Funcionários em fábrica da Fitesa, indústria qu adaptou sua produção para fabricar máscaras (Fitesa/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 2 de maio de 2020 às 08h00.
Última atualização em 4 de maio de 2020 às 18h43.
Uma das maneiras de se proteger da pandemia do novo coronavírus é o uso de máscaras. Mas a produção brasileira de máscaras de saúde não consegue acompanhar a demanda que, de uma hora para outra, explodiu. Por isso, uma empresa reestruturou toda sua linha nas fábricas no Brasil para chegar a uma capacidade de produção de 40 milhões de máscaras por mês.
A Fitesa é a segunda maior empresa do mundo na fabricação de não tecidos, um material semelhante a tecido mas com um processo de fabricação diferente, sem tramas. A empresa é uma das brasileiras mais internacionalizadas, com apenas 15% da produção e vendas no Brasil.
A companhia tem capacidade instalada de 470 mil toneladas de não tecido por ano. Antes da pandemia, a produção de máscaras representava apenas 1% da receita da companhia no mundo e até 7% da receita para o Brasil, que atingiu faturamento de 4 bilhões de reais no ano passado.
De acordo com Silverio Baranzano, presidente da Fitesa, a empresa está surpresa com a explosão no consumo de máscaras. "Já esperávamos um aumento, mas foi gigante", diz.
A empresa adequou suas linhas de produção no Brasil para ser capaz de fabricar mais matéria prima para máscaras e passou a produzir materiais também para aventais médicos. A adequação permitiu direcionar 850 toneladas de capacidade produtiva para atender o aumento de demanda na área médica, cerca de 20 milhões de metros quadrados.
Isso é o equivalente a 40 milhões de máscaras cirúrgicas ou respiradores N95 e 8 milhões de aventais médicos por mês. A capacidade produtiva era de 70 milhões de máscaras por ano em todo o Brasil, não apenas na Fitesa.
O não tecido é um material feito de filamentos muito finos que são consolidados criando espaços muito pequenos, pelas quais as partículas - de poluição ou respiração - não passam. A matéria prima pode ter diversos usos, desde o material que cobre o teto dos carros até dentro de geladeiras como isolante ou em colchões, por exemplo.
A maior parte da produção da Fitesa é destinada a absorventes e fraldas higiênicas - todas as 13 fábricas que a empresa tem no exterior, em nove países, são voltadas para a higiene. As três fábricas que a empresa tem no Brasil estão voltadas para a produção de matérias primas para a indústria e para a saúde.
Enquanto a Fitesa fornece o material não tecido, outras empresas confeccionam as máscaras. A varejista de moda Renner é uma das parceiras tanto na confecção quanto na doação dessas máscaras e equipamentos de proteção para entidades de saúde. A Braskem também é uma aliada nas doações.
Mesmo antes da pandemia, parte importante da demanda brasileira era suprida por importações principalmente da China. "Antes era mais barato trazer as máscaras por importação do que produzi-las no Brasil. Em um momento de explosão de consumo, todos os países estão preocupados com a demanda interna e acaba faltando produto para todos", diz Baranzano.
A companhia conseguiu aumentar a produção deslocando outras linhas para a fabricação do material. As fábricas no Brasil estão também voltadas à produção de materiais para eletrodomésticos, colchões ou mesmo carros, itens cujo consumo diminuiu desde o início da pandemia.