Ricardo Salinas, chairman do Grupo Elektra e TV Azteca (Susana Gonzalez/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2015 às 21h06.
O mexicano Ricardo Salinas, cujas transações o catapultaram para uma fortuna líquida de US$ 10,2 bilhões no final do ano passado, agora está vendo como suas finanças entram em queda livre.
E isto começou antes da agitação do mercado mundial da segunda-feira.
Antes da corrida para venda, os dois maiores investimentos de Salinas – a emissora TV Azteca SAB e o conglomerado varejista e bancário Grupo Elektra SAB – tinham perdido US$ 5,9 bilhões juntos desde o começo do ano.
E até o momento, ele experimentou uma queda de 49 por cento da sua fortuna, para US$ 5,2 bilhões. Agora ele é a 260° pessoa mais rica do mundo no Billionaire Index da Bloomberg – frente a 113° no final de 2014.
Mesmo antes que o peso mexicano atingisse valores mínimos recordes e o governo diminuísse sua previsão de crescimento, as companhias de Salinas estavam enfrentando outros desafios.
As vendas da TV Azteca caíram no trimestre passado em meio à estagnação do setor de varejo e porque os anunciantes gastaram mais em plataformas digitais do que em transmissões de TV, segundo Homero Ruiz, analista da Signum Research.
Até a sexta-feira, a TV Azteca, comprada por Salinas em 1993 para concorrer com o Grupo Televisa SAB, tinha perdido mais de metade do seu valor neste ano.
Ações
“Certamente há uma falta de confiança dos investidores na companhia”, disse Ruiz em entrevista por telefone da Cidade do México. “Não acredito que tenhamos observado o final da queda para a Azteca; as margens continuarão recuando. Significa uma situação crítica para uma empresa de mídia”.
Enquanto isso, as ações da Elektra alcançaram seu menor valor em oito anos nesta semana. Apesar de uma alta nas vendas de varejo, a unidade bancária da empresa – o Banco Azteca, que representa cerca de dois terços das suas operações – está prostrando o desempenho das ações neste ano, disse Francisco Guzmán, analista da Interacciones Casa de Bolsa SA.
Salinas e sua família são donos de 73 por cento das ações da Elektra e de 65 por cento das ações da TV Azteca. Um assessor de imprensa do Grupo Salinas disse que a empresa não comenta sobre os preços das suas ações e não quis comentar sobre outros assuntos da companhia.
Perspectiva sombria
Salinas não é o único bilionário mexicano que está tendo um ano ruim.
Carlos Slim, a quarta pessoa mais rica do mundo, perdeu cerca de US$ 15,4 bilhões em 2015 porque um desmoronamento dos preços do ouro está derrubando sua companhia mineradora, a Minera Frisco SAB, e seu colosso da telefonia, a América Móvil SAB, continua sofrendo com a desvalorização do peso e por mudanças feitas por um órgão regulador.
Na segunda-feira, o peso declinou 1,2 por cento, para 17,2011 por dólar, enfraquecendo-se para além de 17 pela primeira vez desde sua revalorização em 1993.
A perspectiva econômica também não está melhorando. Embora os ganhos nas vendas de varejo e no crédito para consumidores do México tenham ajudado a alimentar uma expansão moderada no primeiro semestre, o banco central baixou sua previsão de crescimento para 2015 neste mês, mencionando um declínio na produção de petróleo.
Neste ano, os investidores estão preocupados com as altas taxas de inadimplência no Banco Azteca, disse Guzmán da Interacciones.
Em junho, a taxa de inadimplência do Banco Azteca foi de 9,1 por cento, em comparação com uma média de 3 por cento para os bancos, segundo os últimos dados do órgão regulador bancário do México.
“No que tange a por que os números da Elektra têm sido tão ruins, grande parte disso se deve ao setor financeiro”, disse Guzmán em entrevista da Cidade do México.
“Quando eles limparem a carteira de empréstimos, e começarmos a observar crescimento, então observaremos uma reação do mercado acionário”.