Legenda: Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil, na COP27: há uma necessidade de financiar talentos que estejam próximos aos problemas que precisam ser resolvidos, levando em conta as particularidades de cada território (The Good Food Institute Brasil./Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2022 às 18h00.
Última atualização em 16 de novembro de 2022 às 18h11.
O desafio de alimentar 8 bilhões de pessoas e combater o aquecimento global ao mesmo tempo é um ponto-chave para as empresas do setor de alimentos, já comentou recentemente na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27) Gilberto Tomazoni, CEO global da companhia brasileira do setor de alimentos JBS. “Precisamos produzir mais ao mesmo tempo em que temos que reduzir as emissões”, disse.
O que não é contraditório, na visão do executivo. “Temos o conhecimento e a tecnologia para fazer os dois, produzir mais e reduzir as emissões. Temos alguns exemplos nesse sentido, como a integração lavoura, pecuária e floresta, produzindo mais. Já existem soluções. O que precisamos é apoiar os agricultores para que façam essa transição.”
Em um novo painel na COP27, realizado nesta quarta-feira (16), o tema da segurança alimentar voltou à tona. Desta vez, o The Good Food Institute Brasil (GFI), organização global sem fins lucrativos que trabalha para transformar a cadeia de produção de alimentos, apresentou seu mais novo projeto de incentivo à pesquisa, o InovAmazônia: Ingredientes para o Mercado de Alimentos Vegetais.
Com apoio técnico e financeiro do Fundo JBS pela Amazônia, uma organização sem fins lucrativos criada em 2020 e que apoia e financia iniciativas que promovem a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico sustentável da Amazônia, o InovAmazônia propõe soluções e ingredientes alimentícios para a indústria de proteínas alternativas vegetais, conhecidas como plant-based, a partir de espécies nativas do bioma amazônico.
Durante o painel “Zero-conversion food - Feeding a growing world in ways that enable recovery of biodiverse lands and waters”, realizado no Pavilhão de Sistemas Alimentares da COP27, Gustavo Guadagnini, presidente do The Good Food Institute Brasil, comentou que a agenda do GFI na COP27 tem dois focos principais: “transformação dos sistemas alimentares, que são responsáveis por mais de 30% das emissões de gases do efeito estufa; e participação do sul global na criação de soluções para a crise climática, tendo em vista a necessidade de financiar talentos que estejam próximos aos problemas que precisam ser resolvidos, levando em conta as particularidades de cada território”.
Segundo ele, o projeto InovAmazônia une esses dois aspectos. “É um investimento massivo em ciência e tecnologia para transformar o sistema alimentar brasileiro, ao mesmo tempo em que financia parcerias entre pesquisadores e comunidades realmente afetadas pelos problemas que visa resolver, gerando incentivos para manter a floresta em pé, de forma sustentável e com respeito ao conhecimento ancestral das comunidades produtores.”
No projeto, serão investidos cerca de R$ 2,7 milhões para a realização de pesquisas exploratórias e aplicadas que identifiquem o potencial de espécies nativas como açaí, babaçu, cacau, castanha do Brasil, cupuaçu, guaraná e tucumã para a indústria plant-based.
Para isso, disse Guadagnini, o programa vai envolver 40 pesquisadores capacitados em proteínas alternativas e em estratégias para elaboração de propostas competitivas, assim como seis parcerias com universidades locais.
As parcerias, aliás, ainda estão sendo construídas e pesquisadores interessados em participar da iniciativa podem enviar as suas propostas até o dia 12 de dezembro de 2022. Os resultados, diz o GFI, serão divulgados no dia 23 de janeiro de 2023.
Também presente no painel na COP27, Andrea Azevedo, diretora-executiva do Fundo JBS pela Amazônia, reforçou que o propósito do Fundo é aproximar as pesquisas acadêmicas do potencial da Amazônia em gerar renda a partir das cadeias de abastecimento florestal e da preservação da floresta.
“Precisamos promover este salto na inovação e olhar para o bioma amazônico como uma oportunidade, e não como um problema”, disse. “A conservação da biodiversidade tem um real potencial econômico. Para isso, temos que fortalecer a relação entre indústria e pesquisadores para que o processo tenha mais eficiência e se torne um grande hub na bioeconomia do Brasil.”