São Paulo - Ter mulheres na liderança é saudável não só para o ambiente de trabalho, mas também para as finanças de uma empresa, segundo pesquisas.
Dados colhidos pela McKinsey em 2013, por exemplo, mostraram que companhias latino-americanas que tinham pelo menos uma executiva em seus comitês conseguiam margens de lucro antes dos impostos 47% maiores do que aquelas com apenas homens no comando.
Um outro estudo feito pelo Credit Suisse Research Institute no ano passado revelou que corporações com mulheres no conselho tinham ações 5% mais valorizadas na bolsa do que as outras do mesmo setor, no mundo todo.
Conscientes disso, muitas empresas já criaram seus programas de diversidade e adotam estratégias para encorajar as funcionárias a assumirem posições de chefia.
Aqui no Brasil, uma delas é a BB e Mapfre. Na seguradora, há um grupo de executivas que se reúne frequentemente para discutir temas relativos à liderança feminina.
Desses encontros surgiu a ideia de criar um projeto de mentoring para que as mulheres pudessem avançar na carreira. Hoje, o aconselhamento que antes era só para elas, atende todos os funcionários de nível gerencial.
A companhia também tem um programa de acompanhamento pré-natal para as profissionais que decidem ser mães e continuar no trabalho.
Na BB e Mapfre, 48% dos gerentes são mulheres. No nível de diretores, a fatia cai para 23% e na vice-presidência, para 12,5%. A meta é deixar todos esses números o mais próximo possível de 50% dentro de três anos.
"Nós ainda não estamos em um estágio avançado do programa, mas evoluímos em um bom ritmo", disse o presidente da empresa, Marcos Eduardo Ferreira, durante a 5ª edição do Fórum Mulheres em Destaque, nesta quinta-feira (26), em São Paulo.
Outra brasileira que segue pelo mesmo caminho é a Braskem. Na química, o desafio maior é ter mulheres na operação industrial – hoje, mesmo após esforços, elas compõem apenas 18% do quadro das fábricas. Na empresa como um todo, a fatia é de 22%.
Para mudar esse cenário, a empresa tem um plano estruturado. Tudo começou quando ela recebeu um empurrãozinho de um programa de igualdade de gênero do Banco Mundial, em 2013.
Por meio dele, a consultora Carmen Niethammer passou meses na corporação fazendo pesquisas internas para mapear os pontos fracos.
"Descobrimos, por exemplo, que 32% das funcionárias que saíam de licença-maternidade não retornavam", contou Marcelo Arantes, vice-presidente de pessoas, organização e suprimentos da companhia, durante o fórum.
A partir daí, a empresa passou a adotar a licença estendida de 180 dias e começou a implantar salas de amamentação em suas unidades fabris. O objetivo é que todas elas recebam esse espaço.
"Não interessa se ganhamos isenção fiscal. Essas ações fazem parte da nossa cultura", disse Arantes.
Já na Accenture, outra companhia que se preocupa com o tema, as mulheres têm prioridade nas promoções e na formação de sucessores para a liderança.
"É maior do que ter um programa de igualdade de gênero. É se engajar, tomar decisões, optar por promover e contratar com viés voltado para as mulheres", contou o presidente da consultoria, Roger Ingold, no evento.
Lá, há também treinamentos específicos para o público feminino e licença-maternidade de 180 dias.
-
1. Poder feminino
zoom_out_map
1/15 (ThinkStock/Thinkstock)
São Paulo - Com o debate sobre a diversidade de gênero cada vez mais aquecido no país e no mundo todo, muitas
empresas passaram a ter iniciativas voltadas para incentivar as
mulheres a assumirem posições de liderança. Esse apoio é positivo não só para as funcionárias,
mas também para as companhias. Em 2013, dados da McKinsey mostraram que as organizações que tinham uma ou mais mulheres em seus comitês executivos obtinham retorno sobre o patrimônio 44% maior e margem de lucro antes dos impostos 47% acima do que os registrados por aquelas com apenas homens nessas posições. Foram estudadas 345 empresas listadas em bolsas de seis países da América Latina, incluindo o Brasil. Entre as ações estão a permissão de
home office, horários flexíveis, treinamentos voltados exclusivamente ao público feminino e até reserva de "cotas" entre candidatos a emprego. Nas fotos, conheça 14 companhias que abraçaram a ideia.
