netflix, que chegou a 182 milhões de assinantes e ganhou 16 milhões de novos usuários só no primeiro trimestre, um recorde absoluto favorecido pelo isolamento social que forçou mais de um terço da população mundial a ficar em casa.
Desde o início do ano, as ações da Disney caíram 30%, de 148 dólares para 103,40 dólares. Já as ações da rival Netflix subiram 32% desde o início do ano. Em 15 de abril, o valor de mercado da Netflix ultrapassou o da Disney, cimentando a companhia como uma das grandes ganhadoras no ramo de entretenimento durante a pandemia.
A diretoria da empresa do Mickey, no entanto, está confiante. "Embora a pandemia da covid-19 tenha tido um impacto financeiro considerável em vários de nossos negócios, estamos confiantes em nossa capacidade de suportar essa interrupção e emergir dela em uma posição forte", disse Bob Chapek, CEO da The Walt Disney Company, em comunicado sobre os resultados.
"A Disney mostrou repetidamente que é excepcionalmente resistente, reforçada pela qualidade de nossas histórias e pela forte afinidade que os consumidores têm por nossas marcas, o que é evidente na resposta extraordinária à Disney + desde o seu lançamento, em novembro passado", afirmou.