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Com transporte rodoviário em alta, Clickbus e Quero Passagem vão investir mais de R$ 180 milhões

A expansão nos investimentos das startups acampanha os resultados que obtiveram no ano passado, o melhor das suas histórias, iniciadas em 2013

Phillip Klien: executivo irá liderar a Clickbus diante de expectativa de aumento de viagens nacionais (Clickbus/Divulgação)

Phillip Klien: executivo irá liderar a Clickbus diante de expectativa de aumento de viagens nacionais (Clickbus/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 17 de fevereiro de 2023 às 08h03.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2023 às 10h36.

Marketplace de passagens rodoviárias, o Clickbus e o Quero Passagem têm planos agressivos para crescer no ano de 2023. O primeiro prevê investimentos de R$ 113 milhões e o segundo, R$ 70 milhões, como estratégias para evoluir as tecnologias e agregar serviços.

A expansão nos investimentos acampanha os resultados que obtiveram no ano passado, o melhor das suas histórias, ambas iniciadas em 2013.  A Clickbus, líder no setor, registrou um GMV (volume bruto de Mercadorias) de R$ 1,43 bilhão, alta 70% a mais do que o apurado ao final de 2021.

Concorrente direta, a Quero Passagem encerrou o período com faturamento superior R$ 500 milhões, com 3,5 milhões de passagens vendidas. Os números representam crescimento de cinco vezes tanto em receita quando em número de tickets comercializados.

Os dois marketplaces convivem com o bom momento mercado de transporte rodoviário de passageiros.

Quanto o mercado tem crescido

Desprezado por um bom tempo em detrimento da aviação, o setor tem se transformado nos últimos anos, avançando na digitalização, e se beneficiou em larga escala das condições micro e macroeconômicas.

A combinação da alta nas tarifas do transporte aéreo com a inflação e juros elevados fez com que os passageiros migrassem de modal. Como opção, lá estavam os ônibus.

Em 2022, o setor faturou mais de R$ 412 bilhões, alta de 127% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre).

Há uma mudança no perfil de consumidores. Os produtos líderes no transporte rodoviário são os ônibus convencionais e executivos, com crescimento de 130% e 111%, respectivamente, mas o novo momento tem impulsionado a procura de um público que procura por opções com mais conforto.

Até por isso, as compras de semileito, 164%, leito com ar condicionado, 140%, são as que mais cresceram.

Segundo o Alexandre Marquesi, coordenador da pós-graduação em e-commerce da ESPM, a demanda represada, criada como reflexo da pandemia, também potencializa os dados.

“O crescimento do turismo interno estimulou a oferta de serviços de transportes rodoviários e, claro, que os preços das passagens aéreas reforçam a procura pela opção terrestre”, afirma.

Como os recursos serão utilizados

Os investimentos, em linhas gerais, procuram melhorar a experiência do usuário nas ferramentas e aportar recursos em marketing para a promoção e aquisição de novos passageiros para o modal.

Hoje, em torno de 25% das pessoas compram os bilhetes pela internet, um avanço em relação ao pré-pandemia – em torno de 15% -, mas as empresas veem grandes oportunidades para que as transações aumentem no curto e médio prazos.

“Acreditamos que há potencial para atingir de 70% a 80% nos próximos anos, uma vez que os consumidores estão adotando de forma intensa novas tecnologias - vimos isso com meios de pagamento digitais, por exemplo”, Phillip Klien, CEO da ClickBus.

Dos R$ 113 milhões, a empresa vai destinar 30% para a área de pessoas, em especial os times de produtos e tecnologia. A ideia é agregar novas funcionalidades que facilitem o dia a dia do usuário, como a integração com a carteira do Google ou a solução de oferta de passagens em trechos selecionados, ambas lançadas no ano passado, quando a startup investiu outros R$ 50 milhões.

A área também dialoga com outra unidade de negócio da Clickbus, a operação digital de viações e rodoviárias como a do Tietê, em São Paulo. Lançado em 2016, o formato cresceu 111% em 2022 e reúne na carteira 80 empresas e 15 rodoviárias hoje.

Danilo Júlio, diretor de operações, e Lukasz Gieranczyk, sócio-fundador da Quero Passagem: queremos triplicar a nossa receita em 2023 (Quero Passagem/Divulgação)

 

 

Na Quero Passagem, a estratégia é fazer o dinheiro render. Além de investir para ganhar a exposição midiática, a startup pretende criar espaços exclusivos para recepcionar os seus clientes, ampliar a sua penetração no Nordeste – 62% das passagens emitidas no ano passado foram do Sudeste – e expandir a operação com a integração da plataforma com novos modais.

A nova estratégia para avançar por outros setores

Esse último passo é um caminho que os sócios-fundadores da startup, os polonoses Lukasz Gieranczyk e Jaroslaw Piasecki, já perseguiram no passado. A diferença agora é a forma como devem implementar a solução: complementar, não concorrencial entre os meios de transporte.

“Foi legal porque entendemos em que erramos. Hoje, vamos usar essa experiência para fazer diferente”, afirma Gieranczyk, também CEO da Quero Passagem. Entre as opções, oferecer passagens aéreas, hospedagem, aluguel de carros. “São avenidas de crescimento para este ano e nos próximos”.

O ano irá marcar também o primeiro passo internacional. A startup está entrando no México com o nome de “Viajo Mucho”, com operação criada do zero e prevista para iniciar em abril. O processo chegada ao país deve consumir investimentos em torno de 5 milhões de reais, valor que não entra na conta dos recursos aportados para o Brasil.

Aqui, a Quero Passagem tem a expectativa de triplicar a receita em 2023.

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