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Compra do HSBC pelo Bradesco deve resultar em demissões

"O Bradesco vai buscar reduzir custos e, com isso, muita gente vai ser despedida", diz especialista ouvido por EXAME.com


	"O Bradesco vai buscar reduzir custos e muita gente vai ser despedida", diz especialista ouvido por EXAME.com
 (Germano Lüders/EXAME.com)

"O Bradesco vai buscar reduzir custos e muita gente vai ser despedida", diz especialista ouvido por EXAME.com (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 09h57.

São Paulo - A compra da operação brasileira do HSBC pelo Bradesco por cerca de 17,6 bilhões de reais, anunciada nesta segunda-feira, deve resultar em uma série de demissões e no fechamento de agências, avaliam especialistas ouvidos por EXAME.com.

"O que interessa na aquisição de um banco é fundamentalmente a carteira de clientes. O Bradesco vai buscar reduzir custos e, com isso, muitas agências vão fechar e muita gente vai ser despedida", diz Paulo Vicente, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC).

"Se você já tem capilaridade, como é o caso do Bradesco, o que acontece é a redundância de locais onde há pontos de atendimento”, acrescenta Istvan Kasznar, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), sobre os cortes. 

Grandes demissões também ocorreram quando o Itaú se fundiu ao Unibanco, em 2008, e quando o Real foi comprado pelo Santander, no mesmo ano. Segundo Kasznar, o cenário deve se repetir com essa operação.

Além disso, como cada vez mais transações são feitas pelos meios eletrônicos, o setor dificilmente irá gerar novos empregos, acreditam os professores.

No último ano, o HSBC no Brasil amargou um prejuízo de 532,7 milhões de reais. Mas, de acordo com Vicente, isso não deve ser um grande problema para o Bradesco, que fechou 2014 com um lucro de 15,08 bilhões de reais. "O banco tem tamanho suficiente para resistir às dificuldades de um primeiro momento", considera. 

Em comunicado, a empresa informou que a aquisição do concorrente não terá impacto sobre a expectativa de lucro por ação em 2016 e só deve trazer efeitos positivos a partir de 2017.

Segmentação

Com a aquisição, o Bradesco, considerado popular, ganhou penetração no segmento de clientes de alta renda. Dos quase 5 milhões de correntistas que o HSBC tem no país, cerca de 1 milhão pode ser classificado nessa faixa.

A diferença entre o público das duas companhias abre ao Bradesco a oportunidade de criar um "novo banco", na opinião de Vicente, da FDC. "Uma possibilidade é apostar em uma setorização com agências e serviços diferenciados, como o Itaú Personnalité", diz.

Positivo para o HSBC

Ainda que tenha gerado ganhos em ativos e clientes para o Bradesco, a aquisição foi ainda mais positiva para o HSBC, afirma Kasznar.

A divisão brasileira do banco foi vendida por 5,186 bilhões de dólares (aproximadamente 17,6 bilhões de reais), valor muito acima de seu patrimônio líquido de 11,2 bilhões de reais. "Foi um negócio fabuloso para o HSBC", avalia Kasznar.

Para os especialistas, o preço ficou bem acima do esperado pelo mercado porque a transação era uma das últimas oportunidades de crescimento inorgânico para os bancos brasileiros, segundo os especialistas.

"O Bradesco pode ter pagado mais caro por uma questão de oferta e demanda, para não correr o risco de que outro grupo se interessasse pelo negócio", afirma Paulo Vicente, da FDC.

“O HSBC era um ativo único, dentro de ofertas cada vez mais escassas para o banco se consolidar”, disse Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, em conferência com jornalistas na manhã desta segunda-feira. 

Concorrência

Se a aquisição tende a ser positiva para o Bradesco e o HSBC,  ela pode não ser saudável para o setor bancário, segundo os especialistas.

"Cada vez mais o mercado fica nas mãos dessas grandes organizações (Banco do Brasil, Caixa, Itaú e Bradesco). Mas, por outro lado, foi bom que o comprador não tenha sido o Itaú", avalia Vicente, da FDC.

Em termos de ativos totais este último ainda é o maior banco privado do país, com 16,2% mercado brasileiro. Com a operação do HSBC, o Bradesco atingiu uma fatia de 16%.

Para Istvan Kasznar, da FGV, a concentração das operações crédito (e consequentemente das taxas de juros e rendimento) por poucos bancos é ruim para a concorrência e para o consumidor.

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