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Como esta livraria mineira driblou a crise no setor, não para de crescer e já faz R$ 770 milhões

Livraria Leitura tem 121 lojas espalhadas pelo Brasil e deve abrir pelo menos mais 10 unidades em 2025

Marcus Teles, CEO da Livraria Leitura: “As pessoas ainda leem muito. Jovens alugam ônibus inteiros para ir a Bienais. Livros devocionais geram filas enormes. Há muita oportunidade” (Alexandre Resende/Nitro)

Marcus Teles, CEO da Livraria Leitura: “As pessoas ainda leem muito. Jovens alugam ônibus inteiros para ir a Bienais. Livros devocionais geram filas enormes. Há muita oportunidade” (Alexandre Resende/Nitro)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 5 de março de 2025 às 08h50.

O mercado de livros no Brasil viveu dias difíceis nos últimos anos. A gigante Saraiva quebrou, e a Cultura, outra enorme do setor, reduziu drasticamente de tamanho depois de uma recuperação judicial. Não bastasse isso, o número de leitores caiu e o e-commerce ganhou espaço.

Mas, enquanto muitas livrarias encolheram ou fecharam as portas, uma rede mineira fez o caminho oposto: expandiu, faturou e virou a maior do país.

A Leitura, fundada em Belo Horizonte, já tem 121 lojas espalhadas pelo Brasil e fechou 2024 com 770 milhões de reais em receita. O segredo? Não depender só de livros, entender o público e crescer com pé no chão. “Existe uma disputa de tempo. As pessoas estão lendo muito mais WhatsApp e redes sociais”, afirma Marcus Teles, presidente da Leitura.

Agora, a rede se prepara para um novo salto, com mais lojas e a meta de chegar perto do primeiro bilhão de reais em faturamento.

Qual é a história da Leitura

Tudo começou em 1967, quando os primos Emídio e Lúcio Teles abriram um sebo na Galeria Ouvidor, no centro de Belo Horizonte.

O nome original era "Lê", uma referência às iniciais dos fundadores. O negócio cresceu e, nos anos 1980, Marcus Teles, irmão de Emídio, entrou na operação. Hoje, ele comanda a maior livraria do país.

O grande salto veio em 1998, com a primeira megastore no BH Shopping. Dois anos depois, a Leitura saiu de Minas e abriu a primeira loja em Brasília.

Uma das grandes sacadas da rede foi apostar em um modelo de sócio-gerente, parecido com o que Outback e Coco Bambu fazem na área de restaurantes. Quem assume uma unidade vira dono de uma parte do negócio e cuida da operação no dia a dia. Hoje, 70% das lojas funcionam assim.

“Se o dono da loja está ali, ele percebe o que o público quer. Se for uma loja perto de faculdade, pode trazer mais livros didáticos. O resultado? As vendas sobem”, afirma Teles.

Quais são as estratégias para crescer

O que diferencia a Leitura de outras redes que não sobreviveram? Alguns fatores:

  • Mix variado: a Leitura entendeu que uma livraria precisa ser mais do que livros. Por isso, aposta em papelaria, decoração, presentes e até cafeterias dentro das lojas.
  • Lojas menores e estratégicas: enquanto algumas redes apostavam em megastores gigantes, a Leitura reduziu suas unidades para 500 metros quadrados, diminuindo custos e escolhendo pontos de alto fluxo.
  • Crescimento sustentável: a empresa sempre operou com dinheiro em caixa, sem grandes endividamentos. Quando a Amazon chegou ao Brasil derrubando os preços dos livros, a Leitura não entrou na guerra. Pelo contrário, nem vendeu online entre 2015 e 2019, focando na experiência física.
  • Eventos para atrair público: no ano passado, foram 3.000 encontros com escritores, movimentando as lojas e fidelizando leitores.

Quais são os próximos passos

Mesmo depois de dobrar de tamanho desde 2018, a Leitura ainda vê espaço para crescer. Para 2025, a meta é abrir pelo menos mais 10 lojas e vender 12 milhões de livros, 1 milhão a mais que no ano passado.

O grande desafio será encontrar novos pontos estratégicos, já que os espaços deixados pela Saraiva praticamente se esgotaram. Além disso, a disputa pela atenção do público segue forte. Mas Teles está otimista:

“As pessoas ainda leem muito. Jovens alugam ônibus inteiros para ir a Bienais. Livros devocionais geram filas enormes. Há muita oportunidade”, diz o CEO da Leitura.

Se continuar nessa toada, a rede pode chegar perto do primeiro bilhão de reais em faturamento em breve. E, em um mercado que já viu tantos tombos, a Leitura segue provando que, para quem sabe inovar, sempre há um novo capítulo pela frente.

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