Nova York - O CEO da Cisco Systems Inc., John Chambers, ao delinear os planos para o próximo ano, disse que permanece no mercado em busca de fabricantes de software de pequeno e médio porte e que não está sendo pressionado pelos investidores para desmembrar a companhia.
As ações da Cisco, com sede em San Jose, Califórnia, estão perto do patamar mais alto em sete anos e “ninguém em sã consciência pensaria em desmembrar a Cisco”, disse Chambers em entrevista à Bloomberg News na quinta-feira. Ele acrescentou que nunca conversou com um investidor ativista.
Com o tempo, a Cisco vai se tornar um comprador agressivo de empresas de software, disse o CEO, particularmente em áreas como serviços na nuvem e segurança. Contudo, Chambers disse que as cotações atuais de muitos dos alvos potenciais estão muito altas.
“Nossos acionistas estão confortáveis com a ideia de que sejamos mais agressivos” com as aquisições, considerando o recente recorde da Cisco em restringir os gastos, disse ele. No entanto, comprar a preços altos “não seria uma boa decisão para nós ou para os acionistas”.
Os comentários de Chambers foram feitos depois que um sólido relatório de lucros trimestrais foi apresentado neste mês pela fabricante de roteadores e comutadores.
Embora a Cisco tenha sofrido a pressão das novas tecnologias, como os equipamentos de rede controlados por software, a empresa registrou vendas e lucros trimestrais maiores do que o previsto.
Para acelerar o crescimento, Chambers, que pretende se aposentar até o fim do ano fiscal de 2016, está lançando máquinas capazes de lidar com o astronômico tráfego da internet, seus próprios softwares de ferramentas de rede e serviços de segurança, dependendo menos das vendas de roteadores e comutadores especializados.
Pressão na margem
A Cisco continua enfrentando obstáculos. Sua margem bruta sempre foi maior do que a das outras empresas de tecnologia do índice Standard Poor’s 500 Information Technology Sector, mas essa brecha encolheu ao máximo desde pelo menos 1990, quando a Bloomberg começou a compilar esses dados.
A maior liderança se deu em 2003, quando a margem da Cisco esteve 31 pontos porcentuais acima da média do índice de 65 empresas. No final de 2014, a margem bruta ficou apenas 10 pontos porcentuais acima.
A margem bruta é o porcentual de vendas remanescente depois de subtrair o custo de produção e é uma medida da rentabilidade.
Na entrevista, Chambers, que vem aumentando os dividendos e incrementando a recompra de ações, descartou a liquidação de unidades menos lucrativas, como os negócios de servidores e a divisão de set-top box, a fim de elevar os retornos aos investidores. Ele disse que os negócios de servidores são importantes estrategicamente para os clientes que querem contar com a Cisco para a infraestrutura do centro de processamento de dados.
“Eu sou apaixonado pelos set-top boxes? É claro que não”, disse. No entanto, ele não pensou em vender essa divisão porque grandes operadoras, como a AT&T Inc. e a Comcast Corp., ainda usam set-top boxes.
Ciclo de 10 anos
Chambers foi efusivo em relação ao futuro da Cisco e disse que as ações poderiam subir ainda mais. Elas caíram menos de 1 por cento na terça-feira e fecharam a US$ 29,31, mas tiveram um ganho de 5,4 por cento neste ano, em comparação com o aumento de 1,9 por cento no índice S&P 500.
“Poderíamos dizer que estamos no início de um ciclo de cinco a dez anos”, disse o CEO.
Aos que pensam que a Cisco terá dificuldades para encontrar novas fontes de crescimento e manter as margens, ele disse: “Eu tomaria cuidado com ser pessimista”.
