Os estados de maior destaque no desempenho do segmento foram São Paulo (27%), Rio Grande do Sul (14%) e Minas Gerais (11,20%) (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Karina Souza
Publicado em 19 de agosto de 2021 às 10h05.
Impulsionado pela alta do agronegócio e pelo início de retomada econômica com a vacinação, o volume de carga transportada por rodovias -- o frete rodoviário -- aumentou 67,5% nos primeiros seis meses de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a 3,44 milhões. Os dados estão no “Relatório FreteBras – O Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil”, enviado com exclusividade à EXAME. A empresa analisa fretes “B2B” e não compõem os dados fretes de entregas para consumidor final.
Em dinheiro, no primeiro semestre deste ano, a FreteBras distribuiu cerca de R$28 bilhões em fretes. Só no segundo trimestre, o volume de carga transportada foi 83% maior do que o do mesmo período de 2020.
O principal setor responsável por essa alta foi o agronegócio. De acordo com as informações do relatório, o agro foi responsável por 37% dos fretes registrados na plataforma. O percentual pode ser correlacionado com o bom momento em que o setor vive no país, com projeção de safras recorde e dólar alto, favorecendo a exportação de commodities. Ao todo, o valor do frete do segmento correspondeu a R$ 10,8 bilhões movimentados.
Os estados mais significativos para o desempenho dessa categoria foram Rio Grande do Sul (15%), Paraná (15%) e São Paulo (14%). Os produtos mais transportados foram fertilizantes (29%) -- produto que teve recorde histórico de importações desde 2011, segundo o CONAB --, soja (13%) e milho (10%).
Na comparação entre o primeiro semestre desse ano com o de 2020, os fretes do agronegócio no país aumentaram 65%.
“Todos esses fatores contribuem para a expectativa de aumento dos fretes daqui para frente também. O terceiro trimestre tende a ser bem forte, sazonalmente, e temos expectativas de que o agro mantenha a relevância que já demonstrou ao longo do ano. Ao mesmo tempo, é interessante observar o crescimento de outras categorias, como construção e produtos industrializados”, diz Bruno Hacad, Diretor de Operações da FreteBras.
Ao todo, os produtos industrializados foram responsáveis por 27% dos fretes anunciados na FreteBras no primeiro semestre. Os produtos mais transportados no período foram os alimentícios (17%), siderúrgicos (12%) e máquinas e equipamentos (11%).
Os estados de maior destaque no desempenho do segmento foram São Paulo (27%), Rio Grande do Sul (14%) e Minas Gerais (11,20%). Na comparação com o primeiro semestre de 2020, o setor teve crescimento de 67,77% no volume de transportes.
Por fim, estão os fretes para construção, com 12% dos anúncios na plataforma. No período, os produtos mais transportados foram cimento (39%), telhas (7%) e pisos (6%). Em relação aos primeiros seis meses do ano anterior, houve crescimento de 84% no volume de fretes da categoria e os estados que mais carregaram insumos no setor foram Minas Gerais (49,38%), São Paulo (12,54%) e Paraná (6,75%).
Ao analisar o volume de fretes por estado, o relatório mostra que São Paulo mantém a liderança, com 21,50%, seguido por Minas Gerais (15,7%) e pelo Paraná (13,2%). Entretanto, outros estados que tinham participação menor no quadro geral tiveram saltos expressivos no volume de fretes.
“O crescimento de 6% na área plantada do Tocantins gerou um aumento de 170% nos fretes originados no estado. No Piauí, o aumento de 10,4% na produção dos grãos, fez o volume de fretes subir 145%. Já em Sergipe, o início das operações da nova fábrica de fertilizantes nitrogenados da Unigel gerou um salto nos fretes do estado de 132%”, afirma Bruno.
Ao analisar só o segundo trimestre, outros estados também ganham força. O Espírito Santo registrou aumento de 171% no volume de fretes, impulsionado por um aumento de 44% na produção de papel e celulose e de 39% na extração de minerais como o granito. Outro destaque é Santa Catarina, que aumentou a produção industrial em 26% e, como resultado, os fretes saltaram 160% em comparação com o mesmo período de 2020.
Nos seis primeiros meses de 2021, os portos que mais geraram fretes foram os de Paranaguá (PR),, Rio Grande (RS) e Santos (SP).
O primeiro representa, junto com o porto de Antonina, também no estado do Paraná, 31% da importação de adubos e fertilizantes do Brasil. Com o aumento da demanda pelo insumo, os fretes originados em Paranaguá dobraram em relação aos primeiros seis meses de 2020, chegando a 48 mil. Também houve aumento de 43% nos fretes de soja com destino ao porto.
No de Rio Grande, os produtos mais importados também foram adubos e fertilizantes, com um aumento de 300% no período. Ao mesmo tempo, os fretes de soja com destino ao porto caíram 30% em relação ao mesmo período de 2020, mesmo o estado sendo um dos maiores produtores do insumo no país.
Já no porto de Santos, os fretes de adubos e fertilizantes, segundo produto mais importado no local, aumentaram 111% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os fretes de soja com destino à baixada santista tiveram aumento de 76% no período, enquanto os de açúcar aumentaram 85%.
Para a FreteBras, o avanço na vacinação e a retomada de atividades, somadas ao bom momento que o agronegócio enfrenta, devem recuperar o volume de fretes até o fim do ano, seguindo em alta. A expectativa da empresa é alcançar a marca de 10 milhões de anúncios publicados e de R$ 80 milhões em fretes negociados até o fim de 2021. Hoje, a empresa tem 560 mil caminhoneiros cadastrados e mais de 13 mil empresas assinantes, que cobrem cerca de 95% do território brasileiro.