Caminhões com nível 2 de autonomia já operam nas lavouras de cana-de-açúcar no Brasil (Mercedes-Benz/Divulgação)
Juliana Estigarribia
Publicado em 18 de agosto de 2019 às 09h00.
Última atualização em 20 de agosto de 2019 às 11h46.
Os veículos autônomos estão se aproximando da nossa realidade, ainda que de forma gradual. No Brasil, a Mercedes-Benz já opera caminhões com nível 2 de automatização em lavouras de cana-de-açúcar. Na prática, o condutor só é demandado em casos extremos.
"O piloto coloca a velocidade que ele quer e não precisa fazer mais nada. Dessa forma, o caminhão se desloca sozinho, com mais segurança e de forma totalmente automática e, em caso de qualquer acontecimento, o condutor pode manipular o veículo", conta Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina, em entrevista a EXAME.
De acordo com o executivo, o modelo extrapesado Axor 3131 com direção autônoma pode operar no agronegócio e na mineração, considerados ambientes controlados e com menor frequência de pessoas e até animais.
A direção autônoma é controlada por piloto automático, GPS e georreferenciamento (imagens de satélite) e o veículo é usado no lugar do trator, com a promessa de mais produtividade, menos consumo de combustível e menor custo operacional. A Mercedes explica que o caminhão leva a carga em sua própria carroceria. Já o trator necessita de um reboque, o que dificulta a circulação e pode causar o pisoteamento da plantação.
Até o momento, 20 unidades do modelo já foram negociadas com a empresa Grunner, de tecnologia para o setor de cana-de-açúcar, e 12 estão em operação no interior de São Paulo. Trata-se do primeiro caminhão com direção autônoma que opera 24 horas em usinas de cana. Sem abrir valores, a Mercedes garante que os custos são próximos aos de um trator, porém com mais produtividade e retorno.
Schiemer ressalta que a empresa já está trabalhando no desenvolvimento desse modelo para outras lavouras, como soja e milho, adaptando software e mudando especificações do produto. "Precisamos fazer essas adaptações porque as aplicações são diferentes."
O presidente da Mercedes relata que o grupo Daimler, controlador da marca, está investindo em veículos autônomos para utilização nas estradas, o que deve trazer segurança e economia de combustível. No entanto, para Schiemer, ainda vai demorar um tempo para o caminhão 100% autônomo chegar ao mercado, principalmente pelo desafio da questão jurídica, pois ainda é difícil um consenso sobre quem seria responsabilizado em caso de acidentes.
"Também falta infraestrutura de telecomunicações no Brasil inteiro para oferecer esse tipo de caminhão nas estradas. A tecnologia do 5G, por exemplo, é essencial", pondera o executivo.
Ele garante, porém, que a oferta desse tipo de tecnologia da marca no mercado brasileiro não está muito atrás de outras regiões. "A aplicação que oferecemos no Brasil é inédita e estamos bem próximos de outros países. E vamos nos aproximar cada vez mais", assegura Schiemer.