Daniela Labella, Guilherme Delai, Pedro Calderón (em pé), Lucas Kawazoi, Pedro Jahara e Jean Peguim (sentados) (Tiago Queiroz/Divulgação)
Repórter
Publicado em 8 de dezembro de 2024 às 07h00.
LAS VEGAS — No Brasil, a falta de tempo e a sobrecarga sempre foram queixas recorrentes entre os advogados. Eles querem focar no "jurídico", mas também precisam conciliar atendimento ao cliente e redigir documentos.
A startup paulista Lexter.ai surgiu para resolver exatamente esse problema, utilizando inteligência artificial para automatizar processos e otimizar fluxos de trabalho no setor. Em janeiro, a startup vai lançar dois novos agentes virtuais que devem ajudá-la a escalar de vez.
“Esses agentes são mais do que simples ferramentas. Eles orquestram o fluxo de trabalho, economizando horas de trabalho dos advogados”, afirma um dos cofundadores, Pedro Jahara.
Os agentes não apenas respondem a perguntas como um chatbot do WhatsApp, mas gerenciam e automatizam processos, como a coleta de informações, elaboração de documentos e até a interação com clientes.
Os novos agentes virtuais lançados pela Lexter.ai terão um papel fundamental em simplificar a comunicação entre os advogados e seus clientes, além de automatizar processos repetitivos. São eles:
A Lexter.ai foi fundada em setembro de 2020, com o objetivo de integrar a inteligência artificial no mercado jurídico.
A startup nasceu da experiência de Pedro Jahara, que já tinha atuado em outras startups de tecnologia, e de Jean Peguim, advogado de formação que viu o problema na prática.
Jahara, que trabalhou em empresas de machine learning antes de fundar a Lexter, percebeu que havia uma grande oportunidade de aplicar IA para resolver problemas complexos no setor jurídico.
"Os advogados reclamavam muito da falta de tempo para realizar tarefas repetitivas", diz Jahara. "Antes, o trabalho de elaboração de peças jurídicas era extremamente demorado e manual, e os advogados tinham que gastar muito tempo com detalhes burocráticos que poderiam ser automatizados."
A ideia inicial era criar uma solução para análise de contratos, um nicho que geraria impacto rápido. No entanto, com a evolução da IA, a empresa começou a expandir seus horizontes.
Nos anos seguintes, desenvolveu produtos que incluíam a elaboração de peças jurídicas e a automação de fluxos de trabalho, tudo com base em modelos de linguagem natural (LLMs).
Isso, inclusive, atraiu a atenção da Amazon Web Services (AWS), braço de nuvem da gigante do e-commerce, que selecionou a startup brasileira para o programa de aceleração com foco em inteligência artificial generativa. Hoje, toda a operação da Lexter está na nuvem da AWS.
Desde o seu lançamento, a Lexter.ai tem atraído grandes escritórios de advocacia, como Demarest, BMA Advogados, TozziniFreire e Lobo De Rizzo.
O principal diferencial da Lexter.ai é a integração de IA para automatizar tarefas que antes eram 100% manuais, tornando o processo de revisão, elaboração e atendimento mais ágil e assertivo.
Apesar de seu foco inicial em grandes clientes, a Lexter.ai está cada vez mais voltada para escritórios menores, que representam a maior parte do mercado jurídico brasileiro — são cerca de 100 mil escritórios pelo Brasil.
Em abril deste ano, a Lexter.ai captou R$ 16 milhões em uma rodada série A. Ela foi liderada pela Alexia Ventures e recebeu a participação de Grão VC, Canary e Endeavor Scale Up.
O dinheiro foi utilizado para levar a tecnologia de IA a mais escritórios de advocacia pelo país, a partir de um modelo freemium, que oferece funcionalidades gratuitas e outras, mais complexas, pagas. O plano mais barato é de R$ 200 mensais.
Com o lançamento dos novos agentes virtuais, a Lexter.ai tem planos ambiciosos para expandir significativamente sua base de clientes.
Mais de 20 mil escritórios já utilizaram a tecnologia da Lexter, e a startup não consegue nem quantificar qual número será atingido com o lançamento dos dois novos agentes em janeiro. A expectativa pode ser dobrar, triplicar, quadruplicar... tudo dependerá da adaptação dos advogados.
Segundo Jahara, a projeção de faturamento para 2025 é cinco vezes maior que o faturamento atual, que não foi divulgado.
*A jornalista viajou a convite do Amazon Web Services (AWS)