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Com dívida de R$ 350 milhões, Tok&Stok retoma entrega de móveis em até 24h para tentar superar crise

Tentando contornar crise financeira e fechamento de lojas, varejista de móveis espera aumentar as vendas em 20% com entregas rápidas

Tok&Stok: varejista de móveis está presente em 21 estados, com 50 lojas (Divulgação/Divulgação)

Tok&Stok: varejista de móveis está presente em 21 estados, com 50 lojas (Divulgação/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de julho de 2023 às 10h00.

Última atualização em 25 de julho de 2023 às 11h50.

A varejista de móveis Tok&Stok anuncia nesta terça-feira, 25, a entrega em até 24 horas de sofás, poltronas e pufes, para a capital e grande São Paulo. A novidade faz parte do processo de reestruturação financeira da companhia, que tem dívida estimada em R$ 350 milhões.

A ideia é retomar a entrega rápida oferecida pela empresa entre 2014 e 2017. Todas as vendas de sofás, poltronas e pufes realizadas de segunda a sexta-feira até às 20h serão separadas, embarcadas e distribuídas para entrepostos na cidade de São Paulo até as 22h.

"A operação de cross-docking para os veículos de entrega é realizada durante a madrugada e as entregas para nossos clientes são realizadas ao longo do dia", explica Luciano Escobar, diretor executivo de Operações.

A expectativa é aumentar em 20% a venda de sofás, poltronas e pufes nos próximos meses. A Tok&Stok espera incluir o Rio de Janeiro na operação até o fim do ano. Outros produtos isentos de montagem também devem contar com entrega rápida nos próximos meses.

Quais são os desafios da Tok&Stok

A maior varejista de móveis do Brasil tem enfrentando uma turbulência financeira nos últimos anos. No primeiro semestre, lojas foram fechadas em seis estados e liquidações foram realizadas para pôr fim ao estoque das unidades. Hoje, a Tok&Stok conta com 50 lojas em 21 estados e um centro de distribuição em Extrema, em Minas Gerais.

"A entrega rápida faz parte de um conjunto de ações de resgate dos padrões históricos de performance da Tok&Stok em diversas vertentes de gestão e processos, que nos levarão a recuperar o resultado operacional positivo da empresa", diz o executivo.

A volta da entrega rápida acontece um mês após a divulgação de um aporte de 100 milhões de reais. Os recursos são dos dois sócios do negócio, o fundo Carlyle, que adquiriu 60% da varejista em 2012 por R$ 700 milhões, e da família Dubrule, fundadora da rede em 1978.

"No mês passado, assinamos um acordo de renegociação da dívida bancária e recebemos um aporte de capital. Desde então, já apresentamos geração da caixa positiva e começamos a estruturar iniciativas de melhoria operacional. A entrega em 24 horas é uma iniciativa que confirma o novo momento da empresa", diz o executivo.

Segundo a companhia, o aporte fortalece o caixa da companhia e libera os próximos dois anos de pagamento aos bancos, permitindo que a operação volte a ser prioridade.

"Estamos focados no resgate dos padrões históricos de performance da Tok&Stok em diversas vertentes de gestão e processos. A entrega rápida é resultado da otimização das operações logísticas e do centro de distribuição implementadas nos últimos meses", diz.

O que está por trás da crise

Os problemas da Tok&Stok estão principalmente relacionados à falta de uma estratégia única (e eficaz) para manter a companhia de pé. Nos últimos seis anos, a varejista teve cinco presidentes diferentes, cada um com um estilo e um direcionamento próprios para a companhia.

O crescimento da empresa, mesmo na pandemia, também não era dos maiores. Em 2020, momento de demanda aquecida para o setor com a euforia do isolamento social, a empresa mostrou que crescia cerca de um dígito ao ano desde 2017.

De lá para cá, a empresa andou de lado, com uma receita na casa dos R$ 1,6 bilhão em 2022 e Ebitda negativo, que consome caixa com dívidas que vão do banco ao fornecedor. Leia a análise completa do EXAME IN aqui.

Em abril deste ano, uma consultoria chegou a pedir a falência da empresa com a alegação de que a varejista tem uma dívida de R$ 3,8 milhões referente a um projeto que foi suspenso.

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