Apartamento da Mitre: espaços maiores são mais valorizados (Mitre/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 7 de novembro de 2020 às 08h00.
Última atualização em 9 de novembro de 2020 às 07h50.
Para seis em cada dez brasileiros, esse é o melhor momento para a compra de um imóvel. A taxa de juros mais baixa e o desejo de um imóvel maior aquecem o mercado imobiliário e aceleram os planos de construtoras em todo o Brasil. Entre aqueles que acreditam ser um bom momento para a compra de imóvel, 19% citam os preços bons, 13% os juros baixos e 10% o aumento da oferta, segundo um estudo exclusivo preparado pelo Grupo Zap para a EXAME. O estudo revela a dimensão do momento de transformação do mercado de imóveis residenciais no país. Confira o material completo na reportagem da última edição da revista EXAME.
Em pesquisa realizada pela Tegra Incorporadora nas cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, praças em que a empresa atua, 73% dos consumidores afirmaram ter vontade de mudar de imóvel após a pandemia. Os principais fatores que motivam esse comportamento são a busca por uma metragem maior da unidade (35%), ter um imóvel com terraço/varanda (32%) e a localização do imóvel (26%). “Apenas 19% pensam em trocar o apartamento por uma casa, ou seja, projetam estas melhorias para os apartamentos”, explica Andrea Bellinazzi, diretora de inteligência de mercado na Tegra.
Se antes a tendência era morar próximo ao trabalho em bairros mais valorizados - e abrir mão de espaço para poder bancar essas regiões - hoje o home office permite que as pessoas busquem apartamentos maiores e em bairros mais distantes.
Focada principalmente em apartamentos para a baixa renda, a MRV percebe que o setor mais aquecido hoje não é de seus imóveis mais acessíveis, mas sim dos produtos logo acima do tradicional, com uma área maior e varandas.
Já a You, especializada em compactos com apartamentos de até dois dormitórios, hoje 50% das vendas estão entre apartamentos de dois a três dormitórios. A incorporadora vai lançar cerca de 1 bilhão de reais em imóveis nos próximos meses, o maior valor de sua história. Terraços e um quarto extra para o home office também estão entre as preferências dos consumidores.
Se hoje os apartamentos maiores são mais buscados, antes da pandemia a maior tendência eram os imóveis compactos, como estúdios ou apartamentos de um dormitório em regiões centrais e perto do transporte público. De acordo com as construtoras, ainda há espaço para essa tendência.
"A geração mais jovem chega ao mercado imobiliário muito mais cedo que as anteriores. Aos 20 e poucos anos, essas pessoas querem sair da casa dos pais e não querem se prender a um imóvel. Essas unidades compactas são ocupadas por essa nova geração", diz Mitre, presidente da incorporadora que leva o seu nome.
A pandemia também alterou a planta das áreas comuns dos prédios. Mais do que ter um quarto extra para usar de escritório, os empreendimentos mais novos já contam com um espaço compartilhado para o trabalho remoto.
Na Mitre, todos os novos prédios são lançados com um espaço de coworking, com mesas, sofás e cadeiras, conexão wifi e até salas de reunião. Outra mudança que a pandemia trouxe às plantas dos condomínios foi uma área específica para delivery, com armários refrigerados individuais para cada apartamento. Assim, os condôminos podem receber as refeições sem contato com os entregadores e a entrega fica mais organizada.
Os espaços comuns ficaram mais sofisticados. Na You, a área de lazer dos prédios conta com espaços para as crianças e até cozinhas desenvolvidas para receber amigos. Alguns empreendimentos novos da Cyrela contam pequenas áreas com lojas e acesso para não moradores, um uso da fachada do edifício que é encorajada, por exemplo, pela lei de zoneamento Plano Diretor da cidade de São Paulo.
A pesquisa da Tegra também identificou que 55% dos paulistanos já fizeram alguma reforma no apartamento atual, mesmo caso de 63% dos respondentes de Campinas e de 68% dos cariocas. “As pessoas estão preparando sua casa para o bem estar e cuidando melhor de cada canto”, diz Bellinazzi.