O segmento de pets é o que mais cresce dentro da companhia, seguido pelo mercado de equinos. (Vesnaandjic/Getty Images)
Repórter
Publicado em 13 de abril de 2025 às 08h08.
Com sede próxima a Manchester, no Reino Unido, a Dechra, empresa que produz vacinas, soros e medicamentos veterinários, chegou ao Brasil em 2018 por meio da aquisição da Venco Farma, instalando em Londrina, Paraná, sua planta de produção da América do Sul. A partir deste ano, a operação no Brasil entra em uma nova fase, se tornando o centro estratégico da empresa para a América Latina. Com isso, a operação do México e da América Central será incorporada sob a gestão da filial brasileira. A expectativa, segundo André Luis Nascimento Paleari, diretor-presidente da Dechra para a América do Sul, é ampliar a relevância da região nas decisões globais da companhia.
“Com a reestruturação, a América Latina deve crescer em importância frente à matriz. Já estamos entre os oito mercados com maior potencial global de expansão até 2030”, afirma o diretor-presidente.
A previsão é que a nova configuração - que agora integra Brasil, México e países da América Central - acrescente um terço ao faturamento da região, estimado em R$ 202 milhões para o atual ano fiscal que fecha em junho. “A meta é mais do que dobrar esse valor até 2030”, afirma Paleari.
Planta da Dechra em Londrina, Paraná. (Dechra/Divulgação)
A operação brasileira, com cerca de 310 funcionários, tem a maior parte da equipe dedicada à manufatura, qualidade e suporte técnico. Ainda assim, Paleari reforça que o crescimento da empresa está diretamente ligado ao investimento em pessoas.
“A empresa só evolui se as pessoas evoluírem”, diz o executivo. Para isso, a companhia lançou a Academia de Desenvolvimento Dechra, que reúne ações voltadas à formação em idiomas, desenvolvimento técnico e capacitação comercial. O foco está especialmente nas equipes de marketing e vendas, mas também se estende a profissionais técnicos.
Outro pilar estratégico é o relacionamento com os médicos veterinários. A empresa desenvolveu a plataforma Minha Dechra, que oferece suporte técnico, conteúdos personalizados e acesso a cursos de especialização por meio da Dechra Academy. A ferramenta será expandida em 2025 com novos módulos de formação e apoio à prática clínica.
Além dos investimentos em capacitação, a empresa destinou R$ 22 milhões à área de qualidade no fim de 2024 e planeja aplicar outros R$ 18 milhões em pesquisa e desenvolvimento na América Latina nos próximos anos. Segundo Paleari, o objetivo é ampliar o portfólio de especialidades e alinhar a produção local aos produtos comercializados globalmente.
O México, agora sob o guarda-chuva da operação latino-americana, representa 25% do faturamento regional e foi incluído na reestruturação com a justificativa de sinergia cultural, operacional e de idioma. “É uma forma de ganhar eficiência, evitar duplicações e dar foco ao que realmente importa”, diz Paleari.
Atualmente, o segmento de pets é o que mais cresce dentro da companhia, seguido pelo mercado de equinos. A empresa também atua nas áreas de bovinos e suínos, mas, por estratégia, não pretende expandir para novas espécies nos próximos anos. “Nosso foco está em especialidades. Incluir outras categorias pode dispersar nossa atenção”, afirma.
Fundada no Reino Unido há cerca de 30 anos, a Dechra nasceu da fusão de três empresas britânicas — uma farmacêutica, uma distribuidora de medicamentos e uma fornecedora de equipamentos veterinários. O nome tem origem galesa e significa “novo começo”.
Hoje, a companhia atua em mais de 25 países, com plantas produtivas na Inglaterra, Holanda, Croácia, Austrália, Estados Unidos e Brasil. A unidade de Londrina, no Paraná, é a única da América Latina e fabrica vacinas, soros e medicamentos.
Globalmente, a Dechra figura como a sétima maior farmacêutica veterinária do mundo. Entre os concorrentes no Brasil, destacam-se empresas como a Cristália e farmácias de manipulação, especialmente nos segmentos de endocrinologia e produtos genéricos.
Atualmente, 80% dos medicamentos comercializados no Brasil são fabricados localmente. “Com essa estrutura, esperamos aprimorar a eficiência operacional e o processo produtivo, estimulando o desenvolvimento de medicamentos inovadores”, diz o diretor-presidente.