Lee Jae-yong chega para interrogatório na Coreia do Sul: herdeiro da Samsung esteve envolvido no caso que culminou com impeachment da ex-presidente Park (Jung Yeon-Je/Pool/Reuters)
AFP
Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 07h13.
Última atualização em 25 de janeiro de 2021 às 07h16.
O herdeiro e principal dirigente da Samsung, Lee Jae-yong, não apelará da sentença de prisão de dois anos e meio por corrupção imposta pela Justiça sul-coreana, confirme anunciou nesta segunda-feira, 25, seu advogado.
Oficialmente, Lee Jae-yong é o vice-presidente da Samsung Electronics, fabricante líder mundial de smartphones e chips de memória.
Na realidade, porém, foi ele que assumiu a liderança do conglomerado desde que seu pai, Lee Kun-hee, o arquiteto da decolagem global do grupo, renunciou por problemas de saúde. O patriarca faleceu em outubro.
O herdeiro da Samsung foi condenado por corrupção e desvio de fundos no escândalo que precipitou o impeachment e prisão em 2017 da ex-presidente sul-coreana Parque Geun-hye.
Depois de um longo processo judicial que a Samsung arrastou por meio de ações judiciais, o neto do fundador do grupo foi sentenciado na semana passada a dois anos e meio de prisão pelo Tribunal Distrital Central de Seul.
"O vice-presidente Lee aceita humildemente a decisão e decidiu não recorrer", anunciou seu advogado, Lee In-jae, em um comunicado.
A decisão de não apelar da condenação pode significar que a gigante da tecnologia quer virar a página desse escândalo que manchou sua imagem.
Ainda mais quando a Promotoria, que havia pedido nove anos de prisão contra Lee, anunciou nesta segunda que também não irá recorrer, segundo a agência de notícias sul-coreana.
Considerando que ele passou cerca de um ano atrás das grades, Lee poderá solicitar liberdade condicional a partir de setembro.
Se a Samsung recorresse, teria arriscado uma sentença mais alta para Lee e qualquer pedido de liberdade condicional estaria sujeito à decisão final da Suprema Corte, explicou à AFP Kim Dae-jong, professor de economia da Universidade Sejong.
"A Samsung almeja o indulto presidencial no Chuseok", acrescentou, referindo-se ao festival da colheita e da abundância que é celebrado em setembro.
Lee foi condenado pela primeira vez em 2017 a cinco anos de prisão por corrupção, malversação de fundos e outros crimes. No julgamento de apelação, a maioria das acusações de corrupção foi rejeitada, e o Supremo Tribunal do país acabou pedindo um novo julgamento.
A Samsung é, de longe, o maior dos "chaebols", os impérios industriais familiares que dominam a 12ª maior economia do mundo. Seu faturamento global representa um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul e é crucial para a saúde econômica do país.
O caso com o herdeiro da Samsung envolvia milhões de dólares que o grupo pagou a Choi Soon-sil, a confidente nas sombras da então presidente Park.
Os subornos foram supostamente destinados a facilitar a transição de poder para o chefe do conglomerado, quando Lee Kun-hee estava acamado após um ataque cardíaco em 2014.
Há duas semanas, o Supremo Tribunal confirmou definitivamente a pena de 20 anos de prisão para a ex-presidente Park.
Esse escândalo voltou a destacar os vínculos preocupantes entre o governo sul-coreano e as grandes famílias que controlam os "chaebols", os conglomerados por trás da prodigiosa recuperação do país após a Guerra da Coreia.
Em maio de 2020, o herdeiro se desculpou publicamente na mídia, em particular pelo polêmico processo de sucessão que lhe permitiu assumir a liderança do grupo fundado por seu avô Lee Byung-chull.
Lee Jae-yong havia até prometido que seria o último na linha de sucessão familiar e que seus filhos não herdariam a companhia. Seu pai e avô também tiveram problemas com a lei, mas nenhum deles cumpriu pena de prisão.