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Construtoras do RS se juntam para fazer uma casa a cada dois dias — todas para doar

Serão casas pré-fabricadas em indústrias, em estruturas de aço, que já chegam no lugar de construção prontas para serem montadas

Projeto para casas no Rio Grande do Sul: projeto recebeu apoio técnico da Melnick para sua concepção (Rodrigo Machado de Souza/Divulgação)

Projeto para casas no Rio Grande do Sul: projeto recebeu apoio técnico da Melnick para sua concepção (Rodrigo Machado de Souza/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de junho de 2024 às 08h06.

Última atualização em 26 de junho de 2024 às 13h27.

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Entre o final de abril e o início de maio, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das piores crises climáticas de sua história recente, com enchentes devastadoras que impactaram milhares de famílias. As intensas chuvas causaram o transbordamento de rios, alagando vastas áreas e deixando um rastro de destruição por onde passaram. 

Muitos moradores perderam suas casas ou foram forçados a abandoná-las, enfrentando a difícil realidade de encontrar abrigos temporários e reconstruir suas vidas a partir do zero. No pico da crise, mais de 570.000 pessoas ficaram fora de casa.

A devastação, porém, também evidenciou a força da solidariedade.

Um desses exemplos vem do Sinduscon, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul. Mobilizando construtoras da região, entre elas a Melnick, uma das mais fortes incorporadoras do Estado, a entidade está lançando um novo projeto para construção de casas modulares para doações.

São casas pré-fabricadas em indústrias, em estruturas de aço, que já chegam no lugar de construção prontas para serem encaixadas. Assim, a moradia consegue ficar pronta em poucos dias. Para ser mais específico, em dois.

“Fizemos um protótipo num terreno da Melnick, que também bancou parte da construção desse modelo”, afirma Marcelo Guedes,  vice-presidente de Operações da Melnick e vice-presidente do Sinduscon-RS. “A ideia de fazer um modelo foi garantir que, quando o projeto fosse replicado, nada estivesse errado. Conseguimos comprovar a eficiência do projeto e levamos dois dias para construir a casa. A ideia é replicar isso agora. A cada dois dias, ter uma casa pronta”.

A ideia, neste primeiro momento, é levantar recursos para construção de 50 casas. O valor pode ser maior, conforme a entrada de dinheiro, claro. Dessas, 25 já estão garantidas e com recursos, aguardando apenas a liberação do terreno pela prefeitura. 

Como serão as casas construídas para doação

As casas do projeto do Sinduscon terão 44 metros quadrados, dois dormitórios, banheiro e cozinha. Direto da fábrica já vem também a parte elétrica, hidráulica, as placas de revestimento interno e externo e o forro do telhado. Depois, precisa ser instalado o piso e a cerâmica.

“Queremos construir 50 casas em 100 dias. Essa é a nossa meta”, fala Guedes. “Isso requer um investimento na casa de 7 milhões de reais”.

A construção das casas é realizada em três etapas:

  • Enquanto a casa é fabricada na indústria, o terreno é preparado e as fundações para o recebimento dos painéis são executadas no local de sua implantação. 
  • Após a fundação, o banheiro modular, que chega ao local finalizado com revestimentos, louças e metais, é instalado. Os painéis de paredes e forros são conectados à estrutura de concreto do banheiro na sequência. Esses painéis chegam igualmente finalizados, com todas as instalações, caracterizando o conceito de industrialização, com rapidez, eficiência e zero resíduos no canteiro.
  • A última etapa é de colocação de cerâmicas nos pisos e pinturas interna e externa. 

Interessados que quiserem ajudar podem fazê-lo doando para o Sinduscon-RS. Construtoras de todo o Estado também podem solicitar o projeto gratuitamente para replicá-los em suas cidades. Fornecedoras que quiserem doar para a construção também podem, o que reduzirá o custo de cada casa. 

“A intenção é disponibilizar todo material e análise que fizemos para que outras entidades que queiram usar assim o façam”, diz. “Falamos de dezenas de milhares de moradia”.

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolaram o estado no mês de maio.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Os textos do Negócios em Luta mostram como os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente. Tem uma história? Mande para negociosemluta@exame.com.

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