-
2. Unilever
zoom_out_map
2/15 (Exame.com/Karin Salomão)
Nos últimos três anos, a
Unilever Brasil aumentou em 15% o número de mulheres em suas posições de liderança. Em 2014, empresa chegou praticamente à equidade de gênero, com 49% de executivas. Para chegar a esses índices, a empresa inclui em seu programa de diversidade atividades de mentoring, coaching e networking voltadas ao público feminino e também permite a flexibilidade dos horários de trabalho.
-
3. Ericsson
zoom_out_map
3/15 (Jonathan Nackstrand/AFP)
As mulheres são hoje 23% dos colaboradores da
Ericsson no Brasil. Há dois anos, elas eram 19%. O objetivo da empresa é ampliar essa fatia para um terço dos funcionários até 2020. Para chegar lá, a companhia fomenta discussões sobre liderança feminina entre as suas colaboradoras e oferece coachs internos e externos. Além disso, a empresa possui um projeto pelo qual suas executivas visitam escolas técnicas e de ensino médio para estimular as estudantes a escolherem profissões do mercado de tecnologia. Nos postos de gestão, a parcela atual de mulheres na Ericsson no país é de 19%.
-
4. Groupon
zoom_out_map
4/15 (Scott Olson/Getty Images)
Por meio do projeto Women@
Groupon, a empresa convida mulheres líderes reconhecidas no mercado a falarem sobre carreira para suas funcionárias. O Groupon também incentiva as gestoras a atuarem como mentoras de suas subordinadas. No mundo todo, 47% dos colaboradores da companhia do sexo feminino. No Brasil, a parcela chega a 58%, sendo que 41% dos cargos de chefia são ocupados por elas.
-
5. Vale
zoom_out_map
5/15 (Divulgação/Vale)
Entre 2011 e 2014, fatia de mulheres no time de trabalhadores da
Vale cresceu de 11% para 14,6%. A mudança nos números aconteceu com a ajuda de um projeto de equidade de gênero que abrange discussões sobre a participação feminina no mercado de mineração e inserção do tema em treinamentos da companhia. Também foi desenvolvido um projeto piloto em que 13 líderes se tornaram mentoras de outras 13 funcionárias em início de carreira, durante o ano passado. Uma nova fase da mentoria deve começar em agosto deste ano. Atualmente, 12,2% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres na empresa.
-
6. Accenture
zoom_out_map
6/15 (GettyImages)
Dentro de cinco anos, a
Accenture conseguiu aumentar a presença feminina nas suas posições de liderança de 17% para 28,4%. A meta, porém, é ampliá-la para pelo menos 30%. Para isso, a empresa mapeou os pedidos de demissão de suas funcionárias para entender por que elas deixavam a empresa. A partir daí, a companhia começou a realizar eventos focados em atrair mulheres para o time e oferecer treinamentos específicos para o público feminino. A Accenture também permite horários flexíveis e apoia as funcionárias mães permitindo que trabalhem de casa durante meio período até que seus bebês completem um ano, além de oferecer licença-maternidade de seis meses. Hoje, 38% dos colaboradores são mulheres.
-
7. Bacardi
zoom_out_map
7/15 (Bárbara Ladeia/EXAME.com)
Em 2010, as mulheres correspondiam a 26% da equipe e a 15% dos cargos de gestão da
Bacardi no Brasil. Hoje, os números alcançaram 30% e 70%, respectivamente. O aumento se deu por uma série de medidas da empresa. Uma delas foi sempre incluir ao menos uma mulher em cada processo de seleção para posições de gerência. A empresa também estendeu a licença-maternidade para seis meses e estuda implementar uma licença-paternidade maior.
-
8. TozziniFreire Advogados
zoom_out_map
8/15 (Divulgação/Tozzini Freire)
No ano passado, o TozziniFreire Advogados criou um projeto para incentivar as mulheres a assumirem postura de liderança. Por meio dele, mensalmente são realizados encontros entre suas advogadas para discutir temas como carreira e equilíbrio com a vida pessoal. Além disso, o escritório promove mentoring entre as sócias seniores e as menos experientes e treinamentos voltados só para o público feminino. Hoje, as mulheres representam cerca de 60% da equipe de cerca de 1.000 pessoas que compõem o escritório, entre sócios, advogados, funcionários, corpo administrativo e estagiários. Entre os 78 sócios, elas são 27 e entre os 72 advogados seniores, 43.
