Repórter de Negócios
Publicado em 11 de abril de 2024 às 11h18.
Última atualização em 20 de junho de 2024 às 11h50.
O mercado de idiomas no Brasil vive um momento de transição. A pandemia de covid-19 exigiu das escolas tradicionais a oferta de cursos online ao mesmo tempo que, plataformas nativas digitais, que oferecem aulas de conversação, se multiplicavam.
Você provavelmente já foi impactado pela oferta de aulas de inglês com professores nativos e com preços mais acessíveis. Seria o fim dos cursos tradicionais, com aulas presenciais, material didático estruturado e anos de estudos para conseguir um diploma?
A escola de idiomas CNA tem trabalhado na digitalização de seu método de ensino não ficar para trás. Com cerca de 200.000 alunos e 722 escolas abertas, entre unidades próprias e franqueadas, a companhia investiu R$ 5 milhões para a criação de uma franquia digital.
“Já temos mais de 50 franquias digitais comercializadas a franqueados da rede. A expectativa é ter 100 unidades até o final do ano. O novo modelo deve representar 10% do faturamento da rede em 2025”, diz Eduardo Murin, diretor de expansão do CNA.
A disputa por novos alunos está mais acirrada entre escolas tradicionais e novas plataformas. Estudar um novo idioma no celular tem chamado a atenção dos brasileiros. O aplicativo de idiomas Duolingo, por exemplo, conta com 50 milhões de downloads no Brasil, o segundo principal mercado da companhia, atrás apenas dos Estados Unidos.
Para o diretor da CNA, apesar do crescimento nos últimos anos, as escolas tradicionais conseguem reter os alunos por mais tempo.
"No Brasil, os estilos de aprendizagem, funções cognitivas e filtros afetivos operam de modo distinto se comparados aos de estudantes de outras nacionalidades", diz Murin.
Segundo o executivo, as plataformas nativas digitais têm grande apelo ao público brasileiro quando o assunto é preço competitivo e praticidade, mas não conseguem fazer a manutenção de relacionamento, engajamento e resultado de aprendizado.
"As plataformas digitais perdem em poucos meses sua base de estudantes ativa", diz o executivo.
O Duolingo não divulga o número de usuários ativos no Brasil. No mundo foram 26,9 milhões no último trimestre, aumento de 65% em relação ao ano anterior.
A franquia digital é um modelo novo entre as franquias de educação, que faturaram R$ 14,2 bilhões em 2023. Concorrentes como Wizard, Fisk e CCAA não trabalham com o modelo.
A novidade será apresentada ao mercado em julho na feira de franquias da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Até lá, o modelo estará disponível aos franqueados da rede.
Os empreendedores interessados poderão adquirir o novo modelo com investimento inicial de R$ 5.000.
Segundo Murin, a rede está oferecendo aos franqueados um novo modelo que garante mais rentabilidade."Ao operar o modelo físico e digital, os franqueados vão otimizar resultados e aumentar as margens operacionais e líquidas", diz.
A estruturação do projeto ocorre há mais de um ano. “Todos os nossos recursos investidos nesta iniciativa foram direcionados para o aprimoramento de nossas plataformas digitais, sistema de gestão, novos instrumentos de contrato, equipes de suporte, educação, comunicação e marketing”, diz o executivo.
A franquia digital será destinada para municípios com menos de 50 mil habitantes, especialmente para aqueles com até 35 mil moradores.
Segundo o CNA, o intuito é levar uma estrutura digital que possibilitaria acesso à marca, seus cursos (digitais e presenciais), suas parcerias (empresariais e educacionais), dentre outros benefícios.
"Queremos ingressar em mercados interiorizados, em pequenas cidades brasileiras, de maneira veloz, inteligente, com baixo custo, levando a oportunidade de ensino de idiomas às populações que ainda não têm acesso à educação de qualidade", diz o executivo.
A CNA não abriu mão das aulas presenciais, nem mesmo com a franquia digital. O diretor explica que será possível ministrar aulas presenciais com a franquia digital com instituições parceiras.
"A franquia digital poderá ministrar aulas presenciais com professores contratados que usem de espaços adaptados para isso, como, por exemplo, dentro de colégios parceiros, associações, locais públicos, empresas, bem como em outras modalidades", diz.
Faz sentido abrir novas salas de aula no atual contexto do mercado? Para Murin, sim.
"No Brasil, o aluno, mesmo adulto, desenvolve uma relação pouco disciplinada e muito intuitiva e afetiva com o processo de ensino de aprendizagem, e cria vínculos não-lineares com o professor", explica.
"Crianças e adolescentes querem e precisam de espaços físicos e professores qualificados, por exemplo. Além disso, a franquia implica capacidade de relacionamento local, presença institucional e mercadológica, e viabiliza negócios", conclui.