Cadeia: ao todo, 11 dirigentes das construtoras UTC, OAS, Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Engevix cumprem prisão preventiva (Shad Gross/stock.XCHNG)
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2015 às 13h43.
São Paulo e Curitiba - Acuadas pela Operação Lava Jato - que mantêm seus dirigentes atrás das grades por suspeita de corrupção, formação de cartel e lavagem de dinheiro -, as maiores empreiteiras do País estudam a possibilidade de um amplo acordo de leniência combinado com delação premiada.
O impasse com as autoridades está justamente na libertação dos executivos.
Por meio de seus advogados, algumas empresas acenam com pagamentos milionários a título de multa, além do compromisso de não participar de novas licitações de órgãos públicos pelo período de três a cinco anos e até de deixarem de fazer doações eleitorais. Uma das empreiteiras fala em um desembolso de R$ 1 bilhão.
Em contrapartida, as empresas querem um "alívio" para seus executivos, que, na quarta-feira, 14, completaram dois meses de prisão na Superintendência da Polícia Federal (PF) no Paraná, em Curitiba, base da Lava Jato.
Esse é um ponto que barra a negociação com investigadores da operação, que desmontou o cartel das empreiteiras e o esquema de corrupção na Petrobrás.
Para eles, qualquer acordo eventualmente firmado deveria incluir a permanência dos executivos por uma temporada na cadeia.
Familiares
A cúpula do "clube das empreiteiras" - denominação que a Lava Jato emprega ao cartel que predominou nas áreas vitais da estatal petrolífera - sofre forte pressão de familiares dos prisioneiros.
Ao todo, 11 dirigentes das construtoras UTC, OAS, Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Engevix cumprem prisão preventiva na carceragem da PF na capital paranaense.
Alguns argumentam que o confinamento tem fragilizado sua saúde. Anteontem, o vice presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, foi internado em um hospital de Curitiba com crise renal.
As empreiteiras temem também uma quebradeira em série. Já buscam, como recurso derradeiro, a via da recuperação judicial, sob alegação de que os créditos escassearam desde que a Petrobrás suspendeu os contratos.
A estatal tem pressionado as empresas para que façam acordo de leniência com reconhecimento da prática de atos ilícitos com o cartel. Uma das hipóteses em estudo prevê que as empreiteiras fechem amplo acordo de leniência combinado com delação dos executivos - neste caso, parte dos advogados já avisou que vai renunciar. Eles alegam que não trabalham com colaboração premiada.
Em novembro, quando a PF e a Procuradoria da República desencadearam a sétima fase da Lava Jato, os advogados fizeram uma primeira incursão em Brasília.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os recebeu e ouviu a proposta por um acordão. O expediente fracassou - Janot sugeriu a seus interlocutores que conversassem com a força-tarefa de procuradores em Curitiba.
Em paralelo, a estratégia de recursos para obter habeas corpus não tem dado resultado.
A preocupação com essa situação não se restringe aos executivos presos. Diretores de outras empresas que estão na mira de uma próxima etapa da investigação da Lava Jato temem serem alvo de mandados de prisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.