Reinaldo Rabelo, do MB: "Queremos ser um ambiente onde investidores, empreendedores e veículos de investimento possam se encontrar" (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 14h52.
O MB Startups, plataforma criada pelo Mercado Bitcoin (MB), está transformando o mercado de investimentos em startups no Brasil. Inspirada em modelos internacionais, a iniciativa conecta investidores pessoa física a empresas privadas, oferecendo oportunidades antes acessíveis apenas a grandes fundos institucionais.
A plataforma funciona como uma espécie de "bolsa de startups". Investidores podem adquirir participações em empresas por meio de ativos tokenizados, com aportes mínimos que começam em 100 reais. A proposta busca democratizar o acesso a esse mercado, resolvendo dois desafios históricos: a falta de liquidez e as altas barreiras de entrada.
"Queremos ser um ambiente onde investidores, empreendedores e veículos de investimento possam se encontrar. Para isso, criamos uma estrutura com padronizações e governança que garantem segurança para todas as partes", diz Reinaldo Rabelo, CEO do MB.
Ativos tokenizados são frações digitais de um ativo físico ou financeiro. No caso das startups, esses tokens representam participações societárias ou direitos econômicos de empresas. A tecnologia blockchain é utilizada para registrar e garantir a integridade das operações.
"A tokenização permite que investidores aportem valores a partir de 100 reais, algo inviável no formato tradicional. Essa tecnologia substitui papéis físicos e contratos jurídicos complexos por registros digitais seguros, facilitando todo o processo", afirma Rabelo.
Além de reduzir custos e aumentar a transparência, a tokenização permite liquidez. Investidores iniciais podem negociar suas participações em rodadas posteriores, como ocorreu na operação com a fintech Asaas, tokenizada pelo MB Startups.
"Essa tecnologia transforma a experiência de investir em startups. No caso da Asaas, conseguimos entregar retorno de mais de duas vezes o valor investido em pouco mais de um ano. Isso mostra o potencial do modelo", diz o CEO.
Desde sua criação, o MB Startups movimentou 66 milhões de reais em 23 ofertas. Apenas em 2024, a plataforma originou mais de 80 milhões de reais e distribuiu 25 milhões de reais em retornos aos investidores.
O caso mais emblemático foi a operação com a fintech Asaas. O MB tokenizou um veículo de investimento da Escala Capital, com 26 milhões de reais alocados na startup. A estrutura permitiu a saída de investidores anjo e a entrada de novos participantes, com valorização superior a 100%.
Além disso, a plataforma firmou parcerias estratégicas, como a realizada com o GV Angels, que busca viabilizar 50 milhões de reais em investimentos. Outra iniciativa de destaque foi o lançamento do token STOCCO1, em parceria com Guga Stocco, permitindo aportes mínimos de 1.000 reais em um portfólio de startups.
"Estamos criando um ecossistema onde pequenos investidores têm acesso a grandes oportunidades. Em um ambiente tradicional, isso seria praticamente impossível", diz Rabelo.
Fundado em 2013, o Mercado Bitcoin começou como uma exchange de criptomoedas. Criada por Leandro Cesar e posteriormente adquirida pelos irmãos Chamati e Rodrigo Batista, a empresa cresceu com a popularização do Bitcoin no Brasil.
Em 2018, Reinaldo Rabelo assumiu como CEO para liderar a diversificação dos negócios. Hoje, o MB atua em três frentes principais: negociação de criptoativos, tokenização de ativos e investimentos em startups.
"A gente começou como uma exchange, mas nos tornamos muito mais do que isso. Hoje, somos um banco digital, uma gestora e uma plataforma de investimentos em ativos tokenizados", diz Rabelo.
Em 2021, a empresa recebeu um aporte de 200 milhões de dólares do SoftBank, tornando-se o primeiro unicórnio de criptomoedas da América Latina. Atualmente, são 4 milhões de clientes cadastrados.
Para 2025, o MB Startups planeja movimentar mais de 1 bilhão de reais em ativos tokenizados, com pelo menos 100 milhões de reais destinados a startups. A meta é consolidar a plataforma como referência em investimentos privados no Brasil e ampliar o portfólio de startups e setores atendidos.
"Queremos criar um mercado mais eficiente e acessível, que conecte investidores e empreendedores de forma simples e segura. O desafio agora é escalar essa operação e educar o ecossistema sobre as vantagens desse modelo", diz Rabelo.
Entre os próximos passos, estão a expansão das ofertas privadas e o fortalecimento de parcerias com fundos e aceleradoras. Além disso, a empresa pretende atrair investidores institucionais e diversificar o portfólio com novos ativos e tecnologias.
"A ideia é levar a tokenização para todos os setores relevantes da economia. Estamos apenas no começo de uma transformação que vai impactar o mercado de capitais no Brasil", afirma Rabelo.