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Compra da Seara pelo JBS pode envolver outros ativos

Com a transação, o Marfrig perde 30% do tamanho, mas, em contrapartida, consegue dinheiro para reduzir em mais de 60% a dívida líquida


	A venda da Seara foi a saída encontrada pelo Marfrig para reduzir rapidamente o endividamento e ganhar fôlego financeiro para voltar a crescer
 (Divulgação/Marfrig)

A venda da Seara foi a saída encontrada pelo Marfrig para reduzir rapidamente o endividamento e ganhar fôlego financeiro para voltar a crescer (Divulgação/Marfrig)

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Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2013 às 09h03.

São Paulo - A transação que envolve a venda da Seara no Brasil pelo frigorífico Marfrig, ao JBS, antecipada no sábado, 8, pelo blog da colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Sonia Racy, e confirmada nesta segunda-feira, 10, pela Marfrig, pode incluir outros ativos do grupo, disseram ao jornal O Estado de S. Paulo, fontes próximas à negociação.

Com a transação, o Marfrig perde 30% do tamanho, mas, em contrapartida, consegue dinheiro para reduzir em mais de 60% a dívida líquida, que, em março, era de R$ 9,95 bilhões, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

A venda da Seara foi a saída encontrada pelo Marfrig para reduzir rapidamente o endividamento e ganhar fôlego financeiro para voltar a crescer. “Com o negócio, o Marfrig não precisará vender outros ativos”, disse uma fonte próxima à empresa.

O alívio financeiro permitirá que o Marfrig preserve negócios considerados estratégicos em nível global. O mais importante deles é a Keystone Foods, que atua em mais de 50 países e tem acesso ao mercado chinês.

A Seara foi uma das cerca de 40 aquisições feitas pelo Marfrig nos últimos cinco anos, em uma estratégia para crescer rapidamente, mas que fez a dívida atingir níveis considerados elevados demais pelo mercado.

A Seara foi comprada da Cargill em setembro de 2009, por pouco mais de US$ 700 milhões. Hoje é a segunda maior produtora de carne de aves e suínas no Brasil, atrás da líder BRF, com presença também na área de alimentos processados, como pizzas e lasanhas, e faturamento anual de R$ 7,14 bilhões, segundo dados de 2012.

Parte da expansão se deveu à ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, em 2010, comprou R$ 2,5 bilhões de debêntures da empresa numa aposta de transformar o grupo numa gigante global de alimentos. O banco de fomento, que também tem forte participação no JBS, não quis comentar o negócio.


Sinergia

Se o Marfrig viu seu apetite por aquisições reduzido em função da dívida, o JBS continua a comprar no mercado. “Os produtos da Seara são complementares ao portfólio do JBS, principalmente na área de frangos e embutidos. O JBS ganha mercado em segmentos em que não é forte e poderá aproveitar sinergias na distribuição dos produtos”, disse o consultor na área de alimentos e bebidas Adalberto Viviani.

Para ele, o JBS tende a avançar em todas as categorias de produtos congelados e refrigerados. A unidade de lácteos do grupo, a Vigor, anunciou neste ano a compra da tradicional fabricante de leites e requeijão Itambé.

“A área de alimentos refrigerados está se consolidando como um negócio para grandes empresas e com forte estrutura de capital. Nesse sentido, o controle da Seara pelo JBS cria um concorrente mais forte para a BRF e com muito mais gana para crescer (do que sob o comando do Marfrig).”

A compra da Seara é um passo importante no plano de expansão do JBS ao lhe garantir participação relevante no mercado de aves no Brasil, segmento que representa 40% das proteínas consumidas no País. O grupo é o maior produtor global de carne bovina, mas ainda tem presença tímida na área de frangos no País. Entrou no mercado local de aves em 2012, com o arrendamento das unidades do Doux Frangosul.

Em 2012, sua capacidade de abate de aves no Brasil era de 1,34 milhão ao dia - 20% da capacidade da BRF. No exterior, porém, o JBS já lidera a produção de frangos, com 8,5 milhões de aves abatidas por dia.

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