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Construtora Triunfo entra com pedido de recuperação judicial

Empresa destaca que o PIB da construção encolheu 28% no Brasil entre 2014 e 2018, num quadro de "instabilidade política" e "efeitos da operação Lava-Jato"

Construtora Triunfo, que faz pavimentação de rodovias, tem dívida de 480 milhões de reais (CNT/Divulgação)

Construtora Triunfo, que faz pavimentação de rodovias, tem dívida de 480 milhões de reais (CNT/Divulgação)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 27 de junho de 2019 às 12h13.

Última atualização em 11 de julho de 2019 às 16h52.

São Paulo - A holding de construções Triunfo entrou com pedido de recuperação judicial na segunda-feira, 24. O pedido inclui a construtora Triunfo e outras duas companhias do conglomerado, a Inepar e a TIISA. No documento enviado à Justiça, a companhia citou o alto endividamento e a crise econômica como fatores preponderantes para a decisão. A Triunfo Participações e Investimentos, listada em bolsa e dona de ativos como o aeroporto de Viracopos, não faz parte do pedido protocolado — embora tenham alguns sócios em comuns, são dois negócios separados.

A dívida atual da holding de construções é de 480 milhões de reais, segundo João Villar Garcia, controlador da TPI. "Mas temos ativos que chegam a 500 milhões de reais. Estamos processando o governo", afirma. "Entramos com o pedido por causa da retração do mercado de construção civil e da restrição de crédito por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social", acrescenta.

A Triunfo contratou a consultoria Alvarez & Marsal como advisor para auxiliar no plano de recuperação judicial, que ainda não foi homologada pela Justiça, segundo Villar Garcia. Depois do aval, a holding tem 60 dias para apresentar o plano. "É um plano bastante viável", acrescenta.

A holding de construções Triunfo foi criada em 2006, e passou a controlar a tradicional construtora paranaense Triunfo, criada em 1978 e uma das maiores empreiteiras e concessionárias do país. A Inepar, criada em 2010, fabrica painéis e estruturas feitas com fibras de vidro e resinas. A terceira empresa do grupo é a TIISA, criada em 2009, focada em obras de ferrovias e saneamento.

O estopim para o pedido de recuperação judicial foram dois pedidos de falência protocolados contra a TIISA no dia 12 de junho. Segundo a companhia, as empresas do grupo têm uma carteira de obras contratadas de 6 bilhões de reais. 

Em seu pedido de recuperação judicial, a companhia destaca que o PIB da construção encolheu 28% no Brasil entre 2014 e 2018, num quadro agravado pela "instabilidade política" e pelos "efeitos da operação Lava-Jato". O pedido, protocolado pelo escritório Galdino & Coelho, afirma ainda que, "embora possuam um bom volume de contratos", estes "se encontram hoje com um faturamento inexpressivo pela incapacidade momentânea de investimento dos contratantes". 

Neste contexto, o faturamento da construtora Triunfo caiu de 996 milhões de reais em 2014 para 300 milhões em 2018. O lucro caiu de 84 milhões para 1 milhão de reais no mesmo período. O número de funcionários caiu de 4.200 para 600 nos últimos quatro anos. 

Como relembra a Triunfo, é um aperto pelo qual passaram outras grandes construtoras do país. O faturamento de seis das maiores empreiteiras do país — Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Júnior e Constran -- caiu de 77 bilhões de reais em 2015 para 22 bilhões de reais em 2018. Juntas, elas demitiram 200 mil dos 500 mil funcionários. 

 

A Triunfo Participações e Investimentos, listada em bolsa, havia entrado com pedido de recuperação extra-judicial no ano passado, com dívidas de 2,5 bilhões de reais. Também no ano passado, a Triunfo Participações e Investimentos entrou com pedido de recuperação de um de seus principais ativos, o aeroporto de Viracopos, em Campinas, que acumulava dívidas de 2,9 bilhões de reais.  A assembleia de credores de Viracopos está marcada para primeiro de agosto. 
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