Repórter de Negócios
Publicado em 24 de outubro de 2024 às 18h02.
Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 10h20.
Toxina botulínica, ácido hialurônico e bioestimuladores de colágeno. Se você faz procedimentos estéticos (ou está familiarizado com este mercado), provavelmente já cruzou com algum produto da Galderma. Conhecida por liderar a venda de injetáveis, a farmacêutica especializada em produtos dermatológicos registrou US$ 3,2 bilhões (aproximadamente R$ 18 bilhões) em vendas globais nos primeiros nove meses do ano, alta de 9,2%.
Do sabonete de rosto ao insumo do procedimento estético, todas as frentes de negócio cresceram até o terceiro semestre. Além dos produtos injetáveis, que registraram crescimento de 10,6%, o skincare dermatológico cresceu 10,6% e a categoria de dermatologia terapêutica, que trabalha com produtos para tratamento de acne e rosácea, por exemplo, avançou 2,9%.
O bom resultado é fruto do aumento das vendas e do ganho de eficiência operacional, o que também contribuiu para a redução da alavancagem.
A companhia suíça tem no portfólio marcas de dermocosméticos como Cetaphil e a de injetáveis Sculptra. Fundada em 1981 numa joint venture da Nestlé com a L'Oréal, a companhia fez em março deste ano o maior IPO em décadas na Suíça. Na bolsa, a companhia vale US$ 18,5 bilhões. A empresa francesa, que tinha deixado o negócio em 2014, retornou recentemente ao comprar uma participação de 10%.
"Após a realização do nosso IPO, conseguimos não apenas acelerar o crescimento das vendas mas também reduzir nossa alavancagem de 3 para 2,6, refletindo nosso compromisso com uma disciplina financeira rigorosa e uma gestão eficiente dos recursos", diz Ligia Santos, gerente-geral da Galderma no Brasil.
A companhia não abre os números da operação no Brasil, o seu terceiro principal mercado — atrás apenas de Estados Unidos e China. Nos últimos cinco anos, o gigante da dermatologia trabalhou para se tornar a cara dos procedimentos estéticos no país, o que depende (e muito) do apoio dos profissionais que atuam neste mercado.
Além de atuar em toda a cadeia de consumo, a Galderma aumentou a força de vendas focada em médicos dermatologistas e investiu na oferta de serviços para profissionais da área. No mundo, 130 mil profissionais foram treinados no último ano, dos quais 2 mil são brasileiros.
"Além de promover insumos e desenvolver novas moléculas, a Galderma atua na educação dos profissionais da área e dos consumidores", diz a executiva.
Os resultados não demoraram muito para aparecer. A companhia passou a ter cinco das suas seis principais marcas liderando o mercado brasileiro.
Entre as mais conhecidas está o bioestimulador de colágeno Sculptra, queridinho de celebridades e criadoras de conteúdo nas redes sociais. A garota-propaganda do produto por aqui é Sabrina Sato.
O mercado de dermocosméticos no Brasil registrou um crescimento de mais de 14% em 2023, segundo a IQVIA, consolidando o país como um dos líderes globais na busca por tratamentos estéticos.
Essa tendência se reflete não apenas no aumento das vendas de produtos voltados para cuidados com a pele mas também a crescente demanda por cirurgias plásticas e procedimentos estéticos não cirúrgicos, posicionando o Brasil como o segundo colocado mundial nesse setor, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
As projeções para o futuro do setor também são otimistas. Até 2028, a estimativa é de que o mercado de estética, que abrange tanto os produtos dermocosméticos quanto os procedimentos médicos, alcance US$ 25,9 bilhões, quase o dobro dos números atuais, segundo estudo da Markets and Markets, que analisa as tendências do mercado de estética global.
Desde 2014, A Galderma conta com uma fábrica em Hortolândia, interior de São Paulo. Responsável pela produção de produtos da linha Cetaphil e outros dermocosméticos, a planta vai receber um investimento de R$ 200 milhões para expansão da planta.
"A ideia é atender o aumento de demanda de dermocosméticos no mercado interno e na América Latina", diz a executiva.