Para Lojas Americanas e B2W, a união entre os canais físicos e digitais chega em um momento essencial para a empresa recuperar sua relevância (Alexandre Battibugli/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 17h00.
Última atualização em 9 de dezembro de 2019 às 18h07.
A Lojas Americanas e a B2W, que operaram de forma separada apesar de ter os mesmos controladores, irão se unir cada vez mais para impulsionar o crescimento das operações online e offline. Entre as iniciativas feitas em conjunto, as duas empresas irão abrir novos centros de distribuição para acelerar as entregas, fortalecer sua divisão de meios de pagamento e até criar um novo modelo de loja.
Com as iniciativas, a Lojas Americanas prevê alcançar um crescimento de, pelo menos, 40% na receita bruta até 2022 em relação a 2019, de acordo com plano apresentado durante o Dia de Investidores que aconteceu na semana passada.
Já a B2W, responsável pelo comércio eletrônico das marcas Americanas.com, Submarino e Shoptime, prevê mais do que dobrar de tamanho nos próximos três anos. Para isso, ela pretende alcançar 100 milhões de itens em seu sortimento e 150 mil sellers conectados na plataforma do B2W Marketplace.
A Lojas Americanas existe há 90 anos e a B2W, há 13 anos, criada para unir os sites Americanas.com e Shoptime. A B2W nasceu em 2006 como uma companhia separada devido a um propósito: ser a maior do comércio eletrônico no Brasil. A empresa chegou a dominar 40% do varejo online brasileiro em 2008, fatia superior à da Amazon no varejo americano atual.
Mas o impulso que o Magazine Luiza ganhou com a integração entre os canais nos últimos anos e o avanço do Mercado Livre foram o suficiente para romper com o domínio. Agora, cada vez mais, B2W e Lojas Americanas unem sistemas e malha logística para retomar o espaço perdido.
A Lojas Americanas lançou um novo modelo de loja digital, para testar mercados novos e aumentar a capilaridade do negócio, com baixo investimento. O alvo são cidades pequenas do interior. A ideia é agregar, em um único lugar, serviços e produtos do mundo online e off-line, além de funcionar como um pequeno centro de distribuição com soluções como Pegue na Loja e Pegue na Loja Hoje.
Com área média de 70 metros quadrados, o sortimento será mais selecionado, com foco em eletrônicos. Os consumidores também terão acesso a mais de 20 milhões de produtos disponíveis no site Americanas.com, diz a empresa.
Outra iniciativa para unir os dois canais - e empresas - é a integração dos centros de distribuição. Já são 15 espaços operados pelas duas companhias. Nos próximos anos, para dar suporte ao crescimento, Lojas Americanas e B2W Digital vão abrir sete novos centros de distribuição nos estados do Pará, Ceará, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Com os novos espaços, as companhias irão ampliar sua capacidade de armazenagem de 640 mil metros quadrados para 1 milhão de metros quadrados. A Let's, de gestão compartilhada da logística e centros de distribuição da Lojas Americanas e da B2W, realiza 41 milhões de entregas por ano.
A Ame, fintech de meios de pagamento, adquiriu recentemente as empresas Pedala e Courri, especializadas em entregas rápidas por bicicletas e patinetes. As aquisições irão acelerar a Ame Flash, modalidade de entrega em até duas horas, fazendo entregas nos grandes centros urbanos com mais de 800 entregadores conectados.
As empresas também preveem expandir para além do Brasil e irão abrir um escritório conjunto na China no primeiro semestre de 2020.
O objetivo é estarem mais próximas dos fornecedores locais, antecipar tendências de inovação, aumentar a importação de produtos e atrair lojistas parceiros para a Americanas Mundo, a operação de cross border da Americanas.com. As companhias esperam também desenvolver e captar talentos para essa oportunidade de trabalho internacional.
Se em 1999 as duas empresas alcançavam 26% da população com 90 lojas em 39 cidades, em 2019 chegaram a mais de 1.600 lojas e mais de 700 cidades, com 224 inaugurações no último ano.
O volume geral de vendas, que em 1999 era de 1,5 bilhão de reais, chegou a 30,7 bilhões de reais nos últimos 12 meses. As duas empresas têm 38 milhões de clientes ativos juntas. Até 2022, as companhias esperam alcançar 46 milhões de consumidores e realizar 552 milhões de transações.
Nos nove primeiros meses de 2019, a companhia teve um volume geral de vendas de 21 bilhões de reais, incluindo vendas das lojas físicas, da B2W e de seu marketplace, crescimento de 15,5% em relação ao ano anterior.
Já o Magalu chegou a 18,3 bilhões de reais em vendas totais no mesmo período, crescimento de 33% em relação a 2018, e a Via Varejo reportou receita bruta de 20,97 bilhões de reais nos três primeiros trimestres do ano, queda de 4,8%.
As concorrentes também investem na integração entre os canais. A Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, unificou os sistemas online e offline em julho deste ano.
Recentemente, o Magalu anunciou uma parceria com a empresa de tecnologia para o varejo Linx que permitirá a retirada de produtos comercializados por terceiros nas plataformas de venda online do Magalu direto na loja física do vendedor. O marketplace da varejista conta com 11 mil vendedores e essa modalidade é responsável por 26% de todo seu faturamento em e-commerce.
O Mercado Livre, que não possui lojas físicas, investe fortemente no país e irá desembolsar mais de 3 bilhões de reais no Brasil no próximo ano, com foco em serviços financeiros e logística.
Para Lojas Americanas e B2W, a união entre os canais físicos e digitais chega em um momento essencial para a empresa recuperar sua relevância.