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Com IPO, XP pode valer mais do que a Magazine Luiza na bolsa

Papel custará entre US$ 22 e US$ 25; valor será fixado em 10 de dezembro. Expectativa da Levante é que corretora capte de US$ 1,8 bilhão a US$ 2,1 bilhões

Guilherme Benchimol, fundador da XP: oferta pode ter lote suplementar de 10,8 milhões de ações (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Benchimol, fundador da XP: oferta pode ter lote suplementar de 10,8 milhões de ações (Germano Lüders/Exame)

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Natália Flach

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 16h12.

Última atualização em 3 de dezembro de 2019 às 21h51.

São Paulo - A corretora XP pode valer mais do que a varejista Magazine Luiza em valor de mercado. Enquanto a empresa comandada por Frederico Trajano vale 16 bilhões de dólares, de acordo com levantamento de outubro da B3, a corretora fundada por Guilherme Benchimol pode valer até 18 bilhões de dólares, depois da oferta inicial de ações (IPO na sigla em inglês), que será realizada na bolsa americana Nasdaq.

É difícil cravar o valor de mercado exato da companhia, pois apenas um tipo de ação (classe A) será levado a mercado; o outro (classe B) ficará de fora da operação. A casa de análise Levante estima que o valor de mercado da XP fique entre 12 bilhões de dólares e 14 bilhões de dólares, levando em consideração que cada um dos 72,5 milhões de papéis colocados à venda custará de 22 a 25 dólares, de acordo com documento registrado, na segunda-feira (2), na Securities and Exchange Commission (SEC), que atua como xerife do mercado americano.

O preço das ações será fixado em 10 de dezembro, e o início das negociações ocorrerá no dia 12. A oferta pode contar ainda com um lote suplementar de 10,8 milhões de ações.

A expectativa da Levante é que a corretora capte algo entre 1,8 bilhão de dólares e 2,1 bilhões de dólares, na operação. Os recursos serão usados para capital de giro do negócio; acelerar a aquisição de clientes com investimentos em marketing; investir nos novos serviços de banco digital, meio de pagamentos e seguros, além de financiar futuras aquisições.

"Será muito difícil para o pequeno investidor fazer o pedido de reserva no IPO. Provavelmente, só poderá comprar ações da XP quando elas começarem a ser negociadas na Nasdaq", escreve a equipe da Levante.

"A XP escolheu a Nasdaq como local de listagem porque reúne as principais empresas de tecnologia do mundo. Ao acessar novos mercados e fortalecer sua estrutura de capital, a XP continua fortalecendo sua missão principal: democratizar o acesso de milhões de brasileiros aos melhores produtos e serviços financeiros, sempre guiados por total transparência e foco nas necessidades de seus clientes", escreve a companhia no documento registrado na SEC.

Os coordenadores da oferta são Goldman Sachs & Co. LLC, J.P. Morgan, Morgan Stanley, XP Investments e Itaú BBA.

História de empreendedorismo

A abertura de capital da XP é o mais novo desafio na história de Guilherme Benchimol, que decidiu empreender depois de ser demitido da corretora Investshop, em 2001, quando a bolha da internet estourou no Brasil. Aos 24 anos, o economista carioca se mudou para Porto Alegre e ali nasceu o que viria ser a maior corretora do país. A trajetória de Benchimol está descrita no livro "Na raça", de Maria Luíza Filgueiras, que será lançado nesta segunda-feira (2).

Ele se diz um cara "raçudo", o que explicaria por que a XP se tornou uma corretora de mais de 16 bilhões de dólares em valor de mercado. Mas é mais do que isso. Apesar de não ser de uma família que carrega sobrenome de banqueiros nem de donos de corretoras, Benchimol foi colecionando conhecidos da área financeira e os transformando em sócios. Aprendeu com figurões de mercado, tomou decisões essenciais para o crescimento da companhia — como a criação da gestora XP Gestão e a compra da Americainvest— e apostou em um formato diferente com os agentes autônomos.

Foi assim que a XP se viu negociando com fundos como General Atlantic e Actis e depois o maior banco privado do Brasil, Itaú Unibanco. Nesses 18 anos de história, a corretora passou de um valor de mercado de uns poucos mil reais para 30 milhões de reais (quando Eduardo Plass quis juntar a corretora à área de varejo da Ágora - atualmente do Bradesco), em seguida, foi avaliada em 114 milhões de reais em 2008 pelos diretores do Itaú. Em 2017, a XP foi avaliada entre 10 bilhões de reais e 20 bilhões de reais (segundo o Credit Suisse).

Em 2018, o Itaú comprou 49,9% da corretora avaliada em 12 bilhões de reais, quando reportou um total de 202 bilhões de reais de ativos sob custódia, 3 bilhões de reais em receita líquida e um resultado líquido ajustado de 491 milhões reais.

Agora, a XP pode entrar para o ranking das 15 empresas mais valiosas do país.

 

 

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