Loja da Noha Shoes: Hoje, são 20 unidades espalhadas por cidades como Recife, Fortaleza, São Paulo, Balneário Camboriú e Goiânia. Do total, 11 são lojas próprias e 9 são franquias (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 12h59.
O mercado de moda masculina no Brasil mudou. Há uma década, poucas marcas apostavam em inovação no segmento de calçados. Enquanto marcas femininas renovavam coleções e buscavam tendências internacionais, o setor masculino permanecia estagnado, dominado por modelos tradicionais e pouca variedade.
Foi essa lacuna que João Andrade Lima e seus sócios identificaram ao criar a Noha Shoes. Fundada em 2016, a empresa pernambucana cresceu ao trazer para o mercado brasileiro um conceito inspirado no design italiano, com modelos contemporâneos e alinhados às novas exigências do consumidor.
Em oito anos, alcançou a quarta posição no ranking nacional de calçados masculinos e fechou 2023 com R$ 41 milhões em vendas. Em 2024, o negócio faturou R$ 52 milhões."A nossa tese sempre foi que o homem brasileiro mudou, mas o mercado de calçados não acompanhou essa evolução. Identificamos um espaço e criamos um produto que faltava", afirma João Andrade Lima, cofundador da marca.
Agora, a Noha busca acelerar seu crescimento. Com 20 lojas pelo país, a empresa pretende atingir 100 pontos de venda nos próximos anos e projeta faturar R$ 200 milhões até 2030. Para isso, avalia a entrada de um investidor estratégico que ajude na expansão nacional.
A ideia da Noha Shoes surgiu anos antes da fundação da empresa. Em 2005, João Andrade Lima e seus dois sócios moravam na Espanha, onde faziam faculdade. Durante uma viagem à Itália, observaram um contraste no estilo masculino europeu e brasileiro.
"O homem italiano presta atenção nos detalhes: o sapato, o relógio, o caimento da roupa. No Brasil, o mercado não oferecia muitas opções para quem queria se vestir assim. O homem brasileiro mudava, mas os sapatos eram sempre os mesmos", conta Lima.
O insight ficou guardado por quase dez anos. Em 2014, os sócios abriram um outro negócio juntos e retomaram a conversa. Começaram a pesquisar o setor e perceberam que nenhuma marca focava exclusivamente no design e na inovação dos calçados masculinos.
Para testar a ideia, foram a Franca, polo da indústria calçadista no interior paulista, e encomendaram os primeiros modelos. Sem loja, guardaram os pares na garagem de um dos sócios e começaram a vender para amigos. A demanda foi maior do que esperavam. Com o sucesso inicial, abriram uma pequena loja de rua em Recife.
O momento era desfavorável para o varejo – 2016 foi o ano do impeachment de Dilma Rousseff e da recessão econômica –, mas a Noha prosperou. O desempenho chamou a atenção de shoppings, que buscavam novas operações para ocupar lojas vazias.
A marca foi convidada a abrir seu primeiro ponto comercial em um shopping da cidade. O resultado validou a tese de que havia espaço para um novo player no mercado.
Os sócios da Noha Shoes: meta de 100 unidades até 2030 (Divulgação/Divulgação)
Com a entrada nos shoppings, a Noha começou a atrair franqueados interessados em replicar o modelo de negócio. Para estruturar a expansão, trouxe novos investidores, entre eles Julian Tonioli e Leo Pinho, da consultoria Auddas, e Gustavo Ahrends, da Norte Ventures.
Com mais capital e uma estratégia definida, a empresa acelerou a abertura de lojas. Hoje, são 20 unidades espalhadas por cidades como Recife, Fortaleza, São Paulo, Balneário Camboriú e Goiânia. Do total, 11 são lojas próprias e 9 são franquias.O crescimento veio acompanhado da diversificação do portfólio. Além de sapatos, a Noha passou a vender óculos, carteiras, cintos e acessórios. Hoje, 10% da receita da marca vem de produtos além do calçado.
O tíquete médio da empresa também chama atenção. Enquanto grandes redes de calçados trabalham com valores em torno de R$ 300, a Noha tem um tíquete médio de R$ 640. O diferencial está na proposta: a empresa vende um produto de design exclusivo, com materiais premium e um serviço personalizado no atendimento.
O modelo de negócio da Noha se apoia em cinco pilares:
Para viabilizar esse crescimento, a Noha está em conversas com investidores e avalia parcerias estratégicas com grupos do varejo. "Não estamos apenas buscando capital, mas um parceiro que traga inteligência de mercado e ajude a consolidar a marca nacionalmente", diz Lima.
A empresa vê oportunidade para ocupar o espaço deixado por concorrentes tradicionais. O mercado masculino ainda é fragmentado, com marcas regionais como Sérgio’s no Nordeste e CNS no Sudeste. A única grande rede consolidada é a Democrata, que tem 110 lojas e está no mercado há mais de 40 anos.
"O Brasil tem um mercado enorme e ainda pouco explorado no segmento de calçados masculinos. Nosso plano é acelerar e ocupar esse espaço", diz Lima.
Se o ritmo de crescimento continuar, a Noha pode mudar o cenário do varejo de calçados no Brasil. Em um setor dominado por marcas tradicionais, a empresa aposta na inovação para liderar o mercado.