-
9. Philips
zoom_out_map
9/15 (Reuters)
Somente na sede de Alphaville, a
Philips passou a ter 50% a mais de mulheres entre os funcionários de 2011 a 2013. Um dos motivos, na opinião da empresa, foi a implementação de um sistema que permite o home office uma vez por semana. Nos planos de sucessão de cargos de liderança da companhia, para cada três sucessores preparados, ao menos um precisa ser mulher. Desde que essa regra se tornou obrigatória, em 2011, a Philips Brasil quase dobrou a participação feminina entre sua equipe. Na América Latina, 47% dos colaboradores da organização são mulheres e, no Brasil, 40%.
-
10. Itaipu Binacional
zoom_out_map
10/15 (Arquivo/Agência Brasil)
Desde 2003, a
Itaipu Binacional tem um programa de equidade de gênero. Por meio dele são realizadas capacitações e oficinas específicas para as mulheres e foram adotados horários flexíveis. Entre 2002 e 2010, o percentual feminino nos níveis gerenciais dobrou, segundo a empresa. Hoje, dos 3.170 funcionários da companhia, 19% são mulheres. Nos níveis gerenciais, a fatia sobe para 21%.
-
11. Avon
zoom_out_map
11/15 (Scott Eells/Bloomberg)
A
Avon foi a primeira empresa no Brasil a oferecer berçário interno e licença-maternidade estendida para 180 dias, segundo ela mesma. A empresa possui diversas ações para encorajar as mulheres a assumirem postos de liderança, entre elas a equidade salarial, horários flexíveis e home office. A companhia tem uma vice-presidência global dedicada exclusivamente à diversidade, com ações voltadas para a igualdade de gênero e raça. Além disso, a fabricante de cosméticos permite que as funcionárias mães retornem ao trabalho gradualmente após o fim da licença-maternidade. Dos 6,5 mil colaboradores no Brasil, 62% são mulheres.
-
12. Schneider Electric
zoom_out_map
12/15 (Joel Saget/AFP)
A Scnheider quer que 40% de sua força de trabalho global seja composta por mulheres. Para isso, a empresa criou um grupo de gestores que se reúnem a cada três meses para identificar as barreiras que impedem as mulheres de assumirem cargos de liderança e criar planos para contorná-los. Dos cerca de 5 mil colaboradores da companhia no país, 27% são do sexo feminino e 16% ocupam posições de gestão.
-
13. Eurofarma
zoom_out_map
13/15 (Divulgação)
A
Eurofarma realiza diversas ações para incentivar suas funcionárias a assumirem cargos de liderança. Além da licença-maternidade de seis meses, a empresa possui creche interna e permite saídas antecipadas às sextas-feiras e horários flexíveis. Na unidade de Itapevi, a companhia oferece médico ginecologista e exame de ultrassonografia para as colaboradoras. Dos 4.470 trabalhadores da companhia no Brasil, 52,4% são mulheres. Dos 5 vice-presidentes, 3 são do sexo feminino.
-
14. Masisa
zoom_out_map
14/15 (Divulgação/Masisa)
Para aumentar o número de mulheres entre seus funcionários, a Masisa passou a exigir, a partir de 2012, que 50% dos candidatos escolhidos para participar de seus processos seletivos fossem mulheres. A iniciativa, segundo a empresa, ampliou a fatia feminina entre os colaboradores de 15% para 18% em dois anos e na diretoria, de zero para 50%, no mesmo período. A empresa possui 860 funcionários no país.
-
15. IBM
zoom_out_map
15/15 (Getty Images)
Frequentemente, a
IBM organiza mesas redondas e treinamentos sobre carreira voltados ao público feminino. A empresa também possui alguns benefícios que, apesar de disponíveis também para os homens, favorecem as mulheres, como semana de trabalho comprimida, home office e horários flexíveis. Nos processos de sucesso para cargos de gerência e técnicos, a companhia busca garantir a representatividade feminina na lista de candidatos.