Para o presidente da Natura, Roberto Marques, desafio é sinergia (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de maio de 2019 às 15h56.
São Paulo — A fabricante de cosméticos Natura espera aumentar a receita investindo na marca e em recursos digitais após fechar um acordo de fusão com a Avon e ter controle de 76% da nova empresa, disseram executivos nesta quinta-feira. Com a o negócio, a Natura torna-se a mais a 4ª maior empresa de cosméticos do mundo.
"No que diz respeito à transformação digital, nossa abordagem é semelhante à que a Avon vem seguindo, e também compartilhamos o mesmo otimismo em relação à marca", disse o presidente-executivo da Natura, João Paulo Ferreira, em teleconferência com analistas.
O presidente do conselho da Natura, Roberto Marques, disse que será necessário gastar cerca de 125 milhões de dólares nos próximos 36 meses para economizar 150 a 250 milhões de dólares por ano, principalmente no Brasil e no resto da América Latina.
"Por enquanto, as sinergias que antecipamos estão em grande parte operacionais na cadeia de fornecimento, mas também vemos oportunidades para sinergias de receita, embora seja muito cedo para fornecer tal orientação", disse Marques em teleconferência com jornalistas.
Ferreira observou que quase 500 mil consultores já vendem as marcas Natura e Avon, e espera-se que isso aumente após a fusão. "Mas a nossa ideia é manter estruturas comerciais separadas para a Avon e a Natura, portanto nenhum grande impacto é esperado em termos de empregos", disse ele.
O vice-presidente financeiro, José Filippo, disse que a Natura espera que os detentores de títulos da Avon concordem com a fusão, mas já garantiu crédito para pagá-los caso peçam reembolso antecipado.
As cláusulas de bônus permitem que os detentores de bônus sejam reembolsados antecipadamente se o controlador da Avon mudar. Filippo se recusou a dar orientação sobre a alavancagem financeira da companhia combinada.
As ações da Avon subiram 6% para seu nível mais alto em dois anos. As ações da Natura caíram 8%, após atingir a máxima histórica na quarta-feira.
Analistas do BTG Pactual disseram que o acordo deve adicionar complexidade ao modelo de negócios da Natura, já que a empresa lida com a reviravolta da The Body Shop e tendências mais brandas no mercado brasileiro. Mas eles adicionaram que semelhanças com os negócios da Avon, que também tem altas vendas diretas, devem facilitar a integração.