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Com coronavírus, dona da Zara tem primeiro prejuízo em quase 20 anos

A empresa de moda foi impactada pelo fechamento de quase 90% de suas lojas em todo o mundo com a imposição da quarentena

Loja da Zara (Alexander Joe/AFP/AFP)

Loja da Zara (Alexander Joe/AFP/AFP)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 10 de junho de 2020 às 10h27.

Última atualização em 10 de junho de 2020 às 10h33.

A Inditex, maior grupo de moda do mundo e dono da marca Zara, reportou prejuízo de 409 milhões de euros no trimestre de fevereiro a abril, ante lucro de 734 milhões de euros no mesmo período do ano passado. É o primeiro prejuízo apresentado desde que e a empresa se tornou pública, há quase duas décadas. 

Como o trimestre concentrou o período da quarentena mais intensa na Europa, a empresa espanhola foi impactada pelo fechamento de quase 90% de suas lojas. As vendas caíram para quase metade, de 3,3 bilhões de euros para 5,9 bilhões de euros no mesmo período do ano passado. 

Amancio Ortega, presidente e fundador da Inditex, perdeu 13,8 bilhões de dólares desde o início do ano. As ações do grupo perderam 17% do valor desde o início do ano, mas abriram o dia em alta de 2% com a divulgação de resultados.

Apesar das perdas no último trimestre, a Inditex vê recuperação nas vendas com a abertura dos mercados e prevê investimentos bilionários na expansão e digitalização das lojas. As vendas digitais cresceram 50% no trimestre, com um salto de 95% em abril. A Inditex prevê que as vendas online atinjam 25% do total até 2022. No ano passado, essa participação era de 14%.

A queda se manteve em 51% em maio e foi de 34% nos primeiros dias de junho. Em mercados com as lojas completamente abertas, as vendas caíam apenas 16% em junho. Cerca de 965 das 7.000 lojas da empresa já estavam abertas ao final do trimestre, em abril. , e a maior parte dos mercados importantes para a empresa devem estar abertos até o final de junho.  Até o dia 8 de junho, 5.743 das mais de 7.000 unidades estavam abertas, em 79 mercados.

Apesar da queda em vendas, a empresa não ficou com estoque acumulado - uma preocupação presente no mercado de moda, já que coleções anteriores precisam ser vendidas com desconto e impactam nas margens. O estoque caiu 10% no trimestre e a empresa diz que a flexibilidade do modelo de negócio e de seus fornecedores foi essencial no período. 

A empresa afirmou, na divulgação de resultados, que acredita estar com um estoque de alta qualidade e com uma condição financeira sólida. 

Planos de expansão

Entre as despesas que levaram ao prejuízo, está uma previsão de 308 milhões de euros para o programa de otimização das lojas físicas. O programa será mantido até 2021, apesar da pandemia.

A empresa apresentou seu novo plano de reestruturação, o Inditex 2022, com foco na digitalização, integração entre os canais físico e online e sustentabilidade. A empresa espanhola prevê investir até 2,7 bilhões de euros para impulsionar as vendas pelo comércio eletrônico  e expandir as lojas físicas. 

A empresa começou a desenvolver o e-commerce em 2012 e, no ano passado, já tinha lojas digitais em todos os países em que opera. Para 2022, a empresa quer integrar seus estoques globalmente e melhorar a logística e centros de distribuição.

Entre os planos, está a abertura de 150 lojas por ano. Além disso, ela deve ampliar o espaço físico de suas lojas mais fortes, por vezes incorporando outras marcas. Muitas vezes, a empresa opera diferentes marcas em lojas vizinhas - quando alguma das marcas começa a ter resultados aquém do esperado, a empresa incorpora a loja a alguma das vizinhas.

As lojas físicas devem ser essenciais para o crescimento do comércio eletrônico. "As lojas também terão um papel mais forte no desenvolvimento das vendas online devido à sua digitalização e capacidade de alcançar clientes nas melhores localizações em todo o mundo", disse a empresa na divulgação de resultados. 

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