Mulher segura celular em volta de dinheiro (FreePik / Inteligência artificial)
Repórter
Publicado em 10 de abril de 2025 às 11h03.
Sexo vende — e muito. Só na América Latina, estima-se que o setor de conteúdo pago gerará mais de 10 bilhões de dólares em 2025. No Brasil, sites como OnlyFans e Privacy (uma alternativa local), dominam esse mercado em que o consumidor paga para receber uma foto ou vídeo exclusivo de influenciadores — que, na maioria das vezes, são mulheres. O OnlyFans, por exemplo, movimentou US$ 6,6 bilhões em transações em 2023, com 305 milhões de contas registradas.
Com isso, a Zexter chega tentando desbravar esse território dominado por gigantes. Nascida no Brasil, a plataforma promete tirar o conteúdo adulto do “submundo” e criar um ambiente mais seguro e profissional. É uma tentativa de vender algo mais controlado e menos estigmatizado, mas no fim das contas, o objetivo é o mesmo: vender vídeos e fotos de natureza sexual.
Para se destacar em um mercado tão competitivo, a Zexter oferece ferramentas como lojas integradas, leilões de conteúdo e eventos privados, que ajudam a diversificar a monetização. O maior diferencial da plataforma brasileira é o modelo de comissão reduzida, cobrando apenas 10%, metade do que é praticado pela concorrência. Há também a opção de ter o próprio chatbot para responder às mensagens dos fãs.
Influencers criadas por IA fazem conteúdo adulto para concorrente do OnlyFans"Queremos que criadores de conteúdo tenham mais liberdade, segurança e rentabilidade", afirma o fundador Bruno Souza. Do ecossistema de startups, o empresário já criou empresas antes, como uma de mediação de conflitos online que fez parceria com o site ReclameAqui, uma de assinatura eletrônica e um banco digital. Todos foram vendidos antes de ele decidir criar a Zexter.
Aberta no início do ano, a Zexter tem o objetivo de alcançar 300 mil usuários até o final de 2025. Por enquanto, tem uma média de 1.500 novos assinantes por semana.
Embora vídeos explícitos sejam o principal motor, a Zexter tem consciência de que o mercado é mais diversificado e busca atrair diferentes tipos de criadores. Funkeiras, artistas e influenciadores estão começando a migrar para a plataforma, atraídos pela promessa de maior controle sobre sua monetização e por um ambiente que, apesar de seu foco no conteúdo adulto, permite a criação de diferentes tipos de material.
A exposição do corpo não é uma exigência na Zexter, no OnlyFans ou no Privacy, mas, para muitos, ela acaba sendo um caminho natural para engajamento e rentabilidade.
Os 'influencers' vão acabar? Estudo mostra dez tendências de marketing que vão bombar em 2025Nomes do funk, como a cantora MC Mirella, e influenciadores de outras áreas, como a blogueira Thais Carla, estão começando a explorar a Zexter, usando-a como uma forma de conexão direta com seus fãs, sem depender exclusivamente de contratos com grandes marcas ou da exposição tradicional em redes sociais.
"Trabalhamos muito no marketing para tirar o conteúdo adulto do 'submundo'. Quando falamos sobre isso, não estamos ignorando questões como o vício em pornografia. Queremos tratar o conteúdo adulto de uma forma mais saudável, não como algo que é consumido de maneira descontrolada", explica Lulu Praxedes, líder de marketing da Zexter.
Ainda assim, é preciso olhar com cautela para essa ideia de “liberdade” que a Zexter tenta transmitir. Influenciadores, mesmo os mais variados, acabam se expondo de alguma forma para gerar engajamento, seja para vender produtos ou interagir com seus fãs. E, por mais que a plataforma tente se distanciar da imagem de um repositório de pornografia, a realidade é que poucas mulheres entram nesse mercado sem algum nível de exposição explícita. Embora as portas estejam abertas para outros formatos, o sexo continua sendo o carro-chefe.