Negócios

Como esse autodidata se tornou bilionário e um dos maiores concorrentes de Musk na corrida espacial

Com foco em pequenos satélites, Peter Beck levou a Rocket Lab ao mercado global e se tornou um dos nomes mais relevantes do setor espacial

Peter Beck, da Rocket Lab: "O espaço era visto como um território exclusivo de governos e grandes corporações. Quisemos mudar isso” (Phil Walter/Getty Images)

Peter Beck, da Rocket Lab: "O espaço era visto como um território exclusivo de governos e grandes corporações. Quisemos mudar isso” (Phil Walter/Getty Images)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 10h31.

Tudo sobreBilionários
Saiba mais

Peter Beck não sonhava em ser astronauta nem estudou em universidades de prestígio.

Aos 17 anos, preferiu trocar as aulas por uma oficina na Fisher & Paykel, uma fabricante de eletrodomésticos na Nova Zelândia, seu país natal.

Lá, transformou o espaço de trabalho em um laboratório improvisado, onde começou a testar foguetes com materiais que encontrava nas sobras da produção.

Essa oficina foi o ponto de partida para o bilionário que hoje lidera a Rocket Lab, uma das maiores empresas de lançamentos espaciais do mundo.

Beck, hoje com 48 anos, é engenheiro autodidata e criador de soluções que desafiam gigantes como Elon Musk. Em 2024, entrou, pela primeira vez, na lista de bilionários da revista norte-americana Forbes. Sua empresa, avaliada em 13 bilhões de dólares, se destaca por lançar satélites a um ritmo que só fica atrás da SpaceX e do governo chinês.

Qual foi o caminho da oficina ao espaço

Na Fisher & Paykel, Beck fazia de tudo: ajustava máquinas, projetava equipamentos e, fora do expediente, construía foguetes artesanais.

Entre um turno e outro, criou uma bicicleta movida a foguete e até uma scooter propulsionada por motores caseiros.

Em 2003, ele aceitou um cargo em um instituto de pesquisa do governo neozelandês, onde desenvolveu tecnologias para turbinas eólicas e superconductores. Mas o fascínio pelo espaço falava mais alto.

Em 2006, fundou a Rocket Lab com o objetivo de oferecer soluções acessíveis para lançamentos de pequenos satélites. “Naquela época, o espaço ainda era visto como um território exclusivo de governos e grandes corporações. Quisemos mudar isso”, Beck afirmou em entrevistas recentes.

Seu primeiro grande marco veio em 2009, quando o foguete Atea-1, projetado por ele, alcançou o espaço a partir da costa da Nova Zelândia. Esse feito colocou o país no mapa aeroespacial e deu à Rocket Lab o prestígio necessário para atrair investidores.

Como foi o crescimento nos EUA

Em 2013, Beck transferiu a sede da Rocket Lab para os Estados Unidos, atraído pelo mercado maior e por oportunidades de parcerias com clientes governamentais.

Um ano depois, começou a desenvolver o Electron, foguete projetado para lançamentos de pequenos satélites a um custo reduzido. Sua estreia em 2017 foi um sucesso. Desde então, o Electron já lançou 197 satélites em 49 missões.

Mas não foram só foguetes que impulsionaram Beck. Em 2021, ele levou a Rocket Lab ao mercado de ações, por meio de uma fusão com uma SPAC, que avaliou a empresa em 4,1 bilhões de dólares. Os recursos financiaram a criação de novos veículos, incluindo o Neutron, um foguete maior e reutilizável, que agora compete diretamente com o Falcon 9 da SpaceX.

O ano do bilhão

O sucesso do Neutron e contratos promissores, como uma parceria com a NASA para trazer amostras de Marte à Terra, fizeram as ações da Rocket Lab subirem mais de 300% em 2024.

Isso elevou o patrimônio de Beck a mais de 1 bilhão de dólares, segundo a Forbes. Hoje, ele mantém uma participação de 10% na empresa e segue como seu principal estrategista e engenheiro.

Beck também conquistou reconhecimento por sua trajetória inusitada.

Em 2024, foi nomeado Cavaleiro Companheiro da Ordem de Mérito da Nova Zelândia. “Nunca se tratou apenas de foguetes”, disse ele recentemente. “É sobre criar acesso ao espaço, democratizar a exploração e tornar o impossível acessível.”

O futuro da Rocket Lab

Com uma receita de 245 milhões de dólares em 2023 e contratos sólidos para os próximos anos, Beck mira novas frentes. Entre elas, a reutilização total de foguetes e a expansão de sua capacidade para atender missões interplanetárias. Ele acredita que o espaço está longe de ser território saturado.

“As pessoas estão começando a perceber que, enquanto a SpaceX é a maior, há espaço para uma segunda força. Estamos focados em ocupar esse lugar”, afirmou Beck.

De uma oficina na Nova Zelândia à liderança no setor espacial, Peter Beck certamente construiu mais que foguetes.

Acompanhe tudo sobre:EspaçoFoguetesElon MuskBilionários

Mais de Negócios

Da quase falência ao topo: como a Lego evitou o colapso com apenas uma nova estratégia?

Ex-piloto e herdeiro de um banco, ele criou um império de R$ 3,2 bilhões com venda de veículos

Quem é o primeiro brasileiro a virar bilionário com inteligência artificial?

Varig quitará dívida de R$ 575 milhões com funcionários após acordo com a AGU