André Esteves, do BTG: primeira incursão do banqueiro no setor de varejo (Germano Lüders/EXAME.com)
Tatiana Vaz
Publicado em 29 de maio de 2012 às 18h07.
São Paulo – Com a compra da rede fluminense Leader, antecipada nesta terça-feira em EXAME.com, o BTG faz sua estreia no ramo de varejo de moda, com a mesma aspiração e estratégica que fez com que o banco criasse seu braço de negócios Brazil Pharma para brigar pela liderança do segmento farmacêutico. O BTG quer agora, a partir da Leader, chegar ao topo do setor de vestuário.
Inicialmente, o banco fechou a compra de 40% do capital votante e total da rede varejista em um negócio de 665 milhões de reais, dividido em duas fatias. A primeira refere-se ao pagamento à vista de 558,4 milhões de reais por uma parcela de 35,88% do capital total e votante da Leader. A outra, de 106,7 milhões de reais, vai para o aumento de capital, por meio da emissão de ações ordinárias que representem 6,42% do capital da rede.
O BTG ainda tem o direito de comprar outros 30% de participação na companhia, nos próximos 90 dias, por 404 milhões de reais. A família Gouveia, atual controladora, continuará na gestão mesmo após a compra do controle. “Claro que achamos que podemos contribuir para reforçar a atual gestão, mas a ideia é não ter nenhuma alteração nesse sentido”, afirmou Carlos Fonseca, sócio do BTG Pactual.
Nova plataforma
A compra da Leader inclui as 65 lojas próprias da rede (outras 19 devem ser abertas até 2013), a loja virtual e a Leader Crédito, financiadora criada por uma joint venture entre a varejista e o Bradesco – acordo que, aliás, deverá ficar inalterado. A expansão regional da rede, atualmente em oito estados, também deve aos poucos ser feita.
A Leader é a primeira de uma série de outras iniciativas do BTG para crescer no segmento de varejo de moda e se consolidar como líder, assim como o banco fez com a Brazil Pharma. “A partir dela, planejamos crescer de maneira orgânica e por meio de aquisições nos próximos anos”, disse Fonseca. “Como vemos um grande potencial de crescimento desse setor, queremos atuar a partir das empresas controladas.”
O momento da compra pelo BTG parece ser mais oportuno do que quando a rede estava prestes a fazer um negócio semelhante com a Renner, em 2008. Naquela época, segundo Fonseca, a Leader tinha ebitda abaixo de zero. Número bem diferentes do apresentado no ano passado, quando a rede faturou cerca de 1 bilhão de reais – 1,3 bilhão de reais se incluir os negócios de financiamento – e teve 170 milhões de reais de ebitda em 2011.
Com pouco mais de 60 anos de história, a Leader concentra seus negócios nas classes C e D, adotando um modelo de loja de departamentos e vendendo de roupas a eletrodomésticos.