CCR: "Considerando os números de tráfego do período, ainda não dá pra dizer que há sinais de recuperação da economia" (CCR/Divulgação)
Reuters
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 18h48.
São Paulo - A operadora de concessões de infraestrutura CCR informou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de 1,15 bilhão de reais no terceiro trimestre, um salto de 366 por cento sobre um ano antes, após a receita extraordinária oriunda da conclusão da venda da STP, que opera o serviço de pagamento de pedágios Sem Parar.
Em termos recorrentes, porém, o lucro da CCR no período caiu 1,7 por cento na comparação anual, para 268 milhões de reais, refletindo a queda de 1,5 por cento no tráfego das rodovias administradas pelo grupo.
"Considerando os números de tráfego do período, ainda não dá pra dizer que há sinais de recuperação da economia", disse à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da CCR, Arthur Piotto Filho. "Nossa expectativa é de que pelo menos não deve piorar mais".
O resultado operacional da companhia medido pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) em termos ajustados e recorrentes foi de 1,04 bilhão de reais, aumento de 3,2 por cento ano a ano.
A margem Ebitda nessa comparação subiu 0,8 ponto percentual.
A CCR anunciou em março a venda de sua fatia de 34 por cento do capital da STP por 1,4 bilhão de reais para uma controlada da norte-americana FleetCor Technologies.
Na época, a CCR afirmou que a operação lhe permitiria reduzir a alavancagem e ampliar sua capacidade de investimentos.
De fato, no fim de setembro a dívida líquida da companhia correspondia a 2,3 vezes o Ebitda de 12 meses, indicador que era de 2,7 vezes um ano antes.
Com os 1,2 bilhão de reais do trimestre, o volume de investimento da companhia em 2016 chegou a 3,2 bilhões de reais.
Concessões
A CCR é uma das empresas que vêm enfrentando dificuldades para pagar valores referentes a outorga de aeroportos concedidos pelo governo federal à iniciativa privada nos últimos anos.
A companhia compõe o consórcio BH Airport, formado também por Zurich Airport e Infraero. O grupo venceu a disputa pela concessão do terminal em 2013.
A BH Airport depositou em juízo valores referentes ao pagamento da outorga. As empresas que obtiveram concessões de aeroportos nos últimos anos pediram À Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) um adiamento das parcelas anuais referentes às outorgas. O argumento é que a prolongada recessão no país mudou as premissas originais dos contratos de concessão.
Segundo o executivo, a companhia vai analisar os editais de concessões de aeroportos que o governo federal pretende licitar, incluindo os terminais de Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS).