Sede da Coca-Cola: Coca-Cola é uma das maiores empresas que está descartando o antigo correio de voz (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2014 às 21h36.
Atlanta - Deixar um correio de voz na sede da Coca-Cola Co., em Atlanta? Esqueça. Em vez disso, mande uma mensagem de texto.
O correio de voz corporativo da maior fabricante de refrigerantes do mundo foi desativado “para simplificar a maneira de trabalhar e para aumentar a produtividade”, segundo um memorando interno do diretor de TI da empresa, Ed Steinike.
A mudança passou a vigorar neste mês e agora uma mensagem padronizada e repetida mantém a pessoa que liga afastada da empresa, dizendo para ela tentar chamar mais tarde ou usar “um método alternativo” para entrar em contato com a pessoa que tenta localizar.
A Coca-Cola é uma das maiores empresas que está descartando o antigo correio de voz, que exige que os usuários apertem botões para navegar pelas mensagens e escutar uma de cada vez. O correio de voz na linha fixa é cada vez mais redundante agora que os smartphones são onipresentes e que enviar mensagens de texto é tão comum quanto falar.
“A maioria das pessoas tem, mas acaba não usando”, disse Vishy Gopalakrishnan, que gerencia a unidade de comunicações unificadas da AT&T Inc. “Existem formas de contornar isso”.
O memorando do dia 6 de novembro anunciando a mudança na Coca-Cola criou um alvoroço entre alguns funcionários, que pensaram que a medida fazia parte de um programa para reduzir US$ 3 bilhões em despesas anuais até 2019. Esse plano, que foi anunciado em outubro em resposta a uma queda nas vendas internacionais, causou uma preocupação crescente dentro da empresa a respeito da possibilidade de demissões.
As economias provenientes da eliminação do correio de voz serão de menos de US$ 100.000 ao ano, disse Amanda Rosseter, porta-voz da Coca-Cola. A decisão teve mais a ver com a simplificação do trabalho do que com o corte de custos, disse ela.
Funcionários mais jovens
Os adeptos da tecnologia previram a morte do correio de voz há anos porque os smartphones abrangem a maior parte do trabalho de escritório antes realizado por telefones e computadores de mesa. Funcionários mais jovens, vindos da era das mensagens de textos, ignoram os correios de voz e estão trazendo esse hábito para o mercado de trabalho.
“Pessoas acima dos 40 são esquizofrênicas em relação ao correio de voz”, disse Michael Schrage, pesquisador do Centro de Negócios Digitais da Faculdade de Administração Sloan do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. “Pessoas com menos de 35 anos quase nunca as usam”.
A Coca-Cola, que por enquanto cortou o correio de voz apenas no complexo de escritórios de Atlanta e em um centro tecnológico próximo, permitiu que os funcionários mantivessem o serviço se informassem uma “necessidade comercial crítica”.
Cerca de 6 por cento dos funcionários optaram por manter o serviço, disse Rosseter. O uso do sistema baseado no escritório vinha caindo, segundo o memorando.
“Muitas pessoas em muitas corporações simplesmente não têm tempo ou vontade de passar 25 minutos garimpando uma série de 15 a 25 correios de voz no fim ou no começo do dia”, disse Schrage, que escreveu que era “hora de desligar o correio de voz”, em um artigo da Harvard Business Review de setembro de 2013.
Eliminando a sobreposição
As empresas estão cada vez mais combinando telefone, e-mail, texto e sistemas de vídeo em sistemas unificados baseados em internet que eliminam a sobreposição, disse Gopalakrishnan, da AT&T.
Os smartphones mostram uma lista de nomes junto aos correios de voz, tornando mais fácil a tarefa de escolher quais deles ignorar, e os telefonemas para o escritório podem facilmente ser transferidos para esses aparelhos. Alguns até mesmo transformam os correios de voz em mensagens de texto que podem, depois, ser enviadas por e-mail.
As empresas poderão acabar escolhendo eliminar as linhas fixas de uma vez à medida que a força de trabalho se tornar mais móvel, disse Craig Wigginton, que administra o sistema global de telecomunicações da consultoria Deloitte Touche.
Wigginton disse que passa a maior parte de sua vida profissional viajando e apenas de vez em quando pisa em seu escritório, na cidade de Nova York. Quando seu telefone de lá toca, a ligação segue para o seu computador, independentemente de onde ele estiver no mundo.
“Remotamente, as pessoas podem trabalhar melhor e de uma forma mais flexível que antigamente”, disse ele. “É igual ao corte de serviços a cabo em casa. Eu chamaria isso de um corte dos serviços a cabo também no ambiente corporativo”.