Nicolau Daudt: começou a buscar qualidade de vida depois de vivenciar altos níveis de estresse (Alexandre Woloch/JLT/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 12 de julho de 2017 às 10h00.
Última atualização em 12 de julho de 2017 às 12h16.
São Paulo – Com a terapia holística e brincadeiras de infância, a JLT melhorou o clima organizacional – e a produtividade por funcionário.
A JLT - Jardine Lloyd Thompson, companhia inglesa integrante do Grupo Jardine Matheson é uma das maiores corretoras de seguros e resseguros do mundo. No Brasil, ela adotou a nova estratégia de gestão para garantir mais qualidade de vida, eficiência e redução de custos.
A JLT Brasil e América Latina representam 15% do faturamento da companhia global e a meta é chegar a 20% em 2018. A receita global em 2016 foi de 1,7 bilhão de dólares e ela possui 11 mil funcionários em mais de 135 países.
A ideia veio de Nicolau Daudt, presidente da JLT Brasil, e de sua própria experiência. Ele entrou na empresa como estagiário e, em apenas três anos, já era diretor. Saiu por um ano para abrir sua própria empresa, que acabou sendo comprada pela JLT. Com apenas 29 anos, já era CEO.
A carreira acelerada também trouxe consequências negativas para Daudt. "Em certos períodos, vivi momentos muito difíceis, com altos índices de estresse", contou a EXAME.com.
Ele chegou a pensar em desistir da empresa pelas tensões que vivia, quando então passou a cuidar mais de si. Começou a praticar ioga, meditação e terapia holística. Decidiu levar o que aprendeu para dentro da companhia, que também sofria com as dores de um crescimento rápido.
A empresa, no Brasil desde 1989, se expandiu fortemente nos últimos anos, por meio de aquisições e abertura de novos escritórios. "Comecei a ver que, entre meus colegas, o nível de estresse também era muito alto", diz Daudt.
Diversos benefícios já eram oferecidos, como frutas à disposição, massagem, academia e casual Friday, mas o nível de estresse ainda era bastante alto.
Foi quando entrou o trabalho de uma terapeuta holística, que se preocupa com os níveis social, físico e emocional de uma pessoa.
Ainda que a empresa esteja de olho no lucro, o presidente garante que a busca pelos números não poderia mais passar por cima da qualidade de vida. "Não acredito que trabalhar até altas horas e chegar em casa tarde é produtivo", afirmou.
Alguns custos e privilégios também foram cortados, como flats que eram alugados para executivos que viajavam do Rio de Janeiro a São Paulo com frequência.
O ponto alto da mudança de cultura foi um evento realizado com todos os gerentes e diretores em um hotel, em março deste ano. Durante três dias, mais de 100 pessoas fizeram brincadeiras e dinâmicas como danças de olhos vendados, bailes de máscaras e agradecimentos.
Nem todos se adequaram à nova cultura. Recentemente, a companhia demitiu 40 pessoas, tanto pela não adequação quanto para redução de custos.
Mesmo assim, valeu a pena. A empresa observou uma melhora na satisfação dos funcionários e o engajamento subiu para 80%. As pessoas também diminuíram a quantidade de horas extras trabalhadas e estão mais eficientes, diz o presidente.