(Youtube/Reprodução)
Agência O Globo
Publicado em 18 de agosto de 2021 às 10h48.
Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 18h00.
Uma rara reação alérgica, que deixou seu sistema imunológico enfraquecido e exigiu seu isolamento, foi o pontapé inicial para Johnny Boufarhat começasse a esboçar, na cozinha de seu apartamento em Londres, no início de 2019, os códigos de programas para uma plataforma de eventos on-line, que deu origem à Hopin Ltd.
Boufarhat é o último millennial a se tornar um bilionário que se fez sozinho, à medida que o boom em tecnologia, finanças e SPACs (Special Purpose Acquisition Companies ou companhias de propósito específico de aquisição em português) cria vastas fortunas em um ritmo alucinante.
Existem atualmente 19 pessoas com menos de 40 anos entre as 500 mais ricas do mundo, de acordo com o índice Bloomberg. Boufarhat, que hoje mora na Espanha, vendeu ações no valor de cerca de 130 milhões de libras (US$ 180 milhões) de julho de 2020 a março de 2021, ficando com cerca de 40% do capital da Hopin, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Foi tão ruim que por anos eu mal consegui sair de casa”, disse Boufarhat, 27 anos, em uma postagem de junho de 2020 em seu blog no qual relatou o episódio de alergia e como surgiu a ideia para a plataforma. “Queria ir a eventos. Eu queria conhecer pessoas”, acrescentou.
Este mês, a startup levantou US$ 450 milhões em investimentos, e agora está avaliada em US$ 7,8 bilhões. Assim, a participação de Boufarhat vale agora cerca de US$ 3,2 bilhões, tornando-o um dos mais jovens bilionários do mundo, de acordo com o Índice Bloomberg Billionaires.
Procurado pela reportagem, um porta-voz da Hopin se recusou a tecerr comentários sobre o patrimônio líquido de Boufarhat.
A tecnologia e a facilidade de levantar capital de risco criaram um número muito maior de novos bilionários e em idades cada vez mais jovens.
A fortuna de Boufarhat destaca o rápido crescimento da Hopin em tempos de pandemia, tornando-a uma grande vencedora em meio à mudança global para reuniões on-line depois das medidas de restrições impostas pelos governos e das empresas mandarem seus funcionários ficarem em casa.
Hopin tinha seis funcionários no início de 2020 e, agora, tem mais de 800. A empresa acelerou seu crescimento este ano por meio de aquisições, incluindo as empresas de tecnologia de vídeo StreamYard, Streamable e Jamm.
Em junho, a start-up também anunciou a compra da Boomset, uma plataforma de gerenciamento para eventos presenciais e híbridos.
Embora Hopin seja registrada em Londres, não tem uma sede própria. Boufarhat disse, em sua postagem de blog para marcar a última rodada de arrecadação de fundos, que ele está procurando manter uma força de trabalho totalmente remota. Ele também está apostando que o mundo não vai voltar a ser como era antes da pandemia de Covid:
“Nosso futuro será aquele em que as pessoas poderão participar das experiências que são importantes para elas — onde quer que estejam. Em outras palavras, é um futuro alinhado à visão inicial da Hopin”.
Na opinião de seus primeiros apoiadores, a visão de Boufarhat para Hopin sempre foi clara.
— Ele tem uma paixão incrível por seus negócios — disse Tom Wilson, sócio da empresa de capital de risco Seedcamp, também com sede em Londres, que liderou a rodada pós-investimento anjo da Hopin em 2019.
— Fomos muito rápidos em nos comprometermos, o que não é algo que fazemos o tempo todo— disse Wilson, lembrando a resposta dele e de seus colegas ao argumento de Boufarhat. — Todos nós nos viramos e dissemos: ‘ Uau, isso é incrível'.
CEO da Hopin, Boufarhat nasceu na Austrália, filho de pais nascidos no Líbano e na Armênia, mas mudou-se ainda adolescente para o Reino Unido. Ele se formou em engenharia mecânica e gestão pela Universidade de Manchester, onde desenvolveu um aplicativo para estudantes encontrarem descontos.
No fim de 2019, o programador autodidata lançou uma versão inicial da Hopin, que permite aos usuários participar de sessões durante os eventos e interagir com os participantes por meio de videoconferências individuais automatizadas.
Boufarhat inicialmente planejou lançar a plataforma de eventos em setembro de 2020, mas a pandemia o forçou a acelerar o cronograma em seis meses.
Entre os jovens novos bilionários estão os irmãos Collison — Patrick, de 32 anos, e John, de 31: eles valem cada um US$ 11,4 bilhões por meio da empresa de pagamentos on-line Stripe, de acordo com o índice de riqueza da Bloomberg.
Nikolay Storonsky,de 37 anos, fundador da Revolut, acumula uma fortuna de cerca de US$ 6,7 bilhões, enquanto Austin Russell, de 26, que abandonou a Universidade de Stanford, se tornou um bilionário no ano passado, depois que sua empresa de carros autônomos, a Luminar Technologies Inc., abriu o capital.