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1. Desenvolvimento e experimentação
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1/9 (Marcos Cimardi/Cisco)
São Paulo - A
Cisco é uma das maiores empresas de
tecnologia da informação do mundo, com mais de 19.000 produtos e serviços patenteados. Ela cria desde telefones corporativos e roteadores até sistemas operacionais para cidades inteligentes. Só em 2014, sua receita foi de 47 bilhões de dólares. Presente em mais de 165 países, a companhia possui cerca de 71.500 funcionários. No Brasil, são três escritórios (em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro) e um centro de
inovação (também no Rio), que abrigam aproximadamente 600 colaboradores. O mercado brasileiro é importante para a Cisco. Em 2012, ela anunciou um investimento de 1 bilhão de reais para o país, cifra que incluía a construção do Centro de Inovação IoE, na capital fluminense, concluída no ano seguinte. No local, a gigante desenvolve parte de suas soluções para internet of everything (internet das coisas, em português), mercado de acessórios usados no dia a dia que podem ser conectados à web. Lá, os clientes também podem testar seus mais novos sistemas. Conheça mais, nas fotos, sobre o centro de inovação da Cisco.
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2. Soluções
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2/9 (Marcos Cimardi/Cisco)
O centro de inovação fica na região central do Rio de Janeiro. Ele foi inaugurado em agosto de 2013 e ocupa uma área de 1.300 metros quadrados. Ter uma estrutura dedicada à criação de soluções revolucionárias no país faz parte do plano da Cisco de expandir a sua cultura, mas os objetivos vão além. "Queremos tornar o Brasil um catalisador de inovação no mundo", diz Nina Lualdi, diretora de estratégia e planejamento da companhia no país.
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3. Imersão
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3/9 (Marcos Cimardi/Cisco)
Mais da metade do espaço físico do centro de inovação é dedicado ao "experience center", lugar onde as soluções desenvolvidas pela Cisco ficam disponíveis para serem testadas pelos clientes. Para proporcionar uma experimentação fiel de como funcionam os produtos e serviços, o lugar é decorado com imagens que recriam os ambientes onde eles são utilizados. No caso de um sistema de monitoramento de pacientes, por exemplo, a sala é desenhada de forma que o cliente sinta que está dentro de um hospital, como é possível ver na foto.
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4. À prova
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4/9 (Marcos Cimardi/Cisco)
Hoje, há no local estandes para testes de soluções em educação, esportes e entretenimento, saúde, smart grid (energia), segurança pública e óleo e gás. Nas próximas semanas, a empresa deve criar nichos para a categoria de cidades inteligentes, onde poderão ser experimentados sistemas como os de ônibus e estacionamentos conectados. O "experience center" recebe cerca de 60 visitas por mês, sendo que cada uma delas comporta 15 pessoas. Isso significa que até 900 visitantes passam pelo espaço mensalmente.
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5. Portfólio
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5/9 (Marcos Cimardi/Cisco)
Atualmente 15 soluções estão em desenvolvimento no centro de inovação, mas essa lista pode crescer até o fim do ano. Os projetos são muito complexos e geralmente não podem ser concluídos em menos de 12 meses, segundo a empresa.
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6. Startups
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Além de trabalhar em programas próprios, a empresa usa a estrutura do centro de inovação para identificar startups brasileiras que têm boas ideias e podem se tornar suas parceiras. Por enquanto, duas foram garimpadas.
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7. Data center
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7/9 (Marcos Cimardi/Cisco)
Para dar conta de projetos tão robustos, o centro de inovação da Cisco conta com um data center poderoso. A companhia não abre a capacidade de armazenamento do sistema, mas diz que é o maior que ela possui na América Latina. Junto dele fica o laboratório onde as soluções são criadas. Somente o time da Cisco pode entrar no local. Os funcionários de parceiros acessam a infraestrtura de forma remota, a partir de outras duas salas conectadas.
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8. Espaços
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8/9 (Marcos Cimardi/Cisco)
O centro de inovação também conta com duas salas de reuniões com telepresença (foto) e 7 "quiet rooms", espaços pequenos usados quando os funcionários precisam de privacidade.
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9. Agora, conheça a sede da Riachuelo
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9/9 (Luísa Melo/EXAME